segunda-feira, 10 de novembro de 2014

HISTÓRIA INDESEJÁVEL DA IMPRENSA

Vasculhando armário em busca de uma receita oftalmológica, deparo-me com esta foto de 1980, um documento de fato da história sociopolítica para nunca mais voltar. Resolvi postá-la, no momento em que mentes diversas, tresloucados e obtusas, descontentes com o resultado eleitoral, pregam, em desrespeito à democracia, a volta de militares ao poder, em tudo e por tudo desaconselhável. 
Trata-se de um encontro do general Ernesto Geisel, já então ex-presidente (o penúltimo da ditadura) com a imprensa, em um jantar no Clube Baiano de Tênis, ao qual estavam presentes não só diretores de redação e jornalistas da reportagem política local, como correspondentes e chefes de sucursais do jornalões do sul. 
Na foto, pela ordem, o jornalista Jorge Calmon, então diretor de redação de "A Tarde", o presidente Geisel, eu, então chefe da sucursal do Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, e Juracy Costa, então chefe da sucursal da revista "Veja" (dos quatro, graças a Júpiter, só eu estou vivo). 
A reunião foi convocada para uma entrevista à imprensa do presidente, que visitava a Bahia, com um detalhe, histórico quanto insólito: podiam-se fazer perguntas, mas eram terminantemente proibidas anotações, com caneta ou o que fosse, e uso de gravadores. 
Na porta, logo na entrada, homens da segurança faziam a advertência proibitiva. Choveram perguntas e, faça-se justiça ao general, ele respondeu a todas. 
E aí vem o melhor, digno de registro na história do jornalismo baiano, mesmo que anedótica. Que fazer, depois de tantas perguntas e respostas? 
Conto o que sucedeu comigo.Finda conversa e o jantar, saímos eu, Juracy Costa, João Santana (esse mesmo hoje príncipe do marqueting político na campanha da presidente Dilma, então apelidado carinhosamente de Patinhas) e mais um, de cujo nome e veiculo de imprensa não me recordo, e marchamos todos para um botequinho da moda, o Zanzibar, que ficava na Federação. 
Lá sentamos e cumprimos o que antes havíamos acordado: cada um fixava a resposta à pergunta que fizera e de outros locais, o que fosse possível; na hora, isto é, na mesa do barzinho, cada um foi falando, os outros anotando o falado, entre copos de cerveja...
Não sei o destino das anotações dos colegas e seus textos; sei que o que anotei e escrevi deu manchete de primeira página, chamando para a cabeça da terceira. Em tempo: fotos não foram proibidas, mas apenas limitadas a cliques antes do jantar e da entrevista. 
A foto que vai abaixo saiu no jornal "A Tarde", na edição de 22.11.1980, (fará justos 34 anos dentro de dias), com a seguinte legenda: "O ex-presidente jantou com jornalistas e enfrentou firme a sabatina". (rsrsrs).
Alguém um dia contará essa história, desde que no jornalismo navegar também é preciso...
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