sábado, 2 de janeiro de 2016

ENDEUSAR OS GOVERNANTES


Antônio Carlos Magalhães, quando governador, podia ter muitos e graves defeitos, mas ele sabia da importância da área cultural e, no intuito de não se opor aos formadores de opinião, sempre fez o possível para valorizar os artistas que poderiam lhe dar algum retorno. Mas não vamos citar nomes. Os fantasmas são vindicativos...

Não é o que tem acontecido com nossos últimos governantes para quem a cultura não passa de cereja do bolo. Na primeira gestão do Jaques Wagner as crises de egolatria do secretário geraram reações exacerbadas. Hoje, a exagerada discrição do atual secretário – homem culto e sensível - o faz parecer abafado por assessores impertinentes. Um destes tem até orgulho em afirmar que nada entende de cultura, como se isso fosse superioridade. Aliás, o mesmo no passado comprovou também nada entender de saúde pública. Pela Bahia inteira estão a pipocar reuniões de artistas e intelectuais questionando os diktats impostos pela Secult e a total falta de diálogo.

Entre as atitudes mais esdrúxulas temos que evidenciar a forma incoerente de postergar a incontornável proposta do cineasta Cláudio Marques. O criador do conjunto de cinemas Glauber Rocha/Itau almeja a formação de plateia para o cinema nacional. Proposta baseada na política cinematográfica francesa, de comprovada eficácia, hoje realidade econômica que emprega milhares de trabalhadores e vende seus produtos em grande parte do globo. A extrema simplicidade do projeto esbarra numa administração que, infelizmente, muito preza pela burocracia. Sem contar com uma estranha alergia a toda e qualquer opinião que possa se aproximar da mais leve suspeita de sombra de crítica.  Desde já, toda uma geração de estudantes na Bahia e o próprio cinema nacional estão sendo prejudicados. 

Afinal, que democracia é essa que não admite opinião divergente e recusa dialogar? Vamos, por favor, deixar o endeusamento dos dirigentes para a Coreia do Norte!



Um comentário:

  1. Chamar o atual secretário de cultura de "culto e sensível" é no mínimo um deboche. Exatamente por sua condição de auto didata a necessidade de auto afirmação fala mais alto quando as boas ideias não são de sua lavra. Nada a ver com burocracia ou assessoria.
    Relembro que alguns anos atrás estava no centro da cidade e vi passar manifestação de professores da rede pública, proferindo palavras de ordem contra esse mesmo indivíduo (que adora holofotes sobre si e não sobre artistas), chamando-o de traidor e de mau caráter.

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