quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

SEM ELE, O DILÚVIO?


Augusto Sampaio

Em recente artigo (ATarde, 28/11/15), ilustre médico distribuiu puxões a torto e a direito, quase arrancando as orelhas de um juiz e dos colegas em geral. Sem ele, o dilúvio? 

Resultado de imagem para FOTOS DE fosfoetanolamina

Dentre as reprovações, bradou contra a fosfoetenolamina, droga de possível efeito anticâncer, mas não liberada pela Anvisa. Penso de modo semelhante, mas os desesperados devem ter voz. Sabine Righetti, jornalista e doutoranda em política científica pela  Unicamp declarou: “sou cientista, sim, mas também a filha de Carmen e sei que é insuportável ver a minha mãe – sempre tão falante, animada e forte como uma típica alemã – definhar… que se danem os protocolos científicos”.

Tornada famosa, a substância já era conhecida dentro da USP há pelo menos 10 anos, mas somente agora é que foi exposta ao respeitável público sua presumida ação anti-câncer. 
Daí, os desenganados ou perto disso, passarem a implorar por ela, sem saber  que o uso em humanos depende de uma cadeia de testes. Claro que assim deve ser, mas, uma pergunta: para os doentes que recentemente conheceram esse potencial medicamento inteiramente fabricado em nosso país, já desesperançados, aplicar-se-ão todos os rigores da técnica? 

Presumidos riscos estarão acima do direito de uma inesperada chance de sobreviver? Ora, se não adotamos a pena capital e consta que foram realizados ensaios em animais, os enfermos graves terão que, resignados, aguardar conclusões que podem levar anos?

Experimentos em anima nobili obrigam a dar conhecimento prévio ao doente sobre possíveis riscos, tudo documentado, com a assinatura do paciente e/ou de um familiar próximo e com testemunhas. Neste caso, caberia também à justiça zelar pelos moribundos? Obviamente sim, ainda que a ciência considere serem os resultados, imprecisos. Diante disso, o certo seria disponibilizar cuidadosamente a fosfoetanolamina, sem negligenciar a continuação das pesquisas.

Depois de o STF ter concedido liminar favorável a um paciente, o desembargador José Renato Nalini, do STJ, retificou sua decisão que vetava o acesso público à droga. Deve ter concluído que a compaixão, gêmea da esperança, pode e deve sensibilizar a justiça.  Sentenciou: “não se pode ignorar os relatos de pacientes que apontam melhora no quadro clinico”. Agora, o governo paulista solicitou ao Ministério da Saúde o uso compassivo da droga, decerto pelo erro estratégico da USP.
Ainda sobre ouvidos, os meus arderam ao ler, horrorizado, outras censuras, agora pelas dosagens da vitamina D sem provas de seus benefícios e por receitarmos esse nutriente mais do que antes. Sem espaço para o contraditório, reconfirmo: as evidências da importância da vitamina D, no fim sintetizada como hormônio, nos rins, são incontestáveis.


A quem interessar possa, sugiro acessar regularmente o Vitamin D Council, criado e dirigido pelo médico americano, John Cannell. O Google ajudará, sem puxões de orelhas. 

Augusto Sampaio
asampaio56@gmail.com

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