domingo, 25 de maio de 2014

NO QUE DEU O COMUNISMO

As margens do Lago Lemano são uma terra de excepcional beleza na qual vivem muitos dos ricos e poderosos deste mundo. Dos vinhedos de Lavaux até Montreux, e de Lausana a Genebra, são abundantes as casas espetaculares. Mas neste quem é quem das grandes fortunas, há um bairro que brilha com luz própria e que, para os suíços, representa algo parecido ao Olimpo: se trata de Cologny.
Situado às portas de Genebra, muito perto do famoso jato d’agua e do clube náutico, neste bairro vivem altos funcionários de organismos internacionais, donos de empresas, milionários aproveitando do paraíso fiscal, filhos de vários ditadores e uma ex-estudante de medicina siberiana de 46 anos cujo nome de solteira é Elena Chuprakova.
Na antiga União Soviética, a jovem se dedicou com fervor ao estudo das matemáticas, estimulada pela mãe engenheira “que só acreditava no valor do trabalho duro”. Depois de casar-se em 1987 com um companheiro de estudos da Faculdade de Medicina de Perm, passou a chamar-se Elena Ribolovleva. Seu já ex-marido é Dmitri Ribolovlev, proprietário do clube de futebol AS de Mônaco, situado hoje na posição 119 das maiores fortunas do mundo que publica a revista Forbes, com ativos avaliados em aproximadamente 7,4 bilhões de euros (22,35 bilhões de reais). Dmitri Ribolovlev pertence a esta classe de oligarcas que de forma obscura souberam fazer fortunas inimagináveis depois da queda da URSS em 1991.
No seu caso, os milhares de milhões provém de minas de potássio, que lhe valeram o apelido de “rei dos fertilizantes”. Depois de comprar as minas de Berezniki e transformar-se em chefe da mina Uralkali, passou uma temporada na prisão em 1996, acusado de ter mandado assassinar o diretor da empresa rival, Neftejimik. Limpo pela justiça russa, se instala em Genebra com sua mulher e filha. Em 2010, submetido a pressões do círculo de Putin, vende suas empresas e se muda de forma definitiva para Montecarlo.
Dmitri e Elena tiveram duas filhas, Ekaterina, nascida em 1989 que vive nos Estados Unidos, e Anna, nascida em 2001. Na última segunda-feira, 13, se fez público uma falha do Juizado de Primeira Instância de Genebra pondo fim à união e determinando a conceder a Elena a ninharia de 4.020.555.987,80 francos suíços, ou 9,6 bilhões de reais em caráter final depois de um processo de divórcio que durou seis anos e que foi definido pela imprensa russa como “uma guerra implacável”. Segundo o veredicto, a custódia da pequena Anna fica nas mãos de sua mãe.

A atraente russa acolhe em sua mansão de Ginebra a grandes artistas
Tão cruel chegou a ser essa guerra, que em 24 de fevereiro de 2014 Elena foi presa no aeroporto de Larnaca, Chipre, acusada por seu ex-marido de ter “roubado” um anel de diamantes de 25 milhões de dólares. Detida durante vários dias, Elena acabou sendo liberada ao provar com a fatura de compra que o anel havia sido um presente de seu marido, oferecido nos dias de vinho e rosas.
Mas voltemos ao início. Uma das consequências diretas do juízo de divórcio é que Elena possua agora algo conhecido no meio como “O Buraco de Cologny”. Uma mansão em disputa que esteve na origem desta guerra matrimonial. Dmitri Ribolovlev tinha a intenção de criar neste espaço privilegiado um Petit Trianon, no estilo do Palácio de Versalhes. Um espaço espantoso com salas de concertos, piscinas subterrâneas e espaços poliesportivos. Ainda que, no momento, a única coisa que se pode ver do céu é uma gigantesca cratera, pois as obras não puderam ser iniciadas. Daí o apelido curioso do lugar.
Diferentemente de seu glamoroso ex-marido, em suas raras aparições públicas, Elena se apresenta como uma pessoa discreta, instalada na Suíça buscando qualidade de vida e uma educação impecável para sua filha. E falando em filhos, a imprensa russa dava conta de um dado curioso: enquanto Elena “põe todo o peso em uma educação de excelência e valores éticos”, seu ex-marido permitira a sua filha mais velha todos os excessos aos que os oligarcas russos parecem tão apaixonados.
Desde a compra do apartamento mais caro de Nova York por 65 milhões de euros até comprar por 125 milhões de euros a ilha Skorpios, que foi propriedade do legendário empresário grego Aristóteles Onassis, nada parece demais para Dmitri Ribolovlev.
Quando a pequena Anna tinha 11 anos, seu pai lhe propôs uma viagem a Los Angeles, onde “poderia tomar chá com Lady Gaga ou Britney Spears”, mas a mãe quis se isso acontecesse “não era porque eram amigas, mas sim porque seu pai lhes pagava dezenas de milhões de dólares para que assim o fizessem”.
A ambiciosa Elena afirma em uma incomum entrevista concedida à revista Bilan, “apreciar o sentido das regras, a confiança e o civismo” dos suíços, enquanto faz festa de sua “integração ao estilo de vida suíço” e do domínio da língua francesa. Ao mesmo tempo acusa sua ex de “nunca ter se adaptado ao estilo de vida ocidental”. Uma das razões do rompimento, à que se somariam supostas infidelidades sistemáticas.
Em geral, a atraente russa se esforça em apresentar-se como amante das artes, interessada em fotografia de qualidade ou música clássica. Tanto é assim que, disfarçada de mecenas, frequenta o muito exclusivo Festival de Verbier, estação de esqui de alto standing, onde convive com a nata dos artistas, e não é raro que receba alguns desses músicos em sua residência na mansão de Genebra. Também ajuda a financiar o Festival de Bellerive e criou uma fundação “para apoiar todas as formas de arte”. Igualmente a muitas damas da alta sociedade genebrina, ocupa suas horas com cursos de enologia, gastronomia, aprendendo a dançar tango ou dedicando-se ao remo.
Mas que ninguém pense que Elena Ribolovleva verá seus 9,6 bilhões de reais na próxima semana. Desde o primeiro momento, Anne Reiser, advogada de seu ex-marido, avisou que “o montante pretendido pela demandante seria objeto de uma revisão”, o que demonstra que haverá, sem lugar para dúvidas, uma apelação. Os representantes de Dmitri Ribolovlev deixaram bem claro que o fim dos já célebres 9,6, bilhões de reais “não tem um caráter definitivo”, o que faz pensar que seguiremos ouvindo falar do matrimônio que protagonizou o divórcio mais caro da história até o momento por muito tempo.
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO
NÃO ADIANTOU MEIO-SÉCULO DE LAVAGEM CEREBRAL NA UNIÃO SOVIÉTICA. MAL ABRIRAM AS COMPORTAS, FOI UM TSUNAMI DE CORRUPÇÃO E VIOLÊNCIA.
AMANHÃ ACONTECERÁ O MESMO EM CUBA E NA COREIA DO NORTE.

Um comentário:

  1. Quanto ao "tsunami de corrupção e violência", no caso de Cuba será apenas uma volta ao passado: até a década de 30 a ditadura odiada de Gerardo Machado e depois de San Martin foram derrubadas (com dinheiro e apoio da CIA) por Fulgencio Batista.
    Em reciprocidade ao apoio dos EUA, Batista transformou Cuba em um puteiro (literalmente, pobres mulheres pobres), quintal das bandalheiras dos norte americanos. Entre 1940 e 44 foi presidente, notório corrupto que acabou dando um golpe de estado em 52: colocou fim à ordem constitucional e virou ditador até 1958 quando Fidel Castro o derrubou. Foi Batista que acabou com o monopólio das empresas estadunidenses; impôs uma moratória temporária sobre a dívida e, sobretudo, nacionalizou a Cuban Electric Company, filial da American Bond and Foreign Power Company. Cuba não tem jeito e o problema não começou com o Fidel. É carmático.

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