Petrobras paga três vezes mais por petroquímica
Uma corretora de valores do Uruguai foi investigada por suspeita de ter lucrado com informações privilegiadas envolvendo o negócio
Um ano depois da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, a Petrobras fez outra aquisição polêmica. A estatal pagou por uma petroquímica três vezes mais do que a empresa valia no mercado. Uma corretora de valores do Uruguai foi investigada por suspeita de ter lucrado com informações privilegiadas envolvendo o negócio.
Por trás de mais este negócio bilionário da Petrobras, estava o ex-diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, um dos presos pela Polícia Federal na Operação Lava a Jato. Costa ocupou um cargo estratégico na Petrobras durante a administração de José Sérgio Gabrielli.
Com o aval do conselho de administração da estatal, então presidido por Dilma Rousseff, que era ministra chefe da Casa Civil de Lula, a Petrobras foi às compras. O primeiro alvo, em 2007, foi a Suzano Petroquímica.
Avaliada na bolsa de valores de São Paulo em R$ 1,2 bilhão, ela foi comprada pela Petrobras por R$ 2,7 bilhões.
Deste total, R$ 2,1 bilhões foram para a família Feffer, capitaneada por Daniel. Os demais R$ 600 milhões foram para acionistas minoritários.
Além disso, a estatal assumiu uma dívida da Suzano de R$ 1,4 bilhão. O custo total foi de R$ 4,5 bilhões. Mais de R$ 2,8 bilhões de diferença entre o preço de mercado e o que a Petrobras desembolsou.
Na mesma época, outra movimentação no mercado acionário levantou suspeitas: a corretora uruguaia Vailly Sa, que nunca tinha negociado ações da Suzano, comprou papéis da companhia antes do fechamento do negócio bilionário. A corretora, ligada ao grupo Safra, foi investigada pelo Ministério Público e a Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, e para não ser processada, fez um acordo e pagou multa. Mas, até hoje, ninguém explicou como a Vailly teve acesso às informações privilegiadas do negócio.
Pouco tempo depois de ser comprada pela Petrobras, a Suzano petroquímica foi incorporada pela Braskem, que hoje detém a maioria do mercado petroquímico do Brasil.
Em 2009, o senador Álvaro Dias, do PSDB do Paraná, pediu à Procuradoria Geral da República investigação para apurar possíveis irregularidades no negócio. Até hoje não recebeu resposta.
Em nota a Braskem informou que não teve qualquer participação na aquisição da Suzano pela Petrobras. Ela afirma, ainda, que a incorporação da empresa foi feita a preço justo, com base em avaliação de um banco independente sem, porém, informar os valores da transação.
A Petrobras, os grupos Suzano e Safra e Daniel Feffer foram procurados, mas não quiseram se pronunciar.
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