sábado, 26 de setembro de 2015

PREGUIÇA


Maiara Liberato: o lado bom e ruim da preguiça

Maiara Liberato: o lado bom e ruim da preguiça


A preguiça remete as pessoas a experiências positivas e negativas. Pode-se pensar na possibilidade de permanecer um tempo a mais na cama num domingo de frio, assistir a um filme com o(a) parceiro(a) esparramado no sofá em qualquer noite dessas ou lembrar-se do colega de trabalho que nunca cumpre os prazos e deixa as suas tarefas por fazer, sobrecarregando os demais e comprometendo o resultado de toda uma equipe.
Ao estudar sobre esse assunto, tive um grande aprendizado através da fala de Dr. Dráuzio Varela, em um dos seus artigos: “o exercício físico vai contra a natureza humana”, uma vez que a escassez de alimentos na natureza “fez com que os animais adotassem a estratégia de reduzir o desperdício energético ao mínimo” e esse comportamento moldou o metabolismo de toda a espécie. Indo um pouco além do físico, essa procrastinação pode abranger também as dimensões intelectuais e emocionais dos indivíduos.
Então, se o corpo não ajuda, qual a saída? Utilizar o nosso grande diferencial em relação às demais espécies: o nosso poder de raciocínio para colocar em prática o que é necessário, embora não tão desejado, levantar e se mexer. “A disciplina é o contraponto da preguiça”, bem colocou o publicitário Maurício Magalhães, em consonância com Dr. Dráuzio e outras pesquisas sobre o assunto.
Estratégias para sair do marasmo
Os estudos apontam que cinco minutos de movimento podem fazer com que as pessoas se envolvam nas tarefas e o corpo comece a ter disposição para dar continuidade à atividade iniciada, seja malhar, arrumar o quarto ou entregar aquele relatório que já está atrasado há Outra estratégia para começar algo é dizer para si “vou fazer isso por, apenas, cinco minutos”, pois esse tempo é tão curto e custará quase nada de esforço, que “não irei refutar”. Começar pelo mais simples também ajuda, mas é preciso ficar atento às desculpas que damos para nós mesmos, tendo sempre em mente o ensinamento de Dr. Dráuzio de que o nosso corpo atuará de forma a evitar o esforço. Então, mais do que nunca temos que incutir em nós o senso de responsabilidade e dever.
Não pare para pensar se você quer ou não fazer, se tem vontade, apenas faça! Comece, sem pensar. Acorde dizendo para si: Faça! Faça! Faça!
Descanso x Preguiça
O direito ao ócio, ao repouso merecido pelo trabalho realizado não está em discussão. É um direito e não um privilégio, pois o corpo precisa recuperar as energias para executar outras tarefas. Além disso, a vida tem outras áreas como o social, o individual, o casal, além do exercício profissional do dia a dia. A grande questão é quando as pessoas decidem descansar
Algumas pessoas são bastante ativas e trabalham muito, mas como bem colocou o cantor e compositor Manno Góes: “Eu tenho uma preguiça seletiva. Sou um cavalo para fazer coisas que amo”. Às vezes, não gostamos de determinadas tarefas, então, podemos tentar negociar com nossos pares a execução dela, caso não seja tão custosa para eles e vice-versa.
Um amigo sempre me diz “A vida precisa de pausa!” e concordo com ele. Aliás, as recompensas dessas paradas já foram difundidas mundo afora pelo sociólogo italiano, Domenico de Masi, na sua obra O Ócio Criativo, em que fala que as grandes criações do ser humano ocorrem, justamente, nos estados de relaxamento, quando ele esquece das pressões e dá livre curso à imaginação. Nesse momento, a energia flui naturalmente, favorecendo a criatividade inata de cada indivíduo.
Possíveis causas da preguiça
Antes de mais nada, pare para refletir acerca das possíveis causas da sua prostração. Afinal, segundo o psicólogo e terapeuta Gustavo Ban, “O pecado da preguiça é eu não perceber que estou desconectado de alguma parte minha”. O que é que não está bom? Por que você não encontra disposição para fazer o que precisa ser feito?
Apesar de ser considerada um pecado capital, essa falta de vontade para realizar tarefas pode estar associada a algumas doenças. Mas as pessoas não levam essa questão muito a sério, sempre atribuindo esse comportamento a uma má vontade alheia. “Ninguém chega ao consultório e diz, tenho preguiça! Quando a pessoa chega, é fruto de algo mais avançado, de algum transtorno, que já se instalou, como a depressão”, enfatiza Ban.
Que não se confundam as pessoas com perfil moroso, que muitas vezes podem estar sempre dispostas a colaborar, mesmo que num ritmo lento, com pessoas que estão sempre a postergar as ações ou transferir as suas funções e responsabilidades para terceiros.
De acordo com Ban, “A preguiça pode ser um mecanismo de defesa para não revelar certas inseguranças. Outro ponto importante a observarmos é que, quando alguém tem um comportamento negativo, a exemplo de uma preguiça acentuada, em que a pessoa “terceiriza” as suas responsabilidades com frequência, sem negociar com os demais, e esses outros assumem continuamente essas tarefas, eles são tão responsáveis quanto os procrastinadores, uma vez que estão atuando de maneira a reforçar essa acomodação.
Ban colocou com propriedade essa questão ao reproduzir uma frase que pensa ser de D.Hélder Câmara: “As pessoas não foram feitas para serem carregadas no ombro e, sim, no coração”. Não poderia haver lição melhor para o nosso entendimento da questão e, posterior atuação, de forma a corrigir em nós esse comportamento de “salvadores da pátria”. Se o outro se omite, não seja você a assumir a responsabilidade alheia. Cada qual com o seu cada qual.
A vida precisa de propósito
Quando fazemos algo com prazer ou que tenha um significado, naturalmente, temos estímulo interno para realizar as ações necessárias. Então, a cada tarefa que urge cumprir, pense na importância desse fato e nas consequências de ficar inacabado. O que é importante nos Roberto Sá Menezes, economista e gestor de mais de 5.500 colaboradores, disse estar sempre preocupado em descobrir o que dá estímulo às pessoas, para que elas saiam do estado de preguiça e produzam. “É importante ter uma política da instituição para manter o indivíduo estimulado, em torno de uma causa”. E a dele está bem definida e clara, uma vez que o seu trabalho de Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Bahia é voluntário.
Então, procure a inspiração para o fazer. Busque o incentivo interno, que a energia necessária virá. Ban reforça esse importante ponto, ao frisar: “O estímulo principal é ter uma vida recheada e inundada saborosamente com sentido” para ter “mais vida nos anos do que mais anos na vida”, como bem completou Maurício Magalhães. Qual o seu propósito? Descubra! Pois, uma vida sem propósito não vale a pena ser vivida, pois não há nela valor algum.

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