quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A PETROBRÁS PRIVATIZANDO

Petrobras vai colocar à venda 49% da Gaspetro

Subsidiária de gás da estatal está no primeiro lote de ativos que serão usados para reduzir dívidas

Gaspetro Homem trabalhando na Estação de Distribuição de Gás de São Francisco do Conde Foto: ago.2012 / Divulgação

BRASÍLIA e RIO - Depois de anunciar que pretende abrir o capital da BR Distribuidora ou conseguir um sócio para a subsidiária — como antecipado pelo GLOBO no fim de maio —, a Petrobras negocia a venda de outro ativo importante: a Gaspetro, dona de uma rede de quase sete mil quilômetros de gasodutos (TAG) e com participação em 19 empresas de distribuição de gás natural no país, como a Ceg-Rio. A decisão da estatal é vender 49% da empresa.

Segundo fontes que participam das discussões, as negociações já estão avançadas e há três grupos interessados em comprar parte da companhia. De acordo com uma fonte, a Petrobras pretende criar uma holding com 49% da Gaspetro para vendê-la.

A decisão de vender diretamente e não abrir o capital da empresa foi tomada pelo comando da Petrobras, depois de avaliar que é importante continuar a controlar essa empresa do grupo.
— É um ativo muito específico e queremos manter o controle. As conversas já começaram, mas, em negócios, você tem de ter paciência oriental — afirma uma das fontes.

A Gaspetro e a BR Distribuidora fazem parte de um primeiro lote de venda de ativos no programa de desinvestimento da Petrobras (cujo objetivo é vender até US$ 15,1 bilhões até 2016), que pretende aumentar a geração de caixa e reduzir o endividamento da companhia (de US$ 103,6 bilhões no fim do primeiro trimestre). É uma das estratégias para atravessar a crise causada pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, e agravada pelo baixo preço internacional do petróleo, que reduz as receitas da estatal.

A área de Gás e Energia é a que mais terá venda de ativos. A meta é se desfazer de US$ 6 bilhões até ano que vem. Segundo consultorias, o número representa quase um terço de toda a subsidiária.

Outra subsidiária integral da Petrobras, a Transpetro — responsável pelo transporte do petróleo e seus derivados, dona de navios e terminais — também pode ser vendida ao setor privado. A ideia começou a ser discutida no Conselho de Administração da empresa e a finalidade é trazer sócios privados para melhorar a governança e os níveis de eficiência da subsidiária.

A proposta é defendida pelo governo, mas não é trivial, segundo um técnico, pois a Transpetro tem uma função social, ligada à marinha mercante. Diante disso, a Transpetro, com sede no Rio e presente em vários estados, somente deverá entrar na roda de ativos à venda em uma segunda rodada.

— Transpetro é um bom ativo, mas ainda não está no radar — frisou um executivo. — O processo da Transpetro é longo. Não faz parte do primeiro lote.

Mesmo assim, há alguns estudos internos sobre como deveria ser a venda ou abertura de capital da Transpetro. Tudo, entretanto, é embrionário, destacou essa fonte. Também está fora desse primeiro lote a Liquigás, responsável pela distribuição de gás de cozinha.

A decisão de fazer o plano de desinvestimento em lotes é estratégica, já que há diferenças entre os grandes ativos a serem vendidos. Em alguns casos, a Petrobras deve optar pela abertura de capital dessas subsidiárias. Em outros, deve simplesmente vender participação ou a empresa inteira. 

Abrir mão da totalidade desses ativos é a opção no caso dos ativos mais simples, explicou uma fonte.

Segundo uma fonte do governo, a Petrobras dará prioridade à venda de ativos que tragam receitas em dólar para enfrentar o endividamento da empresa. Estão na roda investimentos nos Estados Unidos — como campos no Golfo do México —, na América do Sul e na África, onde opera em parceria com uma empresa pertencente ao banco BTG.


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