quarta-feira, 30 de março de 2011

PRECONCEITO EM DOBRO!

JAIRO BOLSONARO: CADA TERRA TEM O JEAN-MARIE LE PEN QUE MERECE

Deuses e sábios, loucos e mortais

Mais um preconceito que deve cair. Este é um trabalho bonito e importante...

RETALHOS 36

Indignado com a interpretação suspeita da Constituição, esta foi a mensagem que mandei ao ministro Luís Fux: “Muito mais de um milhão de brasileiros esperavam que seu voto reforçasse a indignação geral, mas você, senhor ministro, os decepcionou. Será que a Lei tem que ir na contramão da lógica moral da sociedade? Temos que nos curvar ao absurdo de decisões que foram criadas sem a participação popular e ferem qualquer princípio elementar da ética política?” Talvez pudesse ter sido escrito com mais preocupação estilística, mas foi o impulso do momento...

Para responder a alguns comentários mandados a este blog: Saramar, que afirma ser minha fã (tem gosto para tudo... rsrsrs!) sugere que eu passe meus artigos no facebook. Tudo bem! Mas não sei como fazer! Já a Atena deseja o endereço do blog O Reacionário. Infelizmente Cazzo Fontoura, o responsável, teve que suspender momentaneamente a publicação.

Experimente: Não custa! Na segunda-feira escolha não comer carne vermelha. Alías, eu me acostumei a ter um dia de vegetariano. Ótimo para a saúde e para o meio ambiente, já que os bovinos muito contribuem para poluir a atmosfera.

Perguntar não ofende... Abra o site da Unesco/Brasil que anuncia o lançamento dos oito volumes da coleção História Geral da África em Português. Em Salvador deverá acontecer em 4 de abril na Reitoria da UFBA. Claro que você vai querer saber mais. Mas se clicar no site da Programação em Salvador, aparecerá uma página vazia com o conciso título “404 Not Found”. Gostou? Mesmo assim, este blog já pode adiantar algumas informações. Composto por 13 pessoas, (Marilza Regattieri, Aline Falco, Izabel Moreira Jurema Machado, Maria Virgínia Casado, Cristina Teodoro Trinidad, Ana Thereza Proença, Vincent Defourny, Edson Fogaça, Valter Silvério, Elikia Mbokolo, Ali Moussa Iye, Jean-Michel Tali, Doulaye Konate, Hédio Silva Junior e Paolo Fontani) o grupo representante da Unesco estará hospedado, de 31 de março a 5 de abril, na Pousada Catarina Paraguaçu, Rio Vermelho. Hospedagem muito charmosa, sem sombra de dúvida. Mas por que não aproveitar a vinda deste tão importante grupo para ajudar nosso maltratado centro histórico? Será que o governo tem vergonha de mostrar a decadência do velho bairro ou teme algum assalto inoportuno? E mais: porque tanta gente? Não devemos esquecer que a Unesco é financiada pelos países membros e estes pelos respectivos contribuintes. Não se tratará de um “Orient Express da alegria”?

Impressionante. No site do IBGE os números são oficiais: Em Salvador cada dia registra uma média anual de 13 homicídios. Em 5 anos, este número aumentou em 60%, enquanto estaria em regressão no Rio de Janeiro. A nível mundial, o Brasil continua liderando o ranking em números absolutos. Se a referência for o número por 100 mil habitantes, fica em sexta posição. O campeão mundial da violência sendo El Salvador.

Sem querer levar mais sangue ao moinho da violência na TV, não resta dúvida que a transmissão ao vivo dos tiros a queima-roupa disparados pelos sete PMS paraenses contra um adolescente desarmado são de uma crueldade inconcebível. E pior: depois de balear o garoto com vários tiros ainda discutiram para escolher o hospital mais distante. Assim teria todo tempo para morrer. O problema é que a vítima não morreu. Estes bandidos merecem vinte anos de prisão sem atenuantes.

Não sei qual foi o impacto da campanha “Hora do planeta” no centro histórico de Salvador. A Casa-Museu Solar Santo Antônio participou e ficou sem luz durante uma hora, exceto um fluorescente no fundo do jardim por medida de segurança. Para quem observou a rua entre as 20:30 e 21:30 pode constatar que todas as casa ficaram fartamente iluminadas.

“Esquenta!” um dos melhores programas da televisão brasileira teve vida curta, mas não podia ser de outra maneira, sob risco de esgotar a espontaneidade e o efeito de surpresa.

Em contrapartida, o Domingo do Faustão esbanjou a costumeira vulgaridade, desta vez nas asas de um prêmio dos melhores do ano (da Globo, evidente!). O apresentador com um smoking de maitre de churrascaria. A bela Ivete Sangalo não podia deixar de mergulhar fundo na grosseria. Já é de praxe. Diálogo: “Ivete, você vai ter mais um menino? – Ainda não sei... Gosto muito de ter filhos, mais ainda de fazê-los...”. Custou a entender? Ela ganhou um troféu. Por mera coincidência, a Claudia Leittttte estava viajando. Acredite quem quiser.

Mas afinal, qual foi a razão do Lula recusar o almoço em Brasília com Barak Obama? Será que teve medo de ficar em posição desconfortável em relação ao Fernando Henrique Cardoso? Já sabemos que sentar ao lado do cassado Fernando Collor em nada iria constranger o ex-metalúrgico. Afinal o alagoano não teve a honra de ser convidado pelo Lula no avião presidencial? Já o FHC, reputado sociólogo, seria um interlocutor perigoso... Dificilmente saberemos a verdade...

Com todo o respeito: quando o Vaticano vai eleger um papa que não esteja beirando o mais absoluto gatismo? Não existe um Obama entre os arcebispos? Ao assistir Bento VI falar desta sua janela, a gente lamenta não haver aposentadoria para os papas. Por muito santo que seja, o tudesco transmite uma impressão constrangedora de velhice totalmente fora da dinâmica contemporânea. E seria bom também elegerem algum clone de Dom Helder Câmara. É deste tipo de sacerdote que a Igreja católica precisa!

Parece piada! Um carro em exposição no Aeroporto Internacional de Salvador foi multado duas vezes por um agente da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), na última segunda-feira (21). Conforme as notificações, o veículo estava sem placa e parado em local proibido. De acordo com a TV Itapoan, o agente de trânsito chegou a chamar o reboque para que o automóvel fosse retirado do local.
Fonte: www.bahianoticias.com.br/noticias/noticia/2011/03/23/89731,transalvador-multa-carro-em-exposicao.html

Uma das revistas mais tradicionais e respeitadas do mundo, a National Geographic, listou os 19 hotéis mais autênticos do Brasil, três deles localizados em território baiano - a Pousada Mangabeira, na Ilha de Boipeba, o Uxua, na localidade de Trancoso, e o Hotel Villa Bahia, em Salvador. Do Nordeste, região que teve cinco locais citados na reportagem, a Bahia foi o estado com mais hotéis classificados. A Pousada Mangabeira valoriza o meio ambiente, sem interferir no ecossistema local. O Hotel Villa Bahia, no Pelourinho, foi instalado em um prédio antigo, com apartamentos personalizados. O Uxua mantém detalhes rústicos, destacando aspectos da cultura indígena no mobiliário. Isto é: apesar da incompetência do governo e da prefeitura!

No domingo 27, uma longa procissão mobilizou cem mil católicos da igreja da Conceição da Praia até a igreja do Bonfim participando o novo arcebispo que, espero, não compactue tanto com o poder econômico como fez seu predecessor. No final da tarde, cem mil adeptos de outro tipo de religião ocuparam a Praça Cairu para adorar Ivete Sangalo, rainha da “Espontaneidade” que outros afirmam ser simples ordinarice. As duas multidões tiveram em comum a mediocridade das músicas. Se de um lado ficamos com saudade de Caymmi, João Bosco, Tom Jobim e Moraes Moreira, do outro lado melhor esquecer que Palestrina, Mozart e Haydn algum dia existiram. E do lado evangélico, as musiquetas também banham em mediocridade e pieguice.

terça-feira, 29 de março de 2011

RESPOSTA A HUGO PASSOS

Prezado Hugo.

Gosto de polêmicas. São ótimas para a sociedade, porque mantêm a consciência cívica em alerta. Sua apaixonada defesa do blog da Bethânia foi boa e generosa, onírica até, mas tenho umas ressalvas.
Trata-se de poesia recitada e filmada? Porque a nossa insubstituível cantora não fez um acordo com o Museu da Imagem e do Som? Trata-se de língua portuguesa? Porque não entrou em contato com esta maravilha que é o Museu da Língua Portuguesa? Ambos teriam encontrado formas financeiramente mais adequadas à realidade brasileira.
Quando você menciona a cifra modesta de $R 1.600 por poema, seria bom entrar em pormenores. Nenhum dos interpretes, alguns de grande talento, que abordaram Fernando Pessoa ganhou, nunca, tanto em tão pouco tempo.
E ela vai recitar o quê? As Lusíadas? Não, com certeza.
Poemas de Drummond, Cora Coralina, Cecília Meirelles, Bandeira, Cabral de Melo Neto podem ser declamados em três, dois minutos ou até muito menos. Assim que - e disso você sabe mais de que eu - a Bethânia poderia gravar com muitíssima calma, um mínimo de dez poemas por dia. Isto é, incluindo, mudança de roupa, luz, maquiagem e descanso. Decorar? Você sabe que não vale a pena. Basta ler o que está escrito em letras garrafais por traz da câmera. Ou seja, uns 30 salários diários, durante um mês e meio. Nada mal. Concordo com meu amigo que o projeto é lindo. Mas, sejamos honestos, de generoso nada tem. Pois é pago e muito bem pago.
Mas sejamos generosos, nos também. Todos cometem erros e deslizes. O ser humano é falho e é nesta mesma fraqueza que talvez resida sua beleza.
Não leve a mal minhas colocações...
Abraço
Dimitri

RESPOSTA DO HUGO PASSOS

Caro Dimitri. Um comercial de 30 segundos para o boteco da esquina demora um dia inteiro para ser gravado e consome no minimo dois mil reais em equipe e equipamento. A produtora do Andrucha deve cobrar pelo menos vinte mil por dia( sem contar diretor que é muito mais caro [o mundo broadcasting é caro...] ) e nesse projeto custará dois mil por dia (direçao do Andrucha incluída).

segunda-feira, 28 de março de 2011

Grandes Vlogs - Maria Bethânia

A CANÇÃO MAIS ANTIGA DO MUNDO: O HINO DE UGARIT

Pesquisando na internet sobre música síria para ilustrar meu novo texto "Síria VII", encontrei esta maravilha de arqueologia musical. Ouçam este momento velho de 3.400 anos! 

Felizes com a presidente

Não devemos, entretanto, subestimar os problemas que ela enfrenta nem nos enganar com os elogios
Estamos todos felizes com a nossa presidente. Ela formou um bom ministério, estabeleceu uma maioria sólida no Congresso, e está agindo com equilíbrio e firmeza diante dos problemas econômicos e de política interna e internacional.
Não devemos, entretanto, subestimar os problemas que ela enfrenta, ou que o Brasil enfrenta. Não devemos, principalmente, nos deixar enganar com os elogios dos governantes, investidores e economistas dos outros países sobre o Brasil.
O presidente Lula saiu vitorioso de seus oito anos de governo porque se revelou um governante competente, mas é preciso não esquecer que sua política de distribuição da renda e de aumento do poder de compra dos pobres foi possível sem causar inflação porque a taxa de câmbio, que estava em R$ 3,95 por dólar quando assumiu, baixou sistematicamente durante seu governo.
E esta apreciação do real não causou problemas no lado externo da economia -pelo contrário, o país zerou sua dívida externa líquida- porque os preços das commodities exportadas pelo país explodiram, permitindo que as exportações quase triplicassem sem aumento significativo de quantum exportado.
A apreciação do câmbio e o aumento dos preços das commodities abriram um grande espaço de política econômica para o governo anterior. Não há, entretanto, nenhuma indicação de que o atual governo contará com espaço semelhante.
A inflação acelerou-se em 2010, e o governo não pode mais contar com a apreciação adicional da taxa de câmbio para fazê-la baixar. Sabe que precisa depreciá-la e por isso tratou de combater o aumento da inflação com ajuste fiscal, redução do crédito e aumento dos juros.
Mas nada fez ainda em relação à sobreapreciação da taxa de câmbio, cujo nível é incompatível com o desenvolvimento econômico do país. É incompatível porque não se pode mais contar com aumento adicional dos preços das commodities.
Eles aumentaram devido à demanda adicional da China, mas não me surpreenderei se começarem a baixar devido ao aumento dos investimentos realizados para atender a demanda. É incompatível porque o dano que a atual taxa de câmbio está causando à economia brasileira é muito grande. O país está se desindustrializando e caminhando para trás no plano tecnológico.
Meu amigo e notável economista Gabriel Palma costuma dizer que, para a teoria econômica convencional, não faz diferença produzir "potato chips" ou "computer chips". Se isto fosse verdade, não haveria por que nos preocuparmos.
Mas qualquer prefeito do interior sabe que precisa atrair indústrias que elevem o valor adicionado per capita de sua cidade. E que não há nada mais importante para o desenvolvimento que o progresso técnico.
Vejam, então, o que está acontecendo. Conforme o competente pesquisador do Ipea, Marcelo Nonnemberg, verificou, enquanto o grau de intensidade tecnológica das exportações da China e demais países asiáticos dinâmicos está crescendo, o índice do Brasil está em queda.
De 2000 para 2008, enquanto o índice da China aumentou de 11,4 para 14,8, o do Brasil caiu de 9,1 para 7,1. Estamos nos transformando em produtores de "potato chips", enquanto os asiáticos desenvolvem uma indústria cada vez mais sofisticada. Algo de corajoso terá que ser feito nesta área para que continuemos felizes com nossa presidente.

Luiz Carlos Bresser-Pereira
Folha de S.Paulo, 27.03.11

Published in French (La Découverte),
Portuguese (Campus)
and English (Cambridge University Press)
www.bresserpereira.org.br

domingo, 27 de março de 2011

O ego e a ganância de Maria Bethânia no país dos amigos

Não se falou em outra coisa na semana passada: a aprovação por parte
do Ministério da Cultura de um pedido de captação de recursos feito
por Maria Bethânia para fazer 365 vídeos declamando poesias em um site
a ser criado especificamente para isto. Nada disto seria motivo de
alarde se não fosse a exorbitante cifra liberada: inacreditáveis R$
1,3 milhão!!!

Primeiro, é preciso que você entenda que esta dinheirama toda não será
doada pelo governo, e sim que a cantora recebeu autorização para ir
atrás de empresas interessadas em financiar este projeto e deduzir a
grana aplicada de seu próprio Imposto de Renda.

Sim, eu sei o que você está pensando… Eu pensei a mesma coisa,
principalmente por saber que é possível hoje em dia, usando
profissionais competentes e equipamentos relativamente baratos, fazer
um videoclipe bacana R$ 6 mil e até mesmo gravar um disco inteiro com
R$ 15 mil, mas sei que, embora com falhas e distorções gritantes, a
Lei Rouanet ainda é nos dias de hoje a principal ferramenta para
incentivar a cultura nacional, que possibilitou a viabilização de
projetos bacanas que talvez jamais saíssem do papel. Mas a maior falha
nesta história toda da Bethânia é a falta de bom senso.

É claro que não vou questionar aqui a relevância de um projeto deste
tipo junto ao público, pois seria leviano de minha parte tentar
adivinhar a receptividade que ele teria. Tenho certeza de que Bethânia
é muito exigente e não iria fazer um troço qualquer “nas coxas”, o que
explica a inclusão de um diretor de cinema talentoso na parada, que é
o Andrucha Waddington, mas a questão é outra. O projeto de Bethânia em
si é um absurdo por si só. Criar um blog só para abrigar 365 vídeos é
um acinte total. Pergunte a quem tem um blog caprichado e veja se ele
gastou 1% do valor aprovado.

Você que me acompanha nos vídeos do “Na Galeria do Regis” e “Na Mira
do Regis” aqui no Yahoo! tem que saber que dá trabalho colocar estes
materiais audiovisuais no ar para que você possa assisti-los
confortavelmente no computador. Por isto e por experiência própria,
sei que estes absurdos 365 vídeos serão gravados em uma etapa só, algo
que deve demorar no máximo um mês de trabalho, já que não haverá
nenhuma superprodução envolvida.

Pode apostar que cada vídeo não terá mais que dois minutos de duração,
gravado em estúdio, com iluminação correta e tendo unicamente Bethânia
como personagem. Incluindo nisto tudo o tempo de edição e a
remuneração das poucas pessoas envolvidas – caso contrário, aí sim
seria uma picaretagem explícita -, saber que tudo isto custaria R$ 1,
3 milhão é algo tão fantasioso que nem em um desenho do Shrek tal
coisa aconteceria.

Vamos falar a verdade: tal projeto, feito por uma equipe profissional
– em todos os sentidos – não gastaria sequer ¼ deste valor.

É preciso esclarecer que do montante pedido pela Bethânia, 10% – ou
seja, R$ 130 mil – vai ficar com a empresa responsável pela captação
destes recursos. A coisa já começa a feder aí, pois este montante de
nada tem de incentivo cultural, já que vai direto para o caixa da empresa – se é que não existem “laranjas” nesta história…

Para piorar ainda mais a história, ao ler o texto do projeto a gente
descobre que desta dinheirama toda, R$ 600 mil é o cachê a ser pago
para a “diretora artística”, responsável pelas atividades de “direção
artística, pesquisa e seleção de textos e atuação em vídeos”. Adivinhe
quem é esta pessoa? A própria Maria Bethânia!!! Quer absurdo maior que
este?

Dando uma pesquisada, vi que a grana que a Bethânia pediu
originalmente era bem maior do que aquela aprovada pelo MinC . Ela
simplesmente havia pedido R$ 1,8 milhão!!! E não é a primeira vez que
Bethânia se mete neste tipo de confusão. Fiquei sabendo na semana
passada que, três anos atrás, ela fez um pedido de captação dos mesmos
R$ 1,8 milhão para fazer uma turnê. Mesmo rejeitado pela área técnica
do Ministério, o então titular da pasta, o Sr. Juca Ferreira,
simplesmente ignorou o parecer e autorizou a captação de R$ 1,5
milhão. Na época, estranhamente, ninguém falou nada na imprensa…

Ruy Trindade



Outra coisa interessante: você sabia que a empresa do diretor Andrucha
Waddington é a Conspiração Filmes, em que um dos sócios, Lula Buarque,
é justamente o sobrinho da atual ministra da Cultura, Ana de Hollanda.
Coincidência, né? Sei…

Reconheço que ela foi uma das primeiras cantoras a trazer a leitura de
textos e poesias para dentro dos shows, e isto em plenos anos 60.
Também sei que quase todas as grandes empresas se beneficiam de
renúncia fiscal e que são auxiliadas pelo governo em seus “momentos
difíceis”. Da mesma forma, sei das dificuldades de quem tem uma
empresa, por menor que seja, para sobreviver em um País em que o
governo “joga contra” o tempo todo com a cobrança de inúmeros impostos
inúteis, que servem apenas para financiar campanhas políticas.

Desconhecer que a tal “renúncia fiscal” é sim dinheiro público já é um
absurdo para quem acompanha a vida cultural deste País. Afinal de
contas, parte da grana dos impostos das empresas não vai para o Estado
e sim para projetos culturais, o que faz com que isto acabe virando
“verba publicitária”, pois a marca da empresa estará muito visível no
projeto.

Tenho lido argumentos em defesa de Bethânia que parecem ter sido
elaborados pelo pessoal do fã-clube da cantora, tamanho é o grau de
vassalagem baba-ovo. Até quando teremos este espírito de
corporativismo e coleguismo “chapa branca” na música brasileira é
ainda um dos mistérios que eu adoraria desvendar. Por outro lado,
tenho lido bobagens de gente esclarecida, dizendo que estas verbas
tinham que ser destinadas a artistas desconhecidos e independentes,
tentando “trazer a brasa para a sua própria sardinha”. Tudo bobagem.
Muito melhor seria se toda esta grana de “renúncia fiscal” fosse
utilizada para melhorar o saneamento básico, a saúde e o atendimento
médico das pessoas no Brasil.

Agora, pode apostar que existem centenas de projetos relevantes de
gente não tão conhecida mofando no fundo das gavetas do Minc,
iniciativas que visam levar música, poesia e artes em geral para
comunidades carentes, este tipo de coisa.

E não é só a Bethânia que pode ser incluída neste rol de críticas. O
sr. Arnaldo Jabor, que se arvora de ser uma espécie de “defensor da moralidade ética deste País”, deixou o seu papel momentaneamente de
lado quando pediu – e conseguiu – R$ 12 milhões para fazer aquela
bomba pretensiosa de filme que ele batizou como “A Suprema
Felicidade”. Fernando Deluqui, guitarrista do redivivo RPM, pediu mais
de R$ 207 mil para fazer um disco e um DVD, Erasmo Carlos e Nando Reis
requisitaram mais de R$1 milhão cada um para fazer suas respectivas
turnês, Maria Rita pediu mais de R$ 2 milhões para fazer o mesmo,
Gilberto Gil captou 800 mil para fazer sua turnê logo depois de deixou
de ser ministro da própria pasta da Cultura, Gal Costa conseguiu a
aprovação para captar R$ 2,2 milhões para seu projeto Tom de Gal, com
interpretações para canções de Tom Jobim em oito shows que depois
serão editados para o lançamento de um DVD… Até picaretagens musicais
como o Tchakabum requisitou, acredite, mais R$ 1,5 milhão para um tal
“Projeto Tchakabum é Pura Energia”!!! Pô, onde é que isto vai parar?

E a coisa já começou a reverter para os lados da Bethânia. Fiquei
sabendo que uma apresentação que ela faria em Vitória (ES) em outubro,
dentro de um festival de teatro, foi cancelada porque o banco
Banestes, que estava bancando o evento – ou seja, quem iria pagar o
vultoso cachê da cantora – alegou que havia feito uma “readequação do
planejamento dos investimentos culturais”, isto logo depois que este
escândalo estourou. O engraçado é que só o espetáculo dela foi
cancelado; as apresentações dos outros artistas – Marisa Orth, Marco
Nanini e Betty Faria, entre outros – foram mantidas. Coincidência, né?
Sei… O curioso é que o espetáculo que ela apresentaria, “Bethânia e as
Palavras”, é justamente aquele que originou o projeto do blog “O Mundo
Precisa de Poesia”, que acaba de ser aprovado pelo MinC.

Defender a atitude de Bethânia com o argumento de que ela é famosa e o
escambau é de uma infantilidade atroz, como se isto fosse suficiente
para justificar qualquer barbaridade que ela venha a propor ou
cometer. O que Bethânia fez é ilegal? Pela atual lei brasileira, não,
mas que isto esbarra firmemente em questionamentos a respeito de bom
senso e ética, não tenho a menor dúvida.

Certa vez, Bethânia chegou a afirmar que os custos de seus espetáculos
“são de ópera!”. Na verdade, tenho a impressão que tal projeto é muito
mais exemplo de uma egolatria astronômica do que qualquer outra coisa.


--
Beau Geste

sábado, 26 de março de 2011

Cultura prostituída

Adivinho a reação de alguns leitores: “De novo! Este cara só sabe reclamar...” Pois é. Há várias décadas ganhei meu doutorado honoris causa de Chatus Impenitentus. Agüentem, como diria o Zagalo! Dunque, mais uma vez ...
Acabo, após 35 anos na Bahia, de descobrir que aqui não é Pasárgada. Demorei, né? Pois é. Não posso mais ficar indiferente à abismal mediocridade das músicas de carnaval, à incoerência de um coitado que berra “Vamos reciclar a vida!”, ao surreal auê só porque um animador vai raspar a barba, feia por sinal, e, pelo heróico fato, receber uma gana preta, com direito a duas páginas neste mesmo jornal. Quanto cobrará para tirar o lencinho da careca? E já que estou falando de barbearia, lembram quando La Galisteu raspou o mealheiro para a Play-Boy? Divulgou a marca da lâmina? Não? Pena... Podia ter ganhado mais uns verdinhos! Não me conformo com as bandinhas e bloquinhos que mal disfarçam o tédio ao percorrer o itinerário imposto pelo Pelourinho dito Cultural para iludir os turistas. Repararam no pierrô e na colombina bocejando, arrastando chinelo e olhando o relógio, impacientes de ver o fim do expediente, como qualquer funcionário público? A Bahia pode se orgulhar de ser o único estado a pagar foliões! Como paga grande parte das baianas para ir da Conceição da Praia até o Bonfim. Com as estranhas baianas-dançarinas do Senac, não sei se são pagas, mas também não completam o trajeto, sumindo no Comércio logo após o Trapiche Barnabé. Enquanto isso, cada vez mais as festas vão ficando da cor da marca de cerveja que levou a exclusividade. Que esta atitude predatória seja mais uma agressão a expressões culturais em via de extinção isto parece preocupar pouca gente.
Pois ao gringo que assina a presente coluna, esta verdadeira e lastimável prostituição cultural preocupa, sim. Vocês, soteropolitanos da gema, tão vaidosos por terem nascido a sombra do elevador Lacerda, estão renegando vossa identidade e vossa cultura com a complacente conivência de todas as autoridades. Que pena eu não ser amigo do Rei!

sexta-feira, 25 de março de 2011

ESTA NEGOCIATA DA FICHA LIMPA É UMA VERGONHA PARA O POVO BRASILEIRO!

Indignado com a manipulação da Constituição, esta foi a mensagem que mandei ao ministro Luis Fux: “Muito mais de um milhão de brasileiros esperavam que seu voto reforçasse a indignação geral, mas você, senhor ministro, os decepcionou. Será que a Lei tem que ir a contramão da lógica moral da sociedade? Temos que nos curvar ao absurdo de decisões que foram criadas sem a participação popular e ferem qualquer princípio elementar de ética política?”

Triste realidade

Sem saber em que categoria colocar este texto, ja que pode ser catalogado como documento, poesia, música etc resolvi abriga-lo no Garimpo musical...

Uma análise da evolução da relação homem - mulher, através das músicas que marcaram época. Vejam como os quarentões e cinquentões de hoje tratavam seus amores de ontem.

-------------------------------------------------
Década de 30:
Ele, de terno cinza e chapéu panamá, em frente à vila onde ela mora, canta:
"Tu és, divina e graciosa, estátua majestosa! Do amor por Deus esculturada.
És formada com o ardor da alma da mais linda flor,
de mais ativo olor, na vida é a preferida pelo beija-flor...."

---------------------------------------------------------
Década de 40:
Ele ajeita seu relógio Pateck Philip na algibeira,escreve para Rádio Nacional e,
manda oferecer a ela uma linda música:
"A deusa da minha rua, tem os olhos onde a lua,costuma se embriagar. Nos seus olhos eu suponho,
que o sol num dourado sonho, vai claridade buscar"

-----------------------------------------------------------------------
Década de 50:
Ele pede ao cantor da boate que ofereça a ela a interpretação de uma bela bossa:
" Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça.
É ela a menina que vem e que passa, no doce balanço a caminho do mar.
Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema. O teu balançado é mais que um poema.
É a coisa mais linda que eu já vi passar."

---------------------------------------------------------
Década de 60:
Ele aparece na casa dela com um compacto simples embaixo do braço,
ajeita a calça Lee e coloca na vitrola uma música papo firme:
"Nem mesmo o céu, nem as estrelas, nem mesmo o mar e o infinito não é maior que o meu amor, nem
mais bonito. Me desespero a procurar alguma forma de lhe falar, como é grande o meu amor por você...."

---------------------------------------------------------
Década de 70:
Ele chega em seu fusca, com roda tala larga, sacode o cabelão,
abre porta pra mina entrar e bota uma melô jóia no toca-fitas:
"Foi assim, como ver o mar, a primeira vez que os meus olhos se viram no teu olhar....
Quando eu mergulhei no azul do mar, sabia que era amor e vinha pra ficar...."

---------------------------------------------------------
Década de 80:
Ele telefona pra ela e deixa rolar um:
"Fonte de mel, nos olhos de gueixa, Kabuki, máscara. Choque entre o azul e o cacho de acácias,
luz das acácias, você é mãe do sol. Linda...."

--------------------------------------------------------
Década de 90:
Ele liga pra ela e deixa gravada uma música na secretária eletrônica:
"Bem que se quis, depois de tudo ainda ser feliz. Mas já não há caminhos pra voltar.
E o que é que a vida fez da nossa vida? O que é que a gente não faz por amor?"

---------------------------------------------------------
Em 2001:
Ele captura na internet um batidão legal e manda pra ela, por e-mail:
"Tchutchuca! Vem aqui com o teu Tigrão. Vou te jogar na cama e te dar muita pressão!
Eu vou passar cerol na mão, vou sim, vou sim! Eu vou te cortar na mão!
Vou sim, vou sim! Vou aparar pela rabiola! Vou sim, vou sim"!

--------------------------------------------------------
Em 2002:
Ele manda um e-mail oferecendo uma música:
"Só as cachorras! Hu Hu Hu Hu Hu!
As preparadas! Hu Hu Hu Hu!
As poposudas! Hu Hu Hu Hu Hu!"

---------------------------------------------------------
Em 2003:
Ele oferece uma música no baile:
"Pocotó pocotó pocotó...minha éguinha pocotó!

---------------------------------------------------------
Em 2004:
Ele a chama p/ dançar no meio da pista:
"Ah! Que isso? Elas estão descontroladas! Ah! Que isso? Elas Estão descontroladas!
Ela sobe, ela desce, ela da uma rodada, elas estão descontroladas!"

--------------------------------------------------------
Em 2005:
Ele resolve mandar um convite para ela, através da rádio:
"Hoje é festa lá no meu apê, pode aparecer, vai rolar bunda lele!"

---------------------------------------------------------
Em 2006:
Ele a convida para curtir um baile ao som da música mais pedida e tocada no país:
"Tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha!!!
Calma, calma foguetinha!!! Piriri Piriri Piriri, alguém ligou p/ mim!"

----------------------------------------------------------
Em 2010:
Ele encosta com seu carro com o porta-malas cheio de som e no máximo volume:
" Chapeuzinho pra onde você vai, diz aí menina que eu vou atrás.
Pra que você quer saber?
Eu sou o lobo mau, au, au
Eu sou o lobo mau, au, au
E o que você vai fazer?
Vou te comer, vou te comer, vou te comer,
Vou te comer, vou te comer, vou te comer,
Vou te comer, vou te comer, vou te comer"

ONDE FOI QUE NÓS ERRAMOS? SERÁ QUE AINDA É POSSÍVEL PIORAR?
Faça o pacto contra a baixaria e o mau gosto, divulgue coisas de qualidade, faça filtro de coisas ruins, dê opiniões construtivas e edificantes, pratique a gentileza, radicalize na defesa da cidadani

quarta-feira, 23 de março de 2011

Carcará: pega, mata e come

“O mundo precisa de poesia”. É com esse nome singelo, piegas, demagogo, que Maria Bethânia pretende salvar o mundo, entre Candido, Pollyanna e Ana Buarque de Hollanda, atual Ministra da Cultura do PT de Lula – porque jamais o foi de Dilma Roussef, ocupadíssima em aprender a falar com um pouco menos de erros de concordância e regência. Essa poesia da qual o mundo precisa, e que custa 1,3 milhão para a produção de um blog com vídeos postados diariamente, durante um ano – portanto, 365 vídeos –, parece prescindir da consciência de que o mundo, em verdade, precisa mais urgentemente de distribuição de renda para resolver questões elementares como a fome no país, a educação primária e a saúde pública. Como é que um desnutrido terá capacidade de assimilar uma metáfora, ou uma criança viciada em crack assumirá o status de leitora internauta, se nem mesmo tem olhos e ouvidos para outra coisa senão delírios e chamados da droga, numa vida de sarjeta e luzes apagadas, sem nem mesmo tomada para instalar um computador? Por outro lado, quantos livros de poesia poderiam ser distribuídos entre estudantes e afins, com esse dinheiro? E a capacitação de professores que possam tirar do ar, imediatamente, o aprovado imbecilizante e excessivamente petista de Jorge Portugal? (a propósito, o PT surgiu como uma promessa contra todo e qualquer tipo de superfaturamento, e o que vejo, a todo instante, é dinheiro saindo pela cueca – e calcinha).
Em que consiste, exatamente, o projeto de Maria Bethânia, cuja captação de R$ 1,3 milhão para um blog de poesia, causou tamanho estardalhaço nacional? Simples e pobre, apesar de milionário, em mais um superfaturamento de beldades, sobre o MinC (Ministério de Cultura), que sempre abriu as pernas dessas parideiras consagradas.
Serão 365 vídeos de 60 segundos, um por dia do ano, com coordenação do sociólogo tropicalista Hermano Vianna, apenas um pouco mais magro e discreto que o apresentador de tevê Marcelo Taas. A direção deve ser assinada pelo jovem oportunista Andrucha Waddington, um rapaz mais articulado e bonitinho do que talentoso, realizador da mediana e festiva película Eu, tu, eles.
Pois bem, é na base do eu, tu, eles, que Bethânia resolveu fazer uma ação entre amigos, superestimando seu trabalho como recitadora de poemas – bastou receber homenagem dos portugais, pelos serviços prestados à divulgação de Pessoa, para achar-se merecedora de tão vultosa soma em dinheiro, para falar 60 segundos por dia, num exercício hercúleo (ou herculano, para não sair da história, por meio de um de seus maiores historiadores, o poeta e romancista Alexandre Herculano) –, se utilizando de um veículo cuja marca registrada é o valor baixo de suas ações; veículo esse utilizado por milhões de divulgadores de poesia em todo o mundo, que nada ganham por isso, entre professores, poetas e os assim chamados agitadores culturais.
Não há verdade alguma em afirmações sobre a paixão pela Bahia, pelo país em que nasceu, pela poesia, pelo povo que sustenta esses artistas e seus discursos. Um show de Bethânia costuma custar algo em torno de 150 reais. Se pensarmos que se trata de música popular, e que uma das canções mais famosas da cantora de Santo Amaro se chama Carcará, que a lançou nacionalmente, ao substituir Nara Leão, em 1965, no programa de auditório Opinião...
Por que o Ministério da Cultura não usa um terço do dinheiro pedido por Bethânia para seu projeto “inovador” e investe no salário dos professores de Literatura, que são muito mais que recitadores de poemas – esses existem até em praça pública, e vivem uma vida miserável, de cachaça das mais baratas, prato-feito quando almoçam e certo tipo de cigarro para se livrar, por um tempo, da realidade sufocante –, e que trabalham horas e horas por dia, em constante formação de leitores conscientes não só em poesia, mas do mundo ao seu redor e de sua condição no mundo? Ora, porque esses professores são anônimos. Trata-se de uma espécie de carteirada, mesmo, em que a opípara celebridade pergunta coisas do tipo: “Você sabe com quem está falando?”.
O poeta e escritor baiano Cazzinho vem fazendo, há anos, excelente divulgação de poesia em blog, com vídeos, entrevistas etc., tudo às custas do anarquismo tão saudável e desafiador que a rede estimula, sobrecarregando o proponente de toda a responsabilidade de seu desejo de expressar opinião e filiações. A opiniática Bethânia, no entanto, muito pobre, provavelmente, e sem qualquer condição de reunir amigos em prol de um mundo que precisa de poesia, resolveu entrar pela janela, numa desrespeitosa atitude diante dos artistas da arte poética desse país tão corrupto, tão cheio de injustiças, sempre associadas tão somente a políticos. Mas quem não é político? Sobretudo aqueles dotados de farto poder e populismo?
A polêmica começou quando a colunista da Folha de São Paulo, Monica Bergamo, noticiou a tal aprovação da captação do valor astronômico para o blog do carcará. Procurado pela Folha, o cineasta Andrucha Waddington deixou claro que já havia perdido a paciência. “Parece que eu tô roubando alguém”. Mas “tá”, Andrucha, e não alguém, mas uma multidão de brasileiros. É possível ser menos cínico e pretensamente ingênuo? “É tão patética a discussão que eu não quero mais falar”, rematou o gênio. Não quer mais falar por falta de argumento, naturalmente, ao confundir “discussão patética” com “povo pateta”. Afinal, ainda que se trate de captação de recurso, junto a empresas patrocinadoras supostamente interessadas, alguém com tal soma em dinheiro na mão é um criminoso, num país com alto índice de analfabetismo, que não terá acesso irrestrito ao tal blog de poesia. Não conheço projeto algum voltado para a educação, em toda a história do Brasil, que houvesse custado 1,3 milhão, sem desvios esconsos de verba.
Para completar um dos capítulos mais vergonhosos da história da MPB (Maria Pecuniária Bethânia), o MinC ainda se enrolou todo para explicar o inexplicável, aquilo que talvez somente os ufólogos consigam resolver, numa ilação supra-racional. Segundo nota redigida pela assessoria de comunicação do MinC, o projeto de Bethânia, aprovado para captação pela Lei do Audiovisual, havia sido aprovado pela CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura). Acontece que a CNIC só analisa projetos que se utilizam da Lei Rouanet.
É muito fácil compor e cantar a canção Haiti. Difícil é descer do palco.

HENRIQUE PASSOS WAGNER

terça-feira, 22 de março de 2011

Hanna Schygulla

Ela é uma das minhas atrizes preferidas. Apreciem este lindo momento de amor...

RETALHOS 35

Devo um pedido de desculpa a um blogueiro que me telefonou neste último domingo. Ele tinha recebido o texto “Carnaval do apartheid” pela internet com meu nome no fim. Completamente amnésico (a velhice!), neguei ter mandado. Abrindo meu computador, constatei que sim, eu tinha mandado. Peço desculpa e agradeço que o blogueiro se comunique de novo comigo.

A hipocrisia é o ingrediente mais corriqueiro em política. França, Itália, EUA e outros países passaram quatro décadas sabendo perfeitamente dos abusos do ditador Khadafi, mas nunca deram bola para a dramática miséria do povo líbio. Por quê? Pela simples existência da fartura de petróleo, essencial ao mundo ocidental. A indignação começou quando os movimentos sociais se fizeram mais óbvios, parecendo haver mudança de poder. Agora, de repente, ficam escandalizados, mandam aviões e bombardeiam alegremente, matando partidários do Khadafi e também inocentes. Mas se o ditador conseguir se manter no poder? Podem ter a certeza de que as potências ocidentais tornarão a fazer vênia.

A família Roriz é a família Sarney que deu errado.

Não foi manchete nos jornais, mas deveria: O ex-governador Anthony Garotinho propõe uma CPI da Copa. Será que o evangélico virou anjinho? Mais provável é que haja outra motivação menos ética. Em todo caso, que esta Copa do Mundo possa vir a dar um tsunami de CPIs não resta dúvida. Com tanta grana envolvida, alguém acha que o esporte ainda é o mundo da bondade e lisura?

De Gaulle costumava dizer que a Unesco era um “escritório sem referência”. Pelos vistos o Ipac já tem uma sucursal desta instituição no Pelourinho.

A família Obama passou rápido pelo Brasil, mas soube seduzir a opinião popular. Chamou a atenção a elegância simples e sofisticada do casal; notáveis o corte dos ternos do Barak e os belos longos da Michelle. Fora isso, nada nos discursos oficiais desmentiu aquilo que eu previa quando da eleição do primeiro negro dos EUA: antes de afro-descendente, ele é americano. Além do mais, com um Congresso todo-poderoso, ele não tem a liberdade de grandes iniciativas.

Boatos, sempre eles, listam possíveis candidatos a diretor do Museu de Arte Moderna de Salvador. Assustador. Vamos fazer uma corrente e rezar para que a competente Stella Carrozo seja nomeada? Sua trajetória comprova a capacidade desta notável italiana. Ninguém torça o nariz para a terra de Lina Bô Bardi, per favore!

No filme de Bernard Attal “A coleção invisível” como o Othon Bastos não podia abrir mais um compromisso na sua agenda, quem foi convidado foi Walmor Chagas, no papel principal. Uma das próximas seqüências será num antiquário rua Ruy Barbosa.

Jornalistas de A TARDE divulgam Carta Aberta contra demissão de colega
8/2/2011
CARTA ABERTA DA REDAÇÃO
Hoje é um dia triste para não só para nossa história pessoal, mas também para A TARDE e, principalmente, para o jornalismo da Bahia. Um dia em que A TARDE, um jornal quase centenário e que já foi o maior do Norte e Nordeste e que tinha o singelo slogan “Saiu n´A TARDE é verdade” se curvou. Cedeu a pressões econômicas difusas e demitiu um profissional exemplar.
Aguirre Peixoto teve a cabeça entregue em uma bandeja de prata a empresas do mercado imobiliário em uma tentativa de atração/reaproximação com anunciantes deste setor. Tentativa esta que pode dar certo ou não. Uma medida justificada por um suposto “erro grosseiro” não reconhecido pela Diretoria de Jornalismo, pelo Editor-Executivo, pelo Editor-Chefe, por secretários de Redação, Editor Coordenador ou editores de Política.
Uma medida, enfim, que só pode ser entendida como uma demonstração de força excessiva, intimidatória à autoridade da Direção de Jornalismo, à Coordenação de Brasil e à Editoria de Política. Uma demonstração de força desproporcional, porque forte não é aquele que age com força contra algo ou alguém mais fraco. Forte seria enfrentar, como o jornalismo de A TARDE estava enfrentando, empresários que iludidos pela promessa do lucro fácil e rápido põem em risco recursos financeiros de consumidores, o meio ambiente da cidade e que aviltam, desta forma, toda a cidadania soteropolitana.
Aguirre era o elo mais fraco da corrente. Acima dele havia editores, coordenador, secretários de redação, editor-executivo, editor-chefe, diretor de Jornalismo. Todos, em alguma medida, aprovaram a pauta, orientaram o trabalho de reportagem e autorizaram a publicação da reportagem. Isso foi feito sem irresponsabilidades, pois não foi constatado nenhum erro, muito menos um “erro grosseiro”. Se algum erro foi cometido, o erro foi o da prática do jornalismo, uma atividade cada vez mais subversiva em época em que propositadamente se misturam alhos e bugalhos para confundir, iludir, manipular a opinião pública, a sociedade, a cidadania. É de se estranhar que uma empresa que se coloca como defensora da cidadania aja de tão vil maneira contra um de seus melhores profissionais.
Recapitulando, Aguirre foi pautado para dar sequência às reportagens que fazia sobre a Tecnovia (antigo Parque Tecnológico). O fato novo era uma liminar concedida pela 10ª Vara Federal em que cassava multa aplicada ao empreendimento pelo Ibama. Era essa a pauta. No dia seguinte, a Tribuna da Bahia publicou matéria em que dizia que a liminar (decisão que pode ser revista) acabava com o processo criminal contra o empreendimento, que envolve Governo do Estado e duas poderosas construtoras. A matéria de A TARDE – dentro do padrão de qualidade que um dia fez deste um jornal de referência – ouviu o MPF e mostrou que se tratava de dois processos distintos. O da multa, que foi cassada liminarmente e que o MPF afirmava que recorreria da decisão; e o criminal, que continuava em tramitação normal. A matéria de A TARDE estava tão certa que o MPF, posteriormente, publicou nota oficial na qual desmentia o teor da reportagem da Tribuna da Bahia (jornal que serve a interesses não republicanos, para dizer o mínimo). Essa foi a razão suficiente para o repórter ter a cabeça entregue como prêmio a possíveis anunciantes.
O interesse público? A defesa da cidadania? O histórico ético, de manchetes exclusivas, de boas e importantes reportagens? Nada disso importou a A TARDE. Importou a satisfação a um grupo de empresários, a uma, duas ou três fontes insatisfeitas. Voltamos a tempos medievais, quando fontes e órgãos insatisfeitos mandavam em A TARDE, colocavam e derrubavam profissionais. Tempo em que o jornalismo era mínimo.
“Jornalismo é oposição. O resto é balcão de secos e molhados”. Essa é uma famosa frase de Millor Fernandes. Dispensado o radicalismo dela, é de se ter em mente que Jornalismo é uma atividade que incomoda. Defender o conjunto da sociedade, seu lado mais fraco, incomoda. É preciso que a Direção de A TARDE entenda que a sustentabilidade do negócio jornal depende do seu grau de alinhamento com a sociedade civil (organizada e, principalmente, desorganizada). A força de um veículo de comunicação não está nos números de circulação ou de de anunciantes, mas nas batalhas travadas em prol dos direitos coletivos e individuais diariamente aviltados pelo bruto e burro poder econômico.
Credibilidade é um valor que se conquista um pouco a cada dia e que se perde em segundos. E, graças a ações como esta, a credibilidade de A TARDE escorre pelo ralo a incrível velocidade, assim como sua liderança, assim como seus anunciantes. Sem jornalismo, o jornal (qualquer jornal) pode sobreviver alguns anos de anúncios amigos. Mas com jornalismo, um jornal sobrevive à história.

Repercussão no Bahia Noticias

Editor-Chefe do jornal A TARDE, da Bahia, é demitido
13/2/2011
Após o polêmico afastamento do jornalista Aguirre Peixoto, que gerou diversas manifestações e até mesmo paralisações dentro da redação de A TARDE, outra demissão abala o antigo vespertino da Praça Castro Alves, que completará seu centenário no próximo ano. Desde ontem, o jornalista, escritor, poeta, acadêmico e professor de gerações da imprensa baiana, Florisvaldo Mattos, já não assina o Expediente do Jornal. Em seu lugar assumiu Ricardo Mendes. Quanto à razão da demissão de Aguirre, ao contrário do que se comenta - matéria sobre o segmento imobiliário - motivo maior teria sido a entrevista de página inteira com o ex-secretário da Fazenda Antônio Ribeiro, que o Jornal publicou, contendo críticas e informações sobre a real e periclitante situação do Tesouro Municipal. De quebra, números nada agradáveis sobre o Caixa Estadual.

E já que estamos citando o excelente Bahia Notícias, de Geraldo Vilalva, aqui vão outras notícias pescadas na mesma publicação:

Conselho desconfia que Promotores e Procuradores receberam pagamentos irregulares de vantagens
O Conselho Nacional do Ministério Público determinou a abertura de Procedimentos de Controle Administrativo a fim de apurar a legalidade dos pagamentos de auxílio-moradia, auxílio-transporte, auxílio-alimentação e conversão de férias ou licença-prêmio em pecúnia a promotores e procuradores. O CNMP fará um rastreamento em todo o Brasil para localizar possíveis irregularidades. Quem recebeu, devolverá o dinheiro ao Estado.

Prefeitura de Salvador incentiva o mau pagador e libera multas e juros
Os milhões gastos pelo prefeito João Henrique, solicitando aos contribuintes o pagamento em dia dos tributos municipais foram, literalmente, para o lixo da irresponsabilidade. Quem, durante anos e anos não pagou no dia certo, agora recebe o bônus e o afago de sido bafejado pela liberação de milhões em multas e juros. Isto vale para as cobranças de IPTU e ISS.

Carnaval de Salvador mais pobre com o fim do Campo Grande
O Campo Grande, antigo espaço disputado pelas empresas que comercializavam camarotes a preços altos, praticamente se despede do carnaval baiano. Este ano só existem montagens de arquibancadas e os espaços para receber o governador, prefeito, vereadores e convidados. Nem mesmo as emissoras de TV e rádios resolveram, ainda, investir em cabines mais estruturadas. Uma tradição dos ricos e festivos camarotes cor de rosa, onde pululavam fantasias bem recortadas vestidas por gente da sociedade e empresários, movidos a bebidas finas e gostosos acepipes, deu um adeus definitivo. Os blocos afros desfilarão uma saudade para o asfalto vazio. A foto mostra o que era a praça em outros carnavais.

Salvador é uma das capitais que menos investem no Brasil
A capital baiana, com R$ 198,8 milhões em 2009, nem entrou na lista das 10 maiores do Brasil e ainda perdeu a liderança no Nordeste para Fortaleza (R$ 198,8 milhões). Assim mesmo recebeu R$ 95,3 milhões do governo federal e R$ 32,4 milhões do Estado em transferências voluntárias.

quinta-feira, 17 de março de 2011

O blog de Maria Betánia

“Você rasga os poemas que eu te dou / Mas nunca vi você rasgar dinheiro”, esses versos de Zeca Baleiro - da canção ‘Você Só Pensa em Grana’, do disco Líricas (2000) - saltaram à minha cabeça quando li a notícia, na Folha de São Paulo, de que a cantora Maria Bethânia conseguiu autorização do Ministério da Cultura para captar R$1,3 milhão para a criação de um blog. Zorra! Desde então, só consigo repetir o refrão: - É muito dinheiro. O mais engraçado (para não dizer irônico) é que o projeto de Bethânia se chama ‘O Mundo Precisa de Poesia’. Ora, ela bem que poderia completar assim: O mundo precisa de poesia, mas eu preciso mesmo é de dinheiro! Ou, todos precisamos de poesia, mas antes a gente tem que ter muita grana para poder fabricar a beleza. O raciocínio é semelhante a este: Alfred Nobel inventou a dinamite e ficou riquíssimo com a patente, já que a indústria bélica é a que mais movimenta a economia mundial (ao lado de narcóticos), e com o dinheiro da guerra foi possível criar o Prêmio Nobel da Paz. Não é uma beleza?!? Mas, voltando ao blog da Maria Bethânia. A idéia é exibir diariamente novos vídeos da grande cantora interpretando grandes obras. A direção dos 365 vídeos seria de Andrucha Waddington. Mas o que eu quero ver é “quem paga pra gente ficar assim”.

Eu também tenho um blog. Foi criado por João Gabriel Galdea há muitos anos, numa dessas contas gratuitas do blogspot.com. Um blog de poemas. Tá certo que não sou nenhuma Bethânia, mas se eu consigo fazer um blog sem um centavo (e não adianta argumentar que meu blog é feio e de atualização parca, pois conheço vários outros, tão gratuitos quanto o meu, que são ótimos e atualizados mais que diariamente) porque o dela vai custar tão caro assim aos cofres públicos? Essa proporção é demasiado desproporcional e traz à mente diversos outros absurdos dessas leis de incentivo. Exemplo: há três anos a mesma Bethânia se envolveu em polêmica, quando teve negado pela área técnica do ministério um pedido de captação de R$ 1,8 milhão para fazer uma turnê. Na ocasião, o então titular da pasta, Juca Ferreira (aquele que disse ganhar menos que um ascensorista da câmara e que, com um salário de R$ 8,1 mil não conseguia comprar os livros que precisava), ignorou o parecer e autorizou a captação de R$ 1,5 milhão. Pensando bem, se o blog vai custar R$ 1,3 milhão, a turnê tava até barata. O irmão de Bethânia, Caetano Veloso, também recorreu ao governo. Em 2009 a Lei Rouanet negou que a produção do artista captasse R$ 2 milhões para a turnê Zii e Zie, por ser comercialmente viável. E era,ora bolas. Ou alguém vai nos convencer de que, a esta altura do campeonato, Caetano realmente precisa de incentivo para pegar? São mazelas de uma cultura dependente de muletas estatais, território propício para distorções as mais absurdas. Ou ninguém aí sabe que os camarotes milionários do carnaval pagam pouco imposto porque a festa é considerada “atividade cultural”? Na verdade eu não sabia.

E quando acaba vem o pessoal reclamar da Gillette pagar dois milhões para Bell Marques raspar a barba. Pelo menos era o dinheiro dela, Gillette. Pior é saber que diversos desses ensaios de verão que cobram os olhos da cara para o sujeito perder a cabeça, também recebem grana do governo. Ou seja, recebem nossa grana para supostamente incentivar a cultura e colaborar com a grandeza do país. Eu, um temperamento atrapalhado para coisas de dinheiro, não saberia explicar porque os valores ligados ao mainstream cultural atingiram essas alturas. E tenho uma preguiça ‘galcosteira’ para pensar nesses trâmites. Mas desconfio de que, enquanto todo mundo quiser morar em Ipanema ou no Horto Florestal, vai ser difícil alcançarmos algo mais elevado. Repetindo, o blog que Bethânia vai fazer com R$ 1,3 milhão será intitulado ‘O Mundo Precisa de Poesia’. Na minha mania de citação (para a qual Antônio Houaiss criou o péssimo neologismo ‘citimaníaco’) recorro a Cazuza “de noivo outra vez”: “Enquanto houver burguesia, não vai haver poesia”.
James Martins

sábado, 12 de março de 2011

RETALHOS 34

A Guiné Equatorial é um minúsculo país da África central com parcos 600 mil habitantes. O presidente Teodoro Nguema Mbasogo dirige com mão de ferro esta petro-ditadura com um pé no narcotráfico. O filho Teodorin Obiang tem uma Ferrari amarela permanentemente na porta do Hotel Meurice, um dos palácios mais exclusivos de Paris. O garotão acaba de encomendar o segundo iate mais caro do mundo: U$380 milhões. Entretanto 77% da população vivem abaixo do nível de pobreza e 35% morrem antes de completar 40 anos. Não, a democracia ainda não faz parte da maioria das republiquetas africanas. Sempre alheio às ditaduras, mesmo as mais sangrentas, o Brasil recebeu este triste indivíduo que veio com pesada comitiva passar o carnaval 2011 no Rio de Janeiro. Reservaram dois andares do Cesar Park. Só faltou um juiz Garzón para mandá-lo prender por genocídio.

Um novo partido político – mais um! – está fazendo pesada propaganda na TV. Trata-se do PRB. Cabeça de proa, o pastor Crivella é sobrinho do Edir Macedo, aquele que inventou a Igreja Universal do Reino de Deus e se deu tão bem.

Salvador deve ser a única cidade do Brasil que paga foliões para fingir que se divertem. Dúvida? É só passar meia hora no carnaval do Pelourinho para comprovar a “espontaneidade” das bandinhas e participantes com expressão de profunda indiferença e freqüentes consultas ao relógio para calcular quanto tempo falta para terminar o expediente

“A insatisfação na Arábia Saudita também não é de agora. Ela acaba não sendo tão visível quanto a dos outros países porque, como se trata de um aliado dos EUA, Washington tenta falar menos do assunto. Mas a Arábia Saudita é um dos países mais autoritários da região”, afirma Cristina Pecequilo, doutora em Ciência Política pela USP e professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O terremoto dublê de tsunami no Japão, por terrível que seja, é também um bom trampolim para animar os diversos noticiários, sempre a cata de sangue e drama para aumentar a audiência. E, conseqüência imediata, um monte de países manda telegramas de apoio moral e promete ajuda humanitária e material. Muitas vezes estas promessas ficarão sem efeito. Haverá também uma corrente de solidariedade. Anônimos comovidos coletando roupa e alimentos não perecíveis. Vários galpões ficarão entupidos de doações. Boa parte ficara mofando durante longos meses, por falta de transporte e maior falta de organização. E, para não desmentir a safadeza tradicional, alguns espertalhões aproveitarão a oportunidade para ficar com tudo aquilo que está ao alcance. Me perdoem, mas eu não vou dar nada. Cansei deste filme.

Alguém consegue ler as crônicas de Caetano até o fim? Como este rapaz gosta de falar de suas leituras e de seu umbigo! Tão chato quanto os discursos do compadre Gil.

O ministro-chefe da CGU (Controladoria-Geral da União), Jorge Hage, afirmou nesta quinta-feira (3/3) que o STF (Supremo Tribunal Federal) tem facilitado a vida de políticos corruptos com entendimentos que dão garantias exageradas aos réus. Ele fez a afirmação após a posse de Luiz Fux como novo ministro da Corte, pessoa que, em sua opinião, poderá trazer uma evolução para o STF na punição aos culpados. “Considero que a chegada do Luiz Fux ao STF é importante porque deve representar um avanço nas posições da Corte. Ele é um magistrado de carreira, que sabe da importância de se reduzir obstáculos para que os processos cheguem ao final, para que os corruptos sejam condenados e possam ir para a cadeia”, disse. Hage defendeu que o princípio da presunção de inocência não pode ser a presunção da versão do réu. Segundo o ministro, o STF tem defendido entendimentos “extremamente conservadores na linha de um garantismo exagerado, que facilita a vida dos réus de colarinho branco”. Perguntado se o Supremo não pune políticos corruptos que respondem a processo, o ministro Gilmar Mendes afirmou não estar seguro de que o Tribunal seja bonzinho com réu de colarinho branco. “O Tribunal é garantista, não permite terrorismo, não permite um estado policial”. Agência Brasil - 04/03/2011 Resta perguntar “A quando uma Controladoria-Geral do Estado?”

“Com a sua cara-de-pau peculiar, a cantora Ivete Sangalo "abandonou" o bloco Cerveja & Cia no meio do circuito Barra-Ondina do Carnaval de Salvador para ir ao banheiro. Em um de seus comuns auto-elogios, ela disse que apesar de seu corpo parecer uma máquina, precisava se ausentar por alguns instantes do comando do trio. "Preciso dar uma mijadinha e já volto". Após seis minutos ela voltou ao comando do trio cantando Céu da Boca e se disse mais aliviada. Ao voltar, ela disse que quer ver todo mundo gozando. "Afinal de contas é para isso que a gente tá vivo. Vamos lá que o Carnaval está só começando", disse ela.” (Terra) A moça não é um primor de espontaneidade e delicadeza?

A alemã Nellie Franck, excelente teatróloga, acaba de ser nomeada diretora da Fundação Cultural da Bahia. Coitada!... Ela sabe onde está se metendo?

Como revelou a coluna “Tempo presente” do jornal A Tarde, no mesmo dia cinco navios desembarcaram, praticamente ao mesmo tempo, quase 14 mil turistas no porto de Salvador. Muito pior ficou no último dia de carnaval com uns 20 mil visitantes desembarcando. Como a cidade não consegue resolver seus problemas diários de trânsito, graças a uma administração municipal desastrada e o urbanismo refém das imobiliárias, podem imaginar os resultados para o Comércio e o Pelourinho. Para o conforto dos turistas e o nosso, não seria o caso de aconselhar escalonar os desembarques em dois ou três dias? Como está hoje, a situação é incontrolável.

Odebrecht versus Gradim. Guerra entre titãs. Briga de branco: Trata-se de alguns bilhões. Vitória bem mais difícil a conquistar que esmagar intelectuais indefesos.

Acabo de receber do professor Marcos Palácios, lecionando em Portugal: "O Plagium é um novo detector de plágios, em estágio beta. A partir de um texto inserido pelo usuário, o mecanismo faz buscas, identifica as fontes de onde saíram as partes e até produz gráficos com os plágios detectados. Experimentei com textos de minha autoria e de membros do GJOL e funcionou bastante bem. É gratuito e não exige registro. A informação chegou-me através da Profa. Rosa Lídia Coimbra, da Universidade de Aveiro."

A síndrome de “Ó pai, ó”

A poeira do carnaval não assentou e já enfrentamos a realidade, longe dos confetes que os garis acabam de varrer. Em breve chegarão as chuvas a comprovar a generosidade do ex-ministro da Integração Nacional. Em princípio, após a cornucópia de benesses – a Bahia não foi o estado que mais verba recebeu? - não deveríamos ter o mínimo problema. Teremos, sem a menor dúvida, a capital mais segura da federação. Mas algo me alegra especialmente: deixar de aturar os clipes publicitários da Secretaria Estadual de Turismo. Não agüento mais com a visão “Ó pai ó” do povo da Boa Terra. Saturei de tanto folclore básico, repetitivo e redutor, salpicado com boa dose de erotismo. Basta de berimbau e fitinhas do Bonfim como símbolos únicos e incontornáveis! Chegou o momento do próprio negro contestar a imagem estereotipada imposta pelos paradigmas da sociedade. Enquanto a Casa Grande continua administrando o destino das terras, a senzala pode rir e cantar e bailar porque é ótimo para a imagem na TV.
Seria tão bom se a propaganda oficial mostrasse que, mesmo em tempo de Rei Momo, temos advogados, médicos, arquitetas e antropólogos de cabelo crespo, economistas e cientistas de boca larga, geólogos e biólogas com alta concentração de melanina. Limitar a importância do afro-descendente a meia-dúzia de arquétipos: ritmo no sangue, alegria tão constante quanto irresponsável, linguajar engraçado e anedóticas superstições é tão preconceituoso quanto o “No dog, no black”. Hoje, o cotidiano prova já não ser tão maniqueísta assim. Se nos concertos sinfônicos e nos restaurantes colunáveis ainda são raridade, já deixaram de limitar sua atuação ao campo de futebol e ao pandeiro. Está na hora de mudar o chavão do neguinho adormecido no passeio debaixo de um sombreiro de palha, acordando para sambar ao ritmo sincopado de uma caixa de fósforos. Se a conservação de ancestrais características culturais e comportamentais é salutar, os governantes têm a obrigação de redefinir o perfil do baiano negro e seu exato lugar na atualidade brasileira.

SOBRE O CARNAVAL

Como não consegui passar o video no meu blog, recomendo o leitor abrir no YOUTUBE o
COMENTÁRIO DE RACHEL SHEHERAZADE SOBRE O CARNAVAL.
Imperdivel!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Mulher Maravilha vai ganhar por W.O.

Acabo de roubar, sem o menor escrúpulo, a excelente analise, bem humorada e cáustica, do escritor e poeta James Martins. Um nome que está se impondo cada vez mais no panorama da cultura baiana.
Curta este momento!
Dimitri




Qual a música do carnaval este ano? Pergunto isso a todo mundo por onde passo e, talvez por ser sempre a mesma pergunta, ouço sempre a mesma resposta: -“Acho que vai ganhar Mulher Maravilha!”. Reparem que a resposta se refere, diretamente, a algum concurso, provavelmente o Dodô e Osmar, o mais cobiçado, promovido pelo grupo A Tarde, espécie de Grammy do carnaval baiano. Pois bem, segundo a resposta das ruas, este ano vai dar ‘Liga da Justiça’, música de Jota Telles e Márcio Victor gravada pela banda LevaNóiz (os alternativos de Salvador não devem confundir com LevaNoise, que não tem nada a ver). Ora, todo mundo sabe que música é: aquela do “Foge, foge Mulher Maravilha / Foge, foge com Superman”. Mas jornalismo (e mesmo colunismo) pede sempre essas explicações obsessivas. Continuando: eu também acho que vai dar Mulher Maravilha, ninguém lhe rouba o laço. Contra o óbvio não há argumento. Mas é justamente neste ponto que surge uma evidência estranha e incômoda: a Mulher Maravilha vai ganhar por W.O.!!! Cheguei a esta conclusão quando tentei lembrar das possíveis concorrentes e não consegui. De fato, não sei qual foi a música do Chiclete com Banana para este carnaval. E nem as de Daniela, Ivete, Asa de Águia, Eva ou Cláudia Leitte. E esta minha sensação de vazio não parece ser exclusiva. Você sabe quais são, meu amigo e minha amiga? Para não mentir, sei que o Psirico veio com aquela chata da chupeta e Tomate com a semi-censurada ‘Eu Te Amo Porra’. Eis o que eu quero dizer: por pior que seja (e é) a música do LevaNóiz simplesmente não tem concorrência.

O carnaval tornou-se um negócio tão rentável, um lance tão comercial, que alguém precisa bater nas costas dos artistas e lembrar a eles que, antes de uma roupa bonita, um plano de marketing, um truque no photoshop, é preciso ter uma música. A música é, afinal e ainda, a alma do negócio. Não quero dizer com isso que o carnaval de Salvador deva voltar ao passado, primar pelo amadorismo, substituir trios elétricos por charangas, Axé Music por marchinhas cariocas ou outras bobagens que ouço dos sub-intelectuais da cidade, mas há um dado que deve ser levado em conta, sob o risco de obsolescência do próprio carnaval: entre continuar com o trio Expresso 2222 e o camarote Expresso 2222, a mulher de Gilberto Gil preferiu o camarote. É uma vergonha. O trio é essencial para o carnaval, o camarote não passa de frescura. É o tipo de atitude sintomática de que a coisa está perdendo a consciência de sua própria razão de ser. O trio-elétrico passando na frente dos bois. Como diria Robsão: Bois, bois, bois, bois. Foi assim a crise financeira mundial, fruto do inchaço do ‘capital especulativo’, é assim a crise criativa do nosso carnaval, que foi chato demais este ano, na moral. Quem puder, me responda: porque as músicas que Moraes Moreira fez para o carnaval do ano passado, em homenagem aos 60 anos do trio, não foram sequer mencionadas para ‘música do carnaval’? E porque a música que ele fez este ano, ‘Bahia Você é Minha Porra’, também não foi? A culpa não é do pessoal do Dodô e Osmar, mas de Bell Marques, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Márcio Victor, Durval Lelys, etc. Porque eles não ‘tiraram’ as músicas para tocar em seus blocos? Eis uma pergunta de difícil resposta. Será que acharam as composições ruins? Será que não tomaram conhecimento das mesmas? O que será que será? Enfim, “aquela música se não canta não é popular” e não pode concorrer ao Troféu Dodô e Osmar. Assim que acompanhamos o paradoxo de vermos o retorno do 1° cantor de trio elétrico do mundo, pai de todos os outros, retornar à festa, com canções lindas feitas especialmente para a ocasião e o fato passar despercebido mesmo pelos artistas do meio, supostas antenas da raça. Eis outro sintoma relevante para avaliarmos a criptonita.

A panorâmica (de cima do camarote) mostra a Liga da Justiça toda dominada. E qual será a saída? Diria Gregório de Matos: Bahia de dois F: um furtar outro fugir com o SuperOutro. Ou repensar o modelo. De quebra, a LevaNóiz deve ser a banda revelação deste ano, mas aí eu volto a perguntar (notem que quase não tenho respostas) e onde andou O Báck (revelação do ano passado com a polêmica Lobo Mau) neste carnaval? O Lobo comeu? A verdade é que eu gosto tanto de carnaval e vejo tanta coisa estranha acontecendo que nem sei como dizer tudo o que eu quero. Fico ainda mais atordoado por não conseguir aderir à solução simples, defendida pelos bocós, de retorno ao passado, como se trocar os aviões por caravelas fosse possível ou desejável. Thomas Mann: "Uma época medrosa de si mesma procura restaurar fundamentos. Em vão: não há volta". Pelo contrário, acho que o carnaval de Salvador é o que é justamente pela força da Axé Music e que não devemos ter vergonha disso, pelo contrário. Mas do jeito que a coisa vai, até Bell acaba ficando careca. Mesmo assim, saí quase todos os dias, talvez por hábito. Apenas na terça-feira desisti de ir ver o encontro de Saulo e Moraes na Praça Castro Alves, do que ainda guardo um sutil arrependimento. Mas já estavamos muito cansados e preferimos, Alessandra e eu, abortar a missão no meio do caminho e comer uma pizza na Casa da Roça.

Já disse que achei este carnaval muito chato. Repito: um porre. Mas vou fazer um balanço rápido. Na quinta-feira fui surpreendido pelo encontro dos percussionistas no Largo do Pelourinho. Jonga Cunha tinha me falado que aconteceria, mas eu já não lembrava quando dei de cara com aquilo e gostei muito. Bira Reis, Peu Meurray, Waltinho do Chiclete, Gabi Guedes, Luizinho do Jeje, Ivan Huol, Orlando Costa, Tony Mola, Anderson Souza (filho de Neguinho do Samba) Emerson Taquari e outros, tocando juntos, balançando o universo percussivo afro-baiano. Engraçado é que não vi o próprio Jonga, escalado na programação. Será que ele também esqueceu? O Psirico, na sexta-feira, na Barra, não me convenceu a segui-lo por muito tempo. Na saída do Ilê, a Band’Aiyê, regida pelo meu querido Mário Pam, errou muito, de tirar a paciência. Mas a Deusa do Ébano é linda e dança como uma deusa. Nação Zumbi no Pelourinho foi bom, mas quem manda nos trios elétricos de uns anos pra cá, aristocracia do pagode no carnaval, é o Harmonia: precisão + limpeza + swing. Este ano não vi Armandinho, Dodô & Osmar pela primeira vez. Segunda fui à Mudança do Garcia e achei sem graça, mero vestígio ultra-politizado e intelectualóide do que já fora. Mas foi a Mudança quem me proporcionou a maior prazeria carnavalesca de 2011: o tsunami das Muquiranas! Que maravilha! Estava a Mudança (ou ‘o’ Mudança, concordando com bloco) passando naquele seu ritmo pirracento que mete medo em quem sai depois, sem pressa. Mas aí, furando a fila e passando na frente de Cláudia Leitte, o Psirico comandou As Muquiranas na invasão mais bonita e digna da festa de Momo. As gueixas, com suas pistolinhas de água, passaram levando tudo, arrastando todo mundo... De repente, os ‘mudantes do Garcia’ se viram cercados de gueixas por todos os lados, inclusive o de cima, inclusive o de dentro. Os travestidos subiram no mini-trio da Mudança, nos postes da rua, nos camarotes dos outros, pularam, dançaram, esculhambaram, enfim, fizeram o Carnaval! Evoé Baco! Tinha folião pipoca pedindo para subirem as cordas, para tentar segurar os Muquiranas lá dentro do bloco. Minha escolha é: Muquiranas, o melhor bloco do carnaval. A minha Mulher Maravilha!
James Martins

quarta-feira, 9 de março de 2011

A BICICLETA VERMELHA

Em 1948 eu tinha 12 anos. A segunda guerra mundial ainda estava presente, mesmo em Marrocos, nos medos e na mesa. Não havia muito, minha avó ainda procurava misteriosas plantas nos campos para inventar uma sopa. Faltava comida, faltavam remédios...

Ter uma bicicleta era meu sonho louco de pequeno estudante. Não que realmente precisasse. O colégio ficava a quinze minutos a pé de casa e Rabat, a pequena cidade onde nascera, ainda me parecia imensa, cheia de armadilhas e perigos á espera das crianças.
Mas quem tem bicicleta é rei.
Pedalar devagar, sem aparentar esforço, usar o freio como por acaso, com desenvoltura, dirigir com uma mão ou só por equilíbrio, de repente, com meia dúzia de pedaladas, voar para a outra ponta da rua, para os mais experimentados dirigir de costas, sentado no guidom, e quando a noite chegar, ligar o farol, ouvir seu ronrom e ver o mundo resumido a um hesitante facho de luz rasgando a obscuridão....
Mas lá em casa, o dinheiro era curto e minha avó tinha outras prioridades.

O tio Boris vivia em outra cidade, Agadir, perto do deserto do Saara. Era o ricaço da família. Seu bigode longo, esguio e aloirado cheirava a cigarro esfriado. Falava alto e com grande autoridade. Muito usava deste poder. Exigia respeito.
Chegava de imprevisto no seu carro reversível e barulhento. Quem tinha ou sabia usar um telefone naqueles tempos, na primeira metade do século XX?
Havia sempre presentes no porta-malas. Tínhamos que agradecer repetidas vezes. Passava umas horas, uma noite, e seguia para o norte, até Tanger. A casa iria permanecer agitada por vários dias.

Mas uma visita ficara especialmente gravada na minha memória.
O costumeiro buzinaço levou mais uma vez toda a vizinhança á janela. Correndo até a varanda, vi lá de cima, no porta-malas do carro, um imenso embrulho que só podia esconder uma bicicleta!
Não acreditava! Uma bicicleta!
Desci a escadaria aos pulos e sem mesmo saudar o tio, rasguei o papelão.
Acreditem se puder: ao ver a bicicleta reluzente, tive uma reação de rejeição: ela era vermelha e eu sempre sonhara com uma bicicleta azul.
Vermelho escuro, já velho, pesado, sinistro, em vez de azul leve como o céu, como a adolescência...
Nenhum dos meus amigos tinha uma bicicleta vermelha. Não fazia parte de nossas referências estéticas de crianças. Meu entusiasmo tinha desaparecido. Odiava meu tio, a bicicleta, chorava as expectativas frustradas.
Vermelha! Como o tio Boris podia ter escolhido cor tão abominável?!...

Traduzindo como emoção meu mutismo, o homem fazia o elogio do presente, ficava ele mesmo vermelho de auto-satisfação, mostrando cada detalhe, e a cada qualidade realçada, minha raiva crescia...
Claro que acabei me acostumando com o engenho. Subi com grandes esforços muitas ladeiras e escorreguei inebriado as mesmas tal qual um corredor de fórmula 1.
Mas ainda hoje, mais de meio século passado, ainda persiste o gostinho amargo da desilusão exacerbada por ter recebido uma bicicleta vermelha.

Dimitri Ganzelevitch Salvador, 10 de Novembro de 2007.

Motoqueiros sonhadores

De Taiwan: Uma aula de humanismo ... e de propaganda inteligente.

Brasil cai em ranking global de turismo

Apesar de ser considerado o País com a maior riqueza natural do mundo, o Brasil não consegue ser competitivo na indústria de turismo e perde espaço para outras nações.

Problemas de infraestrutura, regulação, violência, falta de mão de obra qualificada e ausência de investimentos acabam se sobrepondo às vantagens das belezas nacionais. É o que mostra o ranking sobre a competitividade no setor divulgado ontem pelo Fórum Econômico Mundial.

O Brasil desbancou todos os 139 países analisados e marcou o primeiro lugar no quesito de riqueza natural, principalmente pela diversidade de espécies animais existentes, com a fauna mais rica do mundo, além do número de lugares considerados patrimônios da humanidade, da quantidade de áreas protegidas e da qualidade do meio ambiente.

Entretanto, ficou apenas com o 52.º lugar na classificação geral do ranking de competitividade no turismo deste ano, perdendo sete posições na comparação com o levantamento anterior, realizado em 2009 - apesar de ter mantido praticamente a mesma nota.

As piores avaliações foram obtidas em critérios como a infraestrutura de transportes, a ausência de trabalhadores qualificados e as regras para o estabelecimento de negócios no setor. O Brasil aparece, por exemplo, como um dos países onde mais tempo se leva para abrir uma empresa. O peso do crime e da violência também desfavorece o País.

O levantamento mostrou ainda a falta de prioridade dada à indústria de turismo, em razão dos baixos investimentos do governo. "A rede de transportes continua pouco desenvolvida e a qualidade das estradas, portos e trens precisa de melhorias", diz o estudo.

O Fórum Econômico Mundial destaca que a competitividade do Brasil nessa área fica abalada também em razão dos elevados impostos que recaem sobre o transporte. O levantamento aponta a alta taxação embutida nas passagens aéreas e as tarifas cobradas pelos aeroportos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pássaros nos fios elétricos (official version)

Vejam e ouçam esta delícia!

domingo, 6 de março de 2011

Spencer Tracy: Adivinhe quem vem para jantar? (Guess Who's Coming to Dinner)

Este longo monólogo de Spencer Tracy pode ser considerado como o "turning point" da história do racismo nos Estados-Unidos. Mas quem iria permanecer indiferente ao avqassalador encanto do caribenho Sidney Poitier? "Guess who is coming for diner?" foi filmado em 1967. Um ano depois, Martin Luhter King seria assassinado.

JUST AN OLD FASHION WAY (Live Kaskad 1962)

Eartha Kitt foi, desde minha longuinqüa adolescencia, uma das minhas cantoras favoritas. Sua voz ácida, seu profundo senso de humor e sua sensualidade a projetaram desde o fim dos anos 50 como uma estrela impar. Trabalhou durante muitos anos com Katherine Dunham, diretora da primeira companhia de dança negra, ambas pioneiras do movimento negro americano. Ambas combatendo com muita coragem os preconceitos norte-americanos. Nesta interpretação, além da excelencia de sua estranha voz, notem a elegante forma de debochar da América de seu tempo. Escolheu um cenário sulista, estilo "E o vento levou", justamente aquela parte onde o racismo era tão enraizado, como alías ainda hoje.

Orfeu Negro 1959

O filme que tanto projetou uma certa imagem do Brasil... ha mais de meio-século. Como envelheceu! Desde as primeiras imagens o tom soa desafinado. Só se salvando a música.

quarta-feira, 2 de março de 2011

RETALHOS 33

O BLOG DO DIMITRI acaba de passar os 13.000 acessos desde seu inicio em 25 de agosto de 2010!

Tem 40 anos que aquele sinistro ditador com aspecto de marionete ridícula apronta no norte da África, sem que ninguém tenha ousado levantar a mínima crítica contra ele. Mas basta que o povo, cansado por décadas de opressão, se rebele para que, de repente, os governos ocidentais, EUA, Itália e França incluídos, fiquem escandalizados contra a prepotência de Muamar Khadafi. Esqueceram que trataram este déspota como interlocutor digno de todas as reverências, sem jamais emitir opinião contrária. Perdoaram o avião irlandês derrubado que matou centenas de passageiros, as enfermeiras francesas ameaçadas de execução sob pretexto de espionagem e tantas outras barbaridades. Berlusconi o paparicava e confessava-lhe proezas de alcova. Sarkozy o recebeu com todas as pompas em Paris no fim de 2010 e Inácio Lula da Silva deu as costumeiras marcas de afeto a àquele sanguinário, monte de trapos e berloques, assim como fez com Hugo Chávez, os irmãos Castro e aquele louco iraniano de nome impossível de lembrar. Mas a roda da História avança e hoje, a ONU, que nunca, jamais abriu o bico, de repente o declara culpado de genocídio. E por que só agora? Porque os líbios têm petróleo, e o ouro negro vale toda e qualquer baixaria. Agora, e só agora, que entenderam que o poder, na Líbia, mudou de mão, esta gentalha também mudou de discurso. Simplesmente nojento!

Vocês talvez não saibam, mas na França, todos os governantes sabem perfeitamente. As esposas dos militares argelinos de alta patente pegam o avião cedo de manhã para Paris, vão fazer suas comprinhas na Avenue Montaigne e Faubourg Saint-Honoré, e voltam no último avião de volta para Argel. Entretanto o povo continua na merda. Mas o Palais de l´Élysée – onde o presidente trabalha e mora com a Carla - nada fala: a Argélia é um importante fornecedor de petróleo. Simplesmente nojento!

A inauguração da exposição de fotografias deste redator no Cafelier, com o tema do próprio espaço tão gostoso no Carmo, foi um sucesso de público. Tanta gente veio, principlamente formadores de opinião, que muitos tiveram que ficar aguardadando no passeio. Quem quiser conferir poderá visitar o Cafelier - rua do Carmo,50 - até 22 de março.

Belo homem aquele bancário que atropelou voluntariamente e feriu quinze ciclistas. Deveria ser contratado para interpretar um oficial nazista num filme de época. Tudo a ver.

Com que então, a presidente Dilma está obrigada a cortar na carne do seu PAC preferido, o projeto Minha Casa, Minha Vida! Uma bobagem de 40% ou seja: mais de 20 bilhões. Você chamaria esta poda de herança maldita? Após as farras dos últimos anos, não vejo outra definição.

Estamos nos aproximando da época das grandes chuvas, mas Salvador não tem previsão de drama nenhum, já que na época do namoro político entre João Chorão e Geddel o Redondinho, este ministro derramou bilhões sobre a Bahia na esperança de ser eleito governador. Ninguém duvide que a prefeitura soteropolitana tenha recebido uma bolada. Aonde foi o dinheiro? Como agora é oficial o divórcio entre ambos por incompatibilidade de incompetências (ôba!), só São Pedro sabe das próximas trovoadas.

Um novo filme está sendo rodado na Bahia sob a direção do Bernard Attal, francês radicado em Salvador. Baseado numa novela de Stefan Zweig, “A coleção invisível” foi adaptada ao drama da decadência do cacau no sul do estado. Wladimir Brichta, Conceição Senna, Othon Bastos e Frank Menezes foram as estrelas escolhidas.

E não é que a Gilette resolveu pagar uma fortuna para convencer o Bel Marques a tirar aquela barba horrorosa? O ridículo não tem limite. E, com tanta miséria escancarada até no centro da capital, tamanha imbecilidade é uma afronta. Quem vai pagar quanto para o medíocre músico tirar o lencinho da careca?

O milagre econômico brasileiro não impediu a Unesco de declarar que, em matéria de educação, o país continua no 88° lugar. Bola preta! E a Bahia não está entre as melhores colocações nacionais. Educação é o único caminho de uma verdadeira democracia.

Quem tem alguma deficiência física e precisa de cadeira de rodas para engolir os intermináveis corredores do aeroporto internacional do Rio, terá a maior dificuldade em conseguir o indispensável , correndo o risco até de perder a conexão.

Foi amplamente divulgado pela imprensa o merecido tombamento do edifício Oceania pelo Iphan. Mas ninguém mencionou a agressiva descaracterização, por conhecido arquiteto, da sacada do primeiro andar, para permitir melhor visibilidade durante o Carnaval ao camarote Express 2222 empreitada do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil. Alguém pode dar uma explicação plausível?

“... Sábado encontrei meu apartamento arrombado e constatei que tinham levado meu equipamento. É uma Nikon D300, que possui umas marcas do lado direito e arranhões embaixo. Uma Filmadora Canon e um notebook LG também foram levados.
Por favor, gostaria muito que, se vocês puderem fazer isso por mim, pedir pra anunciar (nem que seja num cantinho) que estou oferecendo uma recompensa generosa pra quem tiver informações ou pra devolverem meu equipamento. Essa Nikon tem um valor sentimental pra mim. Qualquer veículo de comunicação, me ajudaria muito. Contato: 8734-9754” Recebemos este pedido de ajuda de uma das mais sérias e competentes restauradoras baianas. Mas é muita fé acreditar que os objetos roubados irão reaparecer, mesmo se a polícia encontrar.

Uma entrevista de um “cantor” chamado de Tomate na TV Bahia chegou a ser constrangedora de tanta mediocridade. O pior veio a seguir, comprovando que se tem pouco a dizer, menos ainda tem a cantar. Tomates nele!

O cantor André Lélis foi detido durante apresentação em uma casa de shows em Aracaju (SE), por volta das 21h30 deste domingo (27). De acordo com informações do site Plenário, a Polícia Ambiental teria solicitado que a banda parasse de tocar, sob a alegação de que os equipamentos de som desrespeitavam a legislação de poluição sonora. O volume das caixas de som foi diminuído, mas ainda assim, o policial Igor Alves teria subido ao trio elétrico para que o cantor parasse o show. Insatisfeito, André Lélis teria avisado ao público o pedido do policial, e disparou: “A festa está tão bonita, em Salvador não acontece isso”. Neste momento, o policial deu voz de prisão contra o cantor, por entender que ele teria colocado a platéia contra os militares. André foi conduzido à delegacia, onde esperou por mais de três horas até ser ouvido. Ele só voltará a Salvador após prestar depoimento na Delegacia do Turismo, onde o inquérito foi enviado, às 10h desta segunda-feira. Publicado pelo Bahia Notícias.

Este carnaval será uma luta sem trégua para três cantoras: a cafona Daniela Mercury (Viu o horroroso modelito para a entrevista no Solar do Unhão?), a bonequinha de luxo Claudia Leittte e a linda e ordinária Ivete Sangalo. Do lado macho, o lencinho na careca Bombril do Bel Marques e o genialmente medíocre Durval Lelis. Não vamos listar os montes de músculos e gordura dos outros marmanjos. Todos cantando letras imbecis em tom menor. Não existe mais música. Somente som.

David Fray, a mais nova estrela do piano

Vale a pena assistir a esta bela aula de interpretação de Bach...

Você conhecia o jovem pianista David Fray?

Uma bela aula de interpretação...

A flauta mágica- Salzburg 2006

Um dos mais belos e mais famosos momentos da obra cantada de Mozart. A produção muito elaborada, embora com o aval do festival de Salzburgo, me parece um pouco pesada para algo tão límpido quanto a Flauta Mágica.
Related Posts with Thumbnails