sexta-feira, 4 de setembro de 2015

LAGUNA, IPHAN E MEMÓRIA URBANA


Convidado pela Universidade Federal de Santa Catarina para o seminário “2° memória urbana”, organizado pela Faculdade de Arquitetura, tive a oportunidade de conhecer a bonita cidade de Laguna e a difícil tarefa de falar do fracasso que foram estes 30 anos de “reabilitação” do centro histórico de Salvador. 

Estabeleci, logo de entrada, um paralelo entre Salvador e Cartagena de Índias, ambas tombadas em 1985. Não escondi nada da leviandade das autoridades em se tratando de um patrimônio definido como sendo da humanidade pela UNESCO a pedido – não esqueçamos - do governo brasileiro. Desde a retirada das pedras portuguesas até a derrubada dos 31 casarões passando pelo desprezo ao ser humano, os 1500 imóveis vazios, nossa campanha “Aqui podia morar gente”, o abandono da igreja de São Francisco, com seu pátio e azulejos barrocos, o arruinamento do cinema-teatro Jandaia, as fachadas pintadas com cores berrantes sem qualquer pesquisa, parecendo propaganda de pintura acrílica – mostrei como Veneza tratava do assunto - a agressão sonoro-sísmica dos shows no Pelourinho, minha palestra evidenciou a criminosa incúria de nossos gestores. 

Na verdade, ninguém, entre os respeitáveis historiadores/arquitetos convidados, se surpreendeu com as denúncias, sempre comprovadas por fotografias. A incompetência da Dircas/Conder, as omissões coniventes e outros desmandos do IPHAN/Bahia já eram conhecidos de todos. Soube até de uma comissão de inquérito do ICOMOS que deve, em breve, vir de Brasília para avaliar a gravíssima situação da memória material de Salvador. 

Falei de meu projeto de mandar à UNESCO um relatório pessoal sobre a longa agonia de nosso centro histórico, mesmo sabendo da anterior denúncia do Instituto dos Arquitetos da Bahia. A situação está chegando a tal nível de degradação que todo e qualquer cidadão consciente tem a obrigação de se manifestar, se opondo a tamanha leviandade.

 O escandaloso abandono 
do convento de São Francisco



 O desaparecimento dos azulejos barrocos


 A falta de compromisso com a pesquisa
 de cores originais


 Como envelhecem as tintas acrílicas


 A total falta de fiscalização 
do IPHAN e da prefeitura


 A campanha "Aqui podia morar gente"


 A tentativa de processo


 O ato público a favor do acusado


A Feira do Solar
  


Um comentário:

  1. Muito bom, Dimitri! Com objetividade e concisão, você expôs bem o como anda a situação. - ou melhor, o como se (des)faz uma situação.

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