Até aqui só
consegui ir a dois restaurantes incluídos no “Salvador restaurant Week” e mesmo
assim, sem sair do centro histórico. Como este ano é a quarta vez, salvo erro,
já dá para a gente analisar os restaurantes envolvidos na interessante
proposta.
Existem dois
tipos de abordagem por parte dos restauradores.
O primeiro
consiste em elaborar um menu mais preocupado com a estreita margem de lucro, já
que os preços são pré-definidos e
incluem obrigatoriamente entrada, prato
principal e sobremesa, serviço embutido. Restará pagar bebidas e café, caso
queira. No meu caso, confesso não dispensar um bom expresso.
Foi assim
que fui, hoje mesmo, com um amigo conhecedor de boa mesa, ao Arcângelo, antigo La Figa, na linda rua das Laranjeiras, a dois passos - para os preguiçosos - do
estacionamento. Decoração agradável, vista ampla sobre a cozinha. Mas... Para
início de conversa, tive que pedir o menu “Week” já que o garçom trouxera o cardápio normal. Ponto negativo.
Com a
minúscula salada caprese, os penne (massa industrial, dois tomatinhos cereja e
10 gramas de mussarela) e um tiramissu tão insosso quanto congelado, é evidente
que o chefe driblou a proposta e conseguiu lucrar. Mas sem se lembrar que
deveria ter usado típicos produtos nordestinos para criar novas ofertas. Fazia
parte das condições para participar.
Talvez
por ter feito as escolhas erradas, o banal almoço será esquecido antes do fim
do dia e demorarei muito até ter vontade de voltar a este estabelecimento.
Outra
abordagem: Sábado passado, levei minha amiga marroquina Lâmia – regressando a
Casablanca dentro de poucos dias – para almoçar no restaurante do Villa-Bahia,
sob a sombra protetora da barroquíssima igreja de São Francisco.
Sala
sofisticada sem ostentação e arejado pátio escondido entre plantas tropicais.
Uma fonte recita sua oração discreta. Pequenas mesas de madeira, cadeiras
confortáveis, louça branca que realça a apresentação do prato escolhido. No meu
caso, um gratinado antológico de inhame e banana e um peixe com farofa de
castanhas e vinagrete de pupunha fresca.
Peixe com farofa de castanha e vinagrete de pupunha fresca
Para terminar uma cocada de forno com
calda e sorvete de maracujá. Festa para os olhos e o paladar.
Cocada de forno com calda e sorvete de maracujá
É claro que
ninguém pode imaginar a mais remota possibilidade de lucro com este menu. É
aqui que reside a inteligência do chefe Guto. Ele sabe usar estas duas semanas
de gastronomia a bom preço para divulgar a excelência de seu trabalho. O
resultado? A freguesia fez fila na porta do restaurante, várias pessoas foram
recusadas por falta de espaço e o restaurante terá longa vida na memória dos
frequentadores.
Assim é que
se trabalha.
Não dá obviamente para sentir pela foto o sabor, mas a presentação deste prato está uma verdadeira obra prima!
ResponderExcluir