Maurício Nolasco de Oliveira
As manifestações de 2013 varreram a conjuntura do Brasil. Estremeceram as cadeiras do Planalto. Fizeram cair do pedestal esse governo. E tudo isso só por causa do aumento das passagens dos transportes públicos.
Assim, fico eu daqui me perguntando com os meus botões: E se tivessem sido pela Reforma Política? Ou pela Reforma da Educação? Ou pela Reforma Tributária? Ou pela Reforma Bancária? Sinceramente, limito-me pela Reforma Política. Teria sido uma revolução.
Estaríamos, hoje, com certeza, mais avançados.
O que incomoda e dá insegurança e medo é a perseguição à evidência, a reação imediata do governo e dos políticos que com ele vestem-se a caráter.
Ensaiaram uma mini-reforma política que não merece nenhum adjetivo. Sem comentários. O Supremo agora institucionalizou o financiamento público das campanhas eleitorais. Botaram pela goela abaixo o retorno da velha CPMF, o ajuste fiscal para pagar um rombo que não é nosso. Enfim, essas e outras que, certamente, ainda virão.
A sutileza da situação é a seguinte:
Nunca mais teremos a espontaneidade das manifestações de 2013, acusadas intencionalmente de “vandalismo”. E foram.
Pasmem! Mas sou a favor da “força” que na verdade não possuímos. Quero dizer, então, que sou a favor da coragem de demonstrá-la diante dos “caveirões, dos cavalos, das bombas de gás, das borrachadas e daquela tropa toda de tropeiros uniformizados e intitulados pela ordem pública escandalizada”.
Aí, depois, só muito depois, entrou em campo a classe média bem comportada, vestida de verde-amarelo como se fosse a um jogo de futebol, possuída por um sentimento patriótico peculiar, sem porrada, sem pedrada, sem gritos de guerrilha, mas, infiltrado no movimento pela ordem e pela paz um sentimentalismo nacionalista pedindo o retorno dos militares ao poder.
Besteira!!! Isso nunca irá acontecer. É conversa de quem não conhece a História do Brasil. O Golpe de 64 servia à outra conjuntura. O momento é completamente outro.
Então, para resumir, quero comentar também que os jovens de hoje não são mais como os jovens de 1968. A juventude de hoje não tem palavras, porque a ela foi cortada a palavra, não tem ‘performance’ ou o recorte da ‘mise-en-scéne’ da arte visual que a juventude de 68 possuía.
A juventude foi às ruas para manifestar a sensação de inconformidade que diz respeito a todos nós brasileiros, a sensação de impunidade e de insustentabilidade dos inúmeros desmandos que esse sistema tem produzido.
Não suportamos mais. Por essas e por outras, me espanto. Não sabemos mais em que país estamos, o que somos e o que queremos.
Este é o país sem opinião.
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