O esquema terá sido detectado pelos investigadores judiciais através das escutas realizadas ao ex-primeiro-ministro, adiantam esta segunda-feira os jornais Correio da Manhã, Público e Diário de Notícias. Interrogatório recomeça esta manhã no Tribunal de Instrução Criminal.
O motorista de José Sócrates serviria como correio, transportando dinheiro para o ex-primeiro-ministro entre Lisboa e Paris, onde este tem vivido nos últimos anos. A notícia é avançada esta segunda-feira pelos jornais Correio da Manhã, Público e Diário de Notícias, segundo os quais o motorista será mesmo uma das chaves da investigação.
João Perna é um dos quatro detidos no âmbito da investigação que as autoridades baptizaram como "Operação Marquês" e terá sido fotografado pelos investigadores a transportar malas com o que se presumia serem elevadas quantias em dinheiro. A informação terá sido depois confirmada pelas escutas montadas pelos investigadores.
Além disso, acrescenta ainda o Correio da Manhã, o motorista terá posto à disposição do ex-primeiro-ministro uma conta bancária pessoal, pela qual este poderia efectuar transacções financeiras susceptíveis de configurar o crime de branqueamento de capitais.
Além da conta bancária do motorista, José Sócrates utilizaria igualmente as de Carlos Santos Silva, o empresário e ex-administrador do grupo Lena, também detido e que tem sido apontado desde o início como o principal testa de ferro.
José Sócrates, que foi detido na passada sexta-feira à noite, à chegada ao aeroporto, vindo de Paris, será hoje novamente ouvido pelo juiz de instrução criminal, num interrogatório cujo início está marcado para as 9h15, segundo avançou ontem à noite o seu advogado.
O ex-primeiro-ministro passou a sua terceira noite detido nas instalações da PSP de Moscavide, o mesmo local para onde foi conduzido na sexta-feira à noite. Os demais arguidos foram já ouvidos por Carlos Alexandre e espera-se que sejam hoje conhecidas as medidas de coacção que lhes serão aplicadas.
MAS, NO PAÍS DE MADURO...
Venezuela diz que Sócrates é um líder perseguido
A imprensa venezuelana destacou hoje a detenção do ex-primeiro ministro português, José Sócrates, vincando, no entanto, que "é um líder perseguido" e que é a primeira vez que ocorre uma "chocante detenção" de "um antigo chefe de Governo em Portugal".
O jornal diz que "a oposição e a imprensa portuguesa especularam" em relação à obtenção do título de engenheiro porque um dos seus professores era militante socialista
"José Sócrates é um líder perseguido pela sombra da dúvida, o seu nome também circulou no escândalo 'Face Oculta' que envolveu 36 acusados por uma rede de tráfico de influências, fraude, corrupção e branqueamento de dinheiro, entre eles Armando Vara, amigo de Sócrates e ex-ministro do Governo de António Guterres (1995-2002)", diz o diário El Universal.
Segundo o jornal "o dirigente socialista de 57 anos, tem-se visto questionado" noutros processos, entre eles pela "duvidosa obtenção do seu título de engenheiro numa universidade privada" e "pelo caso imobiliário Freeport (...) iniciado por uma denúncia anónima em 2004".
"Investigou-se, concretamente, o papel de Sócrates na atribuição de licenças de construção deste centro comercial numa área próxima a um espaço protegido ao estuário do Tejo. Depois de anos de investigação o assunto foi arquivado sem nem sequer o dirigente socialista comparecer perante a Justiça".
O jornal diz que "a oposição e a imprensa portuguesa especularam" em relação à obtenção do título de engenheiro porque um dos seus professores era militante socialista e precisa que também houve escutas telefónicas por alegadas compensações ilícitas a um parque tecnológico do ex-futebolista Luís Figo a troco de apoio na campanha eleitoral de 2009.
"No entanto todos os acusados por este processo acabaram por ser absolvidos em 2013. Outro caso, com Sócrates pelo meio, foi o da entrada da operadora Portugal Telecom na Média Capital, filial de Prisa e dona da TVI (...) parte da imprensa associou-o com o caso Monte Branco, uma mega-investigação sobre fraude fiscal e branqueamento de capitais na qual está envolvido Ricardo Salgado, antigo líder do extinto Banco Espírito Santo", afirma o mesmo jornal.
O diário El Nacional destaca que "detêm o ex-primeiro ministro português José Sócrates por causa de fraude", sublinhando que o político luso "visitou o ex-Presidente Hugo Chávez em 2010" e que esteve no cargo entre 2005 e 2011.
Segundo o Notitarde, "Sócrates, nascido em 1957, é considerado um dos 'barões' do Partido Socialista português" e em 2005 "ganhou as eleições com maioria absoluta".
Por outro lado o diário El Clarín destaca que o político português "e outras três pessoas foram detidas numa investigação por suspeitas de fraude fiscal, corrupção e branqueamento de dinheiro".
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