QUE SEMPRE ACEITAM
SER EXPLORADOS
LUIZ CORDIOLI
Enquanto isto, os contratos destes canalhas continuam andando. O Brasil não pode parar. Penso muito na Camargo Corrêa quando entro na Bandeirantes, estrada construída e paga com meu dinheiro, seu dinheiro, leitor paulista, nosso dinheiro cidadão. Empresa bandida, cobrando pedágio de pessoas comuns, que não têm como impedir. De minha cidade à capital, ida e volta, R$ 80,00 reais, por viagem! E toca o bonde que, em 2016, chegaremos a R$ 100,00…
À noite, então, dá pena ver o espetáculo dantesco: aquela fila imensa de faróis contra e aquela outra fila imensa de lanterninhas vermelhas, a favor… Não é
exatamente isto mesmo o que se conseguiu, na vida política deste país?
Os cidadãos restritos à faixa liberada para suas “vontades”, um pagamentinho de cada um, que ninguém é de ferro e por isto mesmo, ninguém reclama eficazmente e na escuridão circundante os fantasmas, comendo por fora, sem que se veja nada.
Este cidadão aqui exige a pista lateral obrigatória, construída pela concessionária, e não pedagiada, como se faz em outros países mais civilizados. Sei não, mas acho
que minha exigência não vai prosperar…
PESSOAS SUBMISSAS
As pessoas querem mais é só andar, mesmo que seja só onde lhe deixam, mesmo que seja perdendo um pouco e isto é bem claro quando ouço dizerem: “pelo menos, temos a estrada…”
A tristeza por esta resposta suicida, submissa, bem senzala, é que o malfeito, aceito ou contornado, vira justificativa para o próprio malfeito! Façamos errado, porque mesmo se formos pegos, os contratos continuarão andando e, portanto, malfeitando…
Este é o chamado à luta desigual que vemos.
Acabei de ouvir o mesmo raciocínio, quando expus o problema do Artigo 166 da Constituição (artigo fraudado, mas em pleno vigor), a uma eminência jurídica, que me antecipou os rumos da questão: lá no final, Luiz, ainda assim, com tudo provado, os decisores ainda podem adotar a “Teoria do Caos” e deixar tudo como está.
É só alegarem que, se mudar, vai ficar pior do que está e nada se fará. Em outras palavras: mesmo que esteja correto, não vamos fazer. Porque não fazer será melhor para o Brasil… Bem assim, bem claro, bem objetivo, bem direto.
POR CIMA DA RAPADURA
A ideia jurídica colocada me pareceu perfeita, mas só para quem está por cima da rapadura. Imagine um problema criado pelo 0,01% e a resposta dos 99,9% chegando aos Supremos e seus decisores democráticos. O Juiz decisor pega o caso e nesta linha, que eles dizem possível, toma sua decisão. Primeiro, descreve um futuro, agora, como qualquer de nós. Segundo, descreve um futuro ruim provocado
exatamente com a mudança pretendida. Terceiro, alega que será pior, amanhã, se a mudança for feita. Quarto, fundamentadamente, pois, ante a “Teoria do Caos” do bom direito, para o bem da população, recusa a mudança e deixa tudo como está, tudo que você mesmo já determinou, hoje… Fundamentar é fundamental!!!
Me recordo de uma piada de 50 anos atrás, quando a personagem estrangeira vivida pela lindíssima atriz Kate Lyra, ao final do quadro, sempre concluía o absurdo
colocado em foco, com esta frase antológica: “Brasilerrro é muuuuito bonzinho.”
AUDITORIA DA DÍVIDA
A outra, não é piada, é realidade escrita e documentada: no relatório final da CPI da Dívida, em 2010 (!), expostas as barbaridades encontradas, o relator, Pedro Novais, languidamente, colocou na sua conclusão, a seguinte frase:
“Pela importância que o cumprimento do serviço da dívida tem na restauração e manutenção da credibilidade do País, entendemos que esta rubrica deva ser preservada do processo de formulação de emendas, conforme consta atualmente do texto constitucional”.
E ficou tudo como estava. Nada se auditou. E bola pra frente…
Chorando, hoje? Por quê?
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