quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

REFLORESTAMENTO DE SALVADOR

Projeto prevê multa de R$ 5,2 mil para corte irregular de árvore em Salvador

Morador do Itaigara realiza trabalho de reflorestamento no bairro; Plano de Arborização da cidade pode ajudar inciativas como essa
O cirurgião-plástico Mario Amici, 48 anos, está acostumado a “reconstruir gente”. Em 2009, no entanto, plantou uma semente que o desafia até hoje na reconfiguração do bairro onde mora, o Itaigara, através do plantio de árvores e conscientização ambiental dos vizinhos. “Chamei meus amigos para largar de lado o jogo do Bahia e irmos plantar uma árvore, cada um com seu filho, daí tudo começou”, conta Mario, que comandou o projeto sem nenhuma orientação.
Diante da possibilidade de cada cidadão se engajar com a cobertura verde da capital, a Secretaria da Cidade Sustentável (Secis) está desenvolvendo um Plano Diretor de Arborização Urbana que pode apoiar e dar instruções a iniciativas como a de Mario, mas também vai regular infrações, como corte e poda ilegal, com previsão de multas que podem chegar a R$ 5,2 mil.
O projeto de arborização liderado por Mario é fruto do movimento apelidado de Apita (Amigos Pelo Itaigara), que nos últimos anos já  plantou 120 árvores nas ruas próximas de um terreno baldio onde, desde a década de 1980, eram colocados restos de obras e lixo.  Hoje é a bela praça Recanto de São Francisco, com ipê-rosa, quaresmeiras, felício, pau-brasil, pitangueiras, jacarandá-branco e até hortaliças.
Para tocar o projeto, Mario consultou planos de arborização de outras capitais. “Não sou paisagista, mas procurei entender do assunto, consultei planos de arborização de Buenos Aires, Barcelona, para saber os cuidados e as espécies que não teriam interferência nas calçadas e na fiação”, diz.
Orientação
Agora,  o que Mario foi procurar fora, qualquer morador vai poder consultar com as considerações e características tropicais de Salvador. A minuta do projeto de lei elaborado pelo Executivo foi discutida em audiências públicas até o dia 10 deste mês. O projeto proíbe o corte, a poda e a derrubada de árvore (sem autorização) ou qualquer outra ação que possa provocar algum problema ao desenvolvimento da planta. “O que acontece com frequência é a pintura da árvore. Pregam algo para expor faixas. Às vezes, ainda fazem uma calçada em cima da raiz, impedindo a entrada de água e há até casos de envenenamento”, afirma André Fraga, titular da Secis.
Em paralelo com o projeto de lei, está sendo construído pela prefeitura um Guia de Arborização, que será responsável pela difusão do conteúdo da lei e com aspectos práticos de sua aplicação. “O plano traz diretrizes macros. No guia serão apresentadas as melhores técnicas, as espécies mais adequadas, indicar as árvores que são nativas da Mata Atlântica e que são espécies adequadas para o contexto urbano”, detalha Fraga. O livreto será distribuído gratuitamente.
Sugestões 
O CORREIO procurou o coordenador do curso de Urbanismo da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Jorge Glauco Nascimento, para analisar a minuta. Inicialmente, ele  criticou a falta de uma visão a longo prazo do plano, com a necessidade de estabelecimentos de metas. “É preciso pensar a cidade como um organismo vivo. Fazer um plano de arborização exige pensar uma clara política de calçamento - qual o espaçamento ideal da calçada - e sem pensar nas redes de cabeamento e comunicação, é como colocar o carro na frente dos bois”, considera Glauco,  que é  doutor em florestas tropicais e geólogo.
O especialista questiona o caráter punitivo das multas, que devem ser reguladas pela própria Secis. “Parece que é mais pela obrigação de fazer do que pelo conforto ambiental”, acredita. Já Mario, do Apita, acha as multas uma forma de educar a população, mas crê que o plano deveria prever um calendário eficiente de plantações, aproveitando o período chuvoso, para ter mais sucesso no crescimento das árvores.
Em construção
André Fraga ressalta que o material apresentado é uma minuta, disponível para consulta pública e provocações, como as feitas por Glauco e Mario. O titular da Secis espera que essa primeira redação, elaborada por técnicos da prefeitura, sofra alterações e vá ganhando diferentes versões até o final de janeiro, quando deve ser enviada à Câmara.
Contribuições de entidades interessadas e da população, que participaram de quatro audiências públicas temáticas ocorridas entre novembro e dezembro, estão sendo analisadas por uma comissão e qualquer pessoa pode, até 31 de dezembro, enviar sugestões pelo sitewww.sustentabilidade.salvador.ba.gov.br.
Santo de casa
O plano também estabelece algumas responsabilidades para a própria prefeitura, como implantar e gerir um viveiro para produzir mudas que atendam a padrões mínimos para plantio em vias públicas. Segundo André Fraga, o Horto Sagrada Família, no Bonfim, é mantido pela prefeitura e, somente no último ano, já produziu mais de 15 mil mudas de espécies ornamentais para a cidade. A ideia é que a produção seja ampliada, atenda a mais espécies nativas de Mata Atlântica e também que o espaço sirva para programas de ação de educação ambiental para a comunidade. O Plano de Arborização Urbana integra a Política Municipal de Meio Ambiente, sancionada pelo prefeito ACM Neto em setembro.

Um comentário:

  1. Esse André é um blefe. Mora por aqui e o negócio dele é curtição.
    Sabe nada de meio ambiente, nem quer saber.
    Nunca vai fazer coisa alguma.
    E na SECIS existem biólogas de primeira linha como uma professora da UFBA (Carminha) especializada em restingas de praia.
    Já precisei fazer contato com esse pulha fanfarrão que nem se moveu. Até publiquei, na página do Rio Vermelho em Ação, no FB, uma troca de correspondência entre a Associação de meu bairro, que represento, e a resposta cínica e imbecil que me enviou.
    O negócio é fazer como esse pessoal do Itaigara.

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