Cinco minutos foi o tempo necessário para a UNESCO aprovar, esta manhã em Paris, a inscrição do cante alentejano na lista representativa do património cultural imaterial da humanidade. Paris ouviu os homens de Serpa.
A nomeação portuguesa foi considerada “exemplar” pelo órgão de avaliação da UNESCO – o chamado “corpo subsidiário” – cujos membros se declararam “unânimes sobre a qualidade desta candidatura”.
Portugal foi convidado a “intervir para partilhar a sua alegria” e 21 membros do Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa, todos homens, surgiram em palco nos seus trajos rurais, chapéus pretos e cajados, e cantaram , durante breves minutos, a canção Alentejo, Alentejo. Telemóveis e tablets despontaram um pouco por toda a grande sala da UNESCO, para registar o momento.
O cante é a terceira nomeação portuguesa a ser consagrada internacionalmente pela UNESCO, depois do fado em 2011, e da dieta mediterrânica em 2013 (uma candidatura apresentada em conjunto com Espanha, Marrocos, Itália, Grécia, Chipre e Croácia). A lista representativa do património cultural imaterial da humanidade existe desde 2008 e nesta reunião os delegados têm de analisar 46 candidaturas.
“É de salientar a importância destas duas candidaturas, a do fado e esta”, disse ao PÚBLICO o cantor Vitorino, presente na sede da UNESCO, em Paris. “O fado é muito solitário e individual. O cante é uma expressão colectiva – ele implica entre 18 e 30 vozes. É inclusiva. É muito atenta ao movimento social.” O cantor, que tem inscrito o cante no seu trabalho musical, acredita que o reconhecimento do mesmo como património da humanidade “vai eternizá-lo”.
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