O vinho é um produto mediterrânico que cedo se procurou introduzir nos Açores, tendo vindo os primeiros bacelos, muito provavelmente, da Ilha da Madeira, ainda em finais do século XV.
Mau grado as deficientes condições edafo-climáticas na generalidade dos solos açorianos, algumas ilhas, e designadamente certas zonas costeiras de solos pedregosos (biscouto e lajido) impróprios para a cultura cerealífera, demonstraram boa aptidão para a viticultura.
A videira cresce bem na costa sul de Santa Maria; nos Biscoutos, na costa norte da Terceira;
nas imediações de Santa Cruz da Graciosa e em algumas fajãs de São Jorge.
No conjunto das ilhas açorianas destaca-se, porém, a ilha do Pico, onde a cultura da vinha constituiu, ao lado da pastorícia, a principal atividade económica e logrou alcançar um volume de negócio e uma rede internacional de mercados de consumo, com destaque para as colónias americanas e os portos do norte da Europa, que culminaria nos séculos XVIII e XIX, até que, em meados de oitocentos, o oídio, logo seguido da filoxera, vieram atacar as plantações e instalar uma crise profunda na economia picoense, com amplas consequências sociais e demográficas.
A principal particularidade da cultura da vinha nos Açores, modeladora do caráter da paisagem, consiste na infra-estruturação dos terrenos, traçados numa quadrícula de malha apertada formada por pequenos muros de pedra chamados curraletas ou currais.
Na ilha do Pico, uma vasta parcela desta paisagem da cultura da vinha, com uma área de cerca de trinta quilómetros quadrados, abrangendo os concelhos de Madalena e São Roque, foi mesmo reconhecida pela UNESCO em 2004 como Património da Humanidade. [A: Isabel Soares de Albergaria, 2016]
Bibliografia: Gaspar 2005; Meneses 2011; Veloso 1988.
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