Do charme e elegância que caracterizaram os cine-teatros da Baixa dos Sapateiros até o início dos anos 1970 não resta absolutamente nada. E não existe perspectiva de que isso mude. O plano de revitalização da região, anunciado pela Conder no início de fevereiro, exclui os cines Jandaia e Pax, dois antigos ícones do gênero na Bahia.
O Plano de Reabilitação Participativo do Centro Antigo de Salvador, coordenado pelo Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador (Ercas), chega a apontar, na Proposição nº 1, a necessidade de revitalizar os ex-cinemas Jandaia, Pax e Excelsior, para fomentar a atividade econômica da região.
No entanto, o próprio órgão reconhece que, por serem imóveis de propriedade privada, não há previsão de projetos para a recuperá-los. Para se tornar realidade, as 14 proposições de revitalização do Centro Histórico, que constam no documento, custariam cerca de R$ 627 milhões a mais ao Estado, além dos R$ 207 milhões já garantidos para a recuperação da região e de R$ 303 milhões do setor privado.
Burocracia
A responsabilidade dos donos também é o motivo apresentado pelo Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (Ipac) para a ausência de planos de revitalização. De acordo com o instituto, a preservação destes prédios através de recursos públicos só se dá quando os proprietários de imóveis tombados são selecionados em editais da Secretaria da Cultura, como ocorreu com Solar do Barão de Jeremoabo.
"São recursos que possibilitam, de fato, que o imóvel possa ser totalmente restaurado. Mas, desde que o proprietário do imóvel autorize, se interesse e tome as devidas iniciativas", informa uma nota do órgão.
O Ipac declara que há vários anos entra em contato com o proprietário do Jandaia, tombado desde 2011, para sugerir a revitalização do imóvel. Porém, o dono do ex-cineteatro, o carioca Cláudio Valensi, que tem uma rede com mais de 50 cinemas, indica que há interesse em revitalizar o local, "mas não com o dinheiro do Estado".
"Deles, eu só espero algum projeto que inclua o cinema. Até porque está muito deteriorado e, se acontece alguma coisa, o responsável sou eu", afirma.
Valensi diz que ainda não fechou nenhuma parceria de revitalização, embora receba muitas propostas, porque não adianta restaurar o cinema sem que haja investimentos públicos no entorno. "Seria uma pena se o Jandaia tivesse outro destino que não a revitalização. Mas, o cinema sozinho não vai revitalizar a Baixa dos Sapateiros", arrisca.
Dentro do plano de revitalização do Centro Histórico, da Ercas, já há recursos previstos para acessibilidade, mobilidade e recuperação de algumas fachadas nas ruas próximas ao Jandaia
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http://dimitriganzelevitch.blogspot.com/2013/01/final-feliz-para-o-cine-teatro-jandaia.html
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