sábado, 19 de dezembro de 2015

O PUXADINHO NOSSO DE CADA DIA



No centro histórico, um puxadinho – protuberância ilegal modificando a volumetria inicial de um imóvel – ganhou notoriedade oficial a partir de uma denúncia publicada no facebook e no meu blog. Após ter virado manchete n´A Tarde, fiscais do IPHAN acabaram autuando a proprietária da ladeira do Carmo.

Que em nada se abalou. Terminou a obra e colocou a excrecência à venda pelo polpudo preço de R$150 mil. A vizinhança afirma agora que, diante da total omissão dos poderes públicos, outro dono de imóvel na mesma rua também está para levantar um andar ou mais.

 E por que não? No bairro de Santo Antônio, se parecendo cada mês mais com subúrbio, edifícios de vários andares são construídos sem o mínimo alvará. Se amanhã, após uma boa chuvarada, algum desabar, matando e ferindo moradores e transeuntes, quem será responsabilizado? Quem pagará as indenizações? O Estado? Risada! .... Quando? Mais risada!


Há uns dez anos o IPHAN embargou a obra clandestina de uma moradora da rua Direita de Santo Antônio. A dita obra cortava a visão da Pousada do Boqueirão e da minha casa sobre a baía. O Etelf veio e embargou. Efeito zero. Obra concluída com muito porcelanato, inaugurada com montes de convidados indiscretos que corujaram sem pudor minha intimidade. 

Graças a um doutor (ou bacharel?) em direito, o Etelf virou fumaça. Hoje os puxadinhos para cima ou para o fundo aparecem diariamente sem que o IPHAN ou a Sucom se dignem em controlar a endemia de descaraterizações do centro histórico. O doutor (ou bacharel?) declarou ter mandado, no princípio do ano, fiscais atuarem algumas centenas de proprietários no Santo Antônio por obras irregulares. Até a data, você viu o resultado? Não? Nem eu! 

O ano está definhando e o centro antigo perdendo inexoravelmente seu diferencial. Continuam as agressões a um patrimônio que, por enquanto, ainda é da humanidade. Felizmente para nós, a UNESCO tem mais o que fazer.

Um comentário:

  1. Essa aberração é generalizada na cidade. Há poucos fiscais e maioria é corrupta, há nenhuma vontade política. Stella Maris é um bairro horizontal - no máximo de sobrados. Além do muitos puxadinhos há verdadeiros edifícios construídos sem alvará, como os 4 andares - cada um de mais de 3 metros de pe direito, de um corretor de imóveis da região

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