A casa de Pierre Cardin
Com vários módulos redondos de concreto e vidro, o palácio do estilista em Cannes está longe de ser tradicional. Nem o dono sabe quantos cômodos tem o complexo
Por Marina Caruso - Théule-sur-Mer (França)
Nem parece uma casa – mas é. No pequeno povoado francês de Théule-sur-Mer, a menos de 50 quilômetros da Côte d’Azur, um dos mais agitados e sofisticados balneários do mundo, desponta um conjunto arquitetônico inusitado, uma sucessão de bolas de concreto e vidro. As curvas do lugar, batizado de Palais Bulles (palácio bolha), geram à primeira vista um misto de encanto e estranhamento. E remetem às casas high-tech que deslumbraram gerações nos desenhos animados da família Jetson. É o palácio de verão de Pierre Cardin, ponto de encontro do perfil clássico do estilista francês com o arrojo futurista do autor do projeto, o arquiteto húngaro Antti Lovag.
Há 18 anos Cardin faz da maison a sua casa de praia. O Palais Bulles é formado por vários espaços, todos com grandes janelas de vidro. Tem 29 suítes e 40 cômodos. Ou seriam 50? “Eu mesmo não sei o número correto. Nunca terminei de contar”, confessa Cardin. Ele diz ter se inspirado em esponjas marinhas para criar o espaço com Lovag. No banheiro, até os lenços de papel trazem o emblema do estilista.
Fora da temporada de verão, o palácio abriga eventos. E que eventos. Na segunda-feira 22, a maison abrigou a festa promovida pelo empresário brasileiro Marcos de Moraes, dono da cachaça Sagatiba. Parte de uma estratégia de marketing para fazer da bebida algo tão conhecido fora do País quanto a caipirinha, a balada chique reuniu 500 vips brasileiros e internacionais. Entre eles notáveis do porte das top models Ana Beatriz Barros e Jeiza Chiminazzo, do ator argentino Gael Diários de motocicleta García Bernal e os craques brasileiros tetracampeões mundiais em 1994 Raí, Leonardo, Careca e Taffarel. Todos chacoalharam o corpo num show eletrizante de Jorge Benjor.
Em meio à turma agitada, um Cardin com a imponência de seus 84 anos passeava sereno e praticamente despercebido. Usava calça clara, paletó azul-marinho, gravata floral, lenço de seda azul com bolas na lapela e – detalhe nada fashion – um par de tênis preto e branco enfiado nos pés. Nem de longe parecia o dono do pedaço. No quintal há um anfiteatro de 370 metros quadrados para receber a nata da dramaturgia francesa.
Nas noites em que cede o complexo à fúria dos baladeiros, refugia-se num puxadinho de luxo só dele, nos fundos do palácio. “Tranco aquela parte da casa para proteger minhas coisas e venho espiar o agito aqui na frente. Mas durante os eventos gosto mesmo é de dormir numa outra propriedade que possuo, ao pé da montanha.” Uma noite de aluguel no paraíso do estilista não sai por menos de US$ 40 mil.
Ele garante que se diverte. “Gosto de saber que o melhor
do festival de cinema de Cannes acontece aqui. E mais: tratando-se de uma festa brasileira, fiz questão de vir conferir o agito.” Pelas suas contas, já visitou o Brasil mais de 15 vezes. “É um país maravilhoso. Conheço de Manaus a São Paulo”, derrete-se, antes de desmentir com veemência os boatos de que estaria disposto a vender seu palaisparticular. “De jeito nenhum. Felizmente, só compro coisas, jamais vendo”, deixou claro. Sua última operação parece confirmar a tese. Recentemente, adquiriu um castelo, também na França, que havia sido do Marquês de Sade.
do festival de cinema de Cannes acontece aqui. E mais: tratando-se de uma festa brasileira, fiz questão de vir conferir o agito.” Pelas suas contas, já visitou o Brasil mais de 15 vezes. “É um país maravilhoso. Conheço de Manaus a São Paulo”, derrete-se, antes de desmentir com veemência os boatos de que estaria disposto a vender seu palaisparticular. “De jeito nenhum. Felizmente, só compro coisas, jamais vendo”, deixou claro. Sua última operação parece confirmar a tese. Recentemente, adquiriu um castelo, também na França, que havia sido do Marquês de Sade.
A idéia de abrigar a festa da Sagatiba nas belas e exóticas bolhas de Cardin foi do homem contratado para colocar a superbalada de pé: o inglês Andrew Douglas, diretor da Innovision, uma das maiores empresas de organização de eventos da Europa. Além de aproveitar o potencial dos vips do Festival de Cinema de Cannes, ele fez com que a jornada se tornasse inesquecível sob o ponto de vista arquitetônico. Deu um tiro no alvo.
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