FUI A FEIRA DO AXÉDROMO

Gosto de feiras e mercados. Dos souks marroquinos de minha infância ainda lembro dos cheiros. Na Feira da Luz, norte de Lisboa, ia comer leitão assado e comprar pratos de barro. Não perderia por nada o mercado de velharias e antiguidades da parisiense Porte de Vanves, nem o Portobello em Londres. 

E a delícia que são as feiras livres do Rio de Janeiro? E aquele livreiro paulista aos sábados da Benedito Calixto?

Assim que não podia faltar à feira gastronômica do Farol da Barra. Excelente iniciativa da prefeitura, preocupada em humanizar a área e devolver a cidade aos bípedes. Comi deliciosos espetinhos de frango no japonês  Yaki Tori San e batatinhas que derretiam na boca na parilla argentina Los Hermanos.  

Mas, meus amigos, como sofri com a falta de cadeiras para sentar a beber uma geladinha e mais ainda, com a falta de sombra! Era princípio de outubro. Imaginem se a feira sobreviver até janeiro!

Na verdade, se a idéia é digna de muitos aplausos, é evidente que os responsáveis nunca permanecem por longas horas neste banho turco à beira-mar plantado. O que mais me incomoda é a impressão de que a maior preocupação ao reabilitar tão nobre espaço foi mais em função do próximo carnaval que no uso diário desta fatia da costa. E estas palmeiras, já crescidas, colocadas em vasos meia-bola sem o mínimo espaço para as raízes? 

Tortura ecológica.  Já devem ter morrido. 

Será que nosso prefeito idealizava uma coleção tropical de bonsais? Já posso afirmar: não vai dar certo, Excelência! O que nós realmente precisamos é de árvores. Grandes e frondosas, daquelas onde crianças cochilam e velhos podem fugir do AVC. 

Já imaginou o que seria a mesma feira a sombra de árvores amigas? Mas vivemos hoje numa sociedade cujos edis só querem saber de palmeiras. Imperiais ou não.  

Pois eu sou da velha guarda: sonho em amendoeira, oiti, flamboyant, mangueira, jacarandá, quaresma, ipê e - porque não? - pau Brasil...