Petrobras vai colocar à venda 49% da Gaspetro
Subsidiária de gás da estatal está no primeiro lote de ativos que serão usados para reduzir dívidas
BRASÍLIA e RIO - Depois de anunciar que pretende abrir o capital da BR Distribuidora ou conseguir um sócio para a subsidiária — como antecipado pelo GLOBO no fim de maio —, a Petrobras negocia a venda de outro ativo importante: a Gaspetro, dona de uma rede de quase sete mil quilômetros de gasodutos (TAG) e com participação em 19 empresas de distribuição de gás natural no país, como a Ceg-Rio. A decisão da estatal é vender 49% da empresa.
Segundo fontes que participam das discussões, as negociações já estão avançadas e há três grupos interessados em comprar parte da companhia. De acordo com uma fonte, a Petrobras pretende criar uma holding com 49% da Gaspetro para vendê-la.
A decisão de vender diretamente e não abrir o capital da empresa foi tomada pelo comando da Petrobras, depois de avaliar que é importante continuar a controlar essa empresa do grupo.
— É um ativo muito específico e queremos manter o controle. As conversas já começaram, mas, em negócios, você tem de ter paciência oriental — afirma uma das fontes.
A Gaspetro e a BR Distribuidora fazem parte de um primeiro lote de venda de ativos no programa de desinvestimento da Petrobras (cujo objetivo é vender até US$ 15,1 bilhões até 2016), que pretende aumentar a geração de caixa e reduzir o endividamento da companhia (de US$ 103,6 bilhões no fim do primeiro trimestre). É uma das estratégias para atravessar a crise causada pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, e agravada pelo baixo preço internacional do petróleo, que reduz as receitas da estatal.
A área de Gás e Energia é a que mais terá venda de ativos. A meta é se desfazer de US$ 6 bilhões até ano que vem. Segundo consultorias, o número representa quase um terço de toda a subsidiária.
Outra subsidiária integral da Petrobras, a Transpetro — responsável pelo transporte do petróleo e seus derivados, dona de navios e terminais — também pode ser vendida ao setor privado. A ideia começou a ser discutida no Conselho de Administração da empresa e a finalidade é trazer sócios privados para melhorar a governança e os níveis de eficiência da subsidiária.
A proposta é defendida pelo governo, mas não é trivial, segundo um técnico, pois a Transpetro tem uma função social, ligada à marinha mercante. Diante disso, a Transpetro, com sede no Rio e presente em vários estados, somente deverá entrar na roda de ativos à venda em uma segunda rodada.
— Transpetro é um bom ativo, mas ainda não está no radar — frisou um executivo. — O processo da Transpetro é longo. Não faz parte do primeiro lote.
Mesmo assim, há alguns estudos internos sobre como deveria ser a venda ou abertura de capital da Transpetro. Tudo, entretanto, é embrionário, destacou essa fonte. Também está fora desse primeiro lote a Liquigás, responsável pela distribuição de gás de cozinha.
A decisão de fazer o plano de desinvestimento em lotes é estratégica, já que há diferenças entre os grandes ativos a serem vendidos. Em alguns casos, a Petrobras deve optar pela abertura de capital dessas subsidiárias. Em outros, deve simplesmente vender participação ou a empresa inteira.
Abrir mão da totalidade desses ativos é a opção no caso dos ativos mais simples, explicou uma fonte.
Segundo uma fonte do governo, a Petrobras dará prioridade à venda de ativos que tragam receitas em dólar para enfrentar o endividamento da empresa. Estão na roda investimentos nos Estados Unidos — como campos no Golfo do México —, na América do Sul e na África, onde opera em parceria com uma empresa pertencente ao banco BTG.
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