Com o titulo acima, o Prof. Nelson Pretto
realiza,há anos,na UFBA um seminário sobre temas palpitantes. Participei no
ultimo dia 10,de mais uma edição, conjuntamente com o titular da Seplan, Prof. José
Sergio Gabrielli, do Eng. Renato Cunha, diretor do Gambáe do Arq. e Urb. Carl
von Hauenschild. A bola da vez foi: “Recôncavo via Ilha de Itaparica, a ponte
em discussão”.
Cada um dos convidados expôs suas posições e
em seguida foi aberta a discussão com o público. A posição do secretário, de blindagem
irretocável da ponte, é bem conhecida. A minha de atualização da proposta do
Arq. Sergio Bernardes para o Centro Industrial de Aratu, com a inclusão de
trilhos em seu tronco principal e uma alça de acesso à ilha, é também
conhecida. Renatolamentou a tomada de decisão antes da avaliação da sustentabilidade
do projeto e o prazo curtíssimo, seis meses, para a realização de estudos de
impactos ambientais, socioeconômicos e urbanísticos. Enfatizou ainda que a BTS é
uma APA e que o comportamento das marés, correntes marítimas e vida aquática
requer, minimamente, a observação durante um ano. Carl chamou a atenção para a
falta de articulação de vários projetos que estão sendo realizado da Baia de Todos
os Santos e na Região Metropolitana de salvador, como estaleiros em São Roque
do Paraguaçu, estação de regaseificaçãoem meio à baia, duplicação da área do
CIA, instalação de rede de metrô e a falta de metas do Estado.
Questões semelhantes haviam sido discutidas em
seminários realizados na UNEB e UCSAL por professorese o público presente. A Associação
Comercial da Bahia defendem a inclusão da BTS na Associação das Mais Belas
Baias do Mundo, que já reúne 30 grandes enseadas, e defende o desenvolvimento
sustentável das mesmas.Associações comunitárias, como “A cidade também é nossa”
e “Vozes de Salvador” já se manifestaram na mesma linha. Estas são questões que
estão sendo debatidas também nos jornais,rádios e TVs e circulam nas redes
sociais. Destaco as manifestações em contrario do ex-prefeito Mario Kertsz e do
ex-secretario de planejamento de Salvador, Manoel Lourenzo, do Arq. eUrb. Fernando
Peixoto,no IGHB,e do Econ. Fernando Alcoforado,em seu blog, intitulada“O Projeto da Ponte Salvador-Itaparica: exemplo de incapacidade
gerencial e de oportunismo politico do Governo da Bahia”. O que não se vê é
apoio à ponte.
No dia imediato a tão elevado debate, me
deparo com um irado artigo do secretario Gabrielli neste jornal em que me acusa
de “pretensa onisciência” e atribui a mim posições que nunca defendi, como a
duplicação da BR-324 e sercontrario àrealização de “análises profundas e
planejamento detalhado” para construção da ponte. Pelo contrario, lamento o não
exame pelo Estado de alternativas como as de Sergio Bernardes, as desenvolvidas
pela Conder epropostas pela Arq. Ângela Gordilho e Eng. José Luiz Souzae pelo
Arq. e Urb. Lourenço Valadares.
Critico o que Carl bem chamou de “planejamento
chapa branca”,aquele que umgovernante decide intempestivamente e depois
contrata apressadamente estudos para justificar a decisão tomada. Nunca pus em
duvida a legitimidade do regime representativo, senão a dificuldade do atual governo
de ouvir a comunidade e os técnicos. Recordo que no inicio da atual
administração, as associações profissionais e movimentos sociais foram ao
Governador e entregaram um documento pedindo o planejamento da RMS, oferecendo
assessoria para projetos de grande impacto ambiental e socioeconômico e sugerindo
transformar a FLEM em um núcleo de pensamento estratégico e formação de quadros,
como ocorre em outros estados. Infelizmente nada foi feito.
O que ficou claro nos seminários citados, é
que independente da preferencia de cada um, todos entendem que um
empreendimento dessa monta e que deverá atravessar varias administrações deveria
ser um projeto de estado pactuado com todos os setores da sociedade, e não uma
iniciativa decidida no isolamento de um gabinete governamental, ao soar do
apito. Especialmente porque, sem os recursos assegurados poderemos ter mais uma
transposição do São Francisco sem agua ou um metrôenferrujando nos galpões.
SSA, A
Tarde, 14/06/13
Treplica
ao artigo de J.S. Gabrielli em A Tarde de 11/06/13, sob o título “Quem é o
déspota esclarecido?”
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