terça-feira, 4 de agosto de 2015

DESERTIFICANDO SALVADOR

Capital perde o dobro de árvores em um ano

Jessica Sandes
Técnicos da Sucop removeram vários espécimes que estavam plantados ao longo da av. Cardeal da Silva - Foto: Raul Spinassé | Ag. A TARDE
Técnicos da Sucop removeram vários espécimes 
que estavam plantados ao longo da av. Cardeal da Silva
O número de árvores derrubadas - cortadas pela raiz - em Salvador mais que dobrou em menos de um ano. Até outubro de 2014, exatas 1.693 espécies foram retiradas das ruas da capital baiana, enquanto que, durante todo o ano de 2013, foram ceifadas 805 árvores.
Os dados são da Superintendência de Conservação e Obras Públicas de Salvador (Sucop). O órgão informa que o aumento se deve ao trabalho das novas empresas terceirizadas para realização de obras na cidade.
O diretor da Sucop, Luciano Sandes, explica que a erradicação dos vegetais é feita após análise de campo desenvolvida por seis engenheiros agrônomos.
Segundo ele, as árvores são cortadas quando quebram passeios públicos; levantam muros ou propriedades privadas; apresentam insegurança à população ao escurecer ruas e avenidas; possuem parasitas que as levam à morte; e correm o risco de cair. "Às vezes, as raízes quebram as tubulações de esgoto e drenagem, causando transtorno ao município", disse.
Luciano estima que cerca de 60% dos vegetais de Salvador estão infectados com o parasita erva-de-passarinho, cientificamente chamado de Struthanthus flexicaulis. "As árvores passaram muito tempo sem ser podadas e essa praga avançou demais em muitas delas, que não conseguem se recuperar".
Professora do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Maria Aparecida de Oliveira garante que o parasita pode ser contido e as árvores podem ser recuperadas, na maioria dos casos.
Manutenção
Para Maria Aparecida, o "grande segredo" para preservar as árvores da cidade é a manutenção. "É claro que existem casos gritantes, em que os vegetais precisam ser erradicados, mas, na maioria, o melhor a se fazer é dar manutenção. Cortar é muito mais fácil, mas nem sempre é o melhor a se fazer".
A professora explica que a vegetação melhora a qualidade do ar e equilibra a temperatura da cidade. "Mas também não podemos deixar de cortar as árvores doentes, com risco de cair. É preciso analisar o melhor a ser feito, que também pode ser uma poda severa".
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou, por meio da assessoria de comunicação, que não é contra o corte de árvores em centros urbanos.
De acordo com o Ibama, quem determina essa ação é a prefeitura de cada cidade. Assim, se a espécie for prejudicial à população ou à estrutura do município, deverá ser erradicada.
Presidente da Associação de Moradores da Barra, Regina Martinelli assegura que os residentes do bairro estão incomodados com a perda de árvores, em virtude da reforma do local. "Entre as doentes e as que atrapalhariam a obra, 24 árvores foram retiradas e não foram replantadas. Temos que aprender a adequar os passeios às árvores".

Um comentário:

  1. A população precisa cortar esse mal pela raiz do poder público. Um abraço!

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