IPAC faz vistoria no painel de Lenio Braga em Feira de Santana até julho
O painel de azulejos do artista paranaense radicado na Bahia, Lenio Braga (1931-1973), instalado no terminal rodoviário de Feira de Santana, será vistoriado por especialistas em restauração do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) após os festejos do São João, no mês de julho. A Prefeitura Municipal de Feira e a empresa Sinart que administra a rodoviária fizeram contato com o IPAC, pois algumas peças se deslocaram. O painel é tombado pelo Estado como 'Patrimônio da Bahia'.
"Lenio nasceu em Ribeirão Claro, norte do Paraná, e entre São Paulo, Rio e Bahia, onde se radicou, construiu uma obra referência nas artes brasileiras, ao juntar a rica tradição cultural nordestina, exemplarmente demonstrado nesse painel", informa o diretor geral do IPAC, João Carlos de Oliveira.
O artista participou de dezenas de exposições, entre individuais e coletivas, em Salvador, Rio de Janeiro, e duas Bienais de São Paulo (8ª e 9ª). Produziu desenhos, ilustrações, gravuras, painéis de azulejo, esculturas, pinturas e fotografias. Na Bahia, realizou dois importantes painéis, um na rodoviária de feira e outro na de Jequié.
PARCERIAS - Uma das principais funções do Instituto é a fiscalização e o assessoramento técnico às prefeituras e aos proprietários privados de edificações e obras de arte protegidas pelo Estado, via decreto do governador, como é o caso do painel de Lenio. "Geralmente, contamos com parcerias das prefeituras e de empresas que estão responsáveis, administram ou são proprietárias desses bens tombados", relata o diretor do IPAC. A conservação dos bens móveis da capela do Convento dos Humildes, originária do século XVIII, em Santo Amaro, é um dos exemplos dessa parceria. "Nessa ação, conseguimos apoio com o secretário de Cultura de Santo Amaro, Rodrigo Veloso, que possibilitou a hospedagem dos técnicos e auxiliares de restauração", diz João Carlos.
Outros apoios praticados são transporte e até recursos, como a paróquia da Igreja de Brotas, em Salvador, que tinha investimento mas não dispunha de arquitetos, restauradores e operários que o IPAC conseguiu. Os serviços prediais que o IPAC faz na capela do Miradouro, em Xique-Xique, também conta com apoio local. Foi assim, ainda, com a restauração dos altares e imagens na Igreja de Piatã, na Chapada Diamantina, que contou com auxílio da paróquia e prefeitura. No caso do Hotel da Bahia (Sheraton) - tombado pelo Estado - a empresa que o comprou realizou a reforma sob supervisão do IPAC.
CONSTITUIÇÃO - O IPAC coordena a política estadual de proteção aos patrimônios culturais baianos, sejam materiais (imóveis e obras de arte) ou imateriais (práticas culturais, ofícios e festas populares). De acordo com a Constituição brasileira de 1988 a responsabilidade pela proteção dos bens é para ser compartilhada entre os governos municipais, estadual e federal. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) do Ministério da Cultura, atua com os bens de interesse e importância nacional. O IPAC, com os bens de relevância para a Bahia, enquanto as Prefeituras Municipais têm obrigação de proteger as edificações e manifestações culturais que tenham mérito para uma região ou um município. Ao estar tombado (material) ou registrado (imaterial) o bem passa a ter prioridade nas linhas de financiamento, sejam municipais, estaduais, federais ou até internacionais.
Mais informações sobre o artista no site www.leniobraga.com.br. Sobre a secretaria de Cultura de Feira via site www.feiradesantana.ba.gov.br ou telefones (75) 3623-5213, 3221-5079 e 3623-7616. Sobre vistorias na rodoviária de Feira pode se contatar a Coordenação de Restauro de Elementos Artísticos do IPAC, via telefone (71) 3116-6721 ou endereço cores.ipac@ipac.ba.gov.br. Acesse o site www.ipac.ba.gov.br, o Facebook 'Ipacba Patrimônio' e o Twitter '@ipac_ba'.
Box opcional - CRONOLOGIA LENIO BRAGA:
1931 - Nasce em Ribeirão Claro (PR).
1940 - Muda-se com a família para São Paulo.
1950 - Começa a estudar pintura e desenho, de forma autodidata.
1954 - Estuda gravura com Lívio Abramo e Helen Kerr, no MAM-SP.
1955 - Casa-se e transfere-se para Salvador, Ba.
1956 - Coletiva 'Artistas Modernos da Bahia', Galeria Oxumarê.
1957 - Coletiva 'Artistas da Bahia', MAM-SP.
1961 - Contratado pelo Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO-UFBA).
1963 - Coletiva 'Brazilian Contemporary Artists', Lagos, Nigéria.
1965 - Primeira Bienal de Artes Plásticas de Salvador.
Prêmio Nacional de Pintura com a obra Monalisa & Moneyleague.
1966 - Realiza o painel da Rodoviária de Jequié.
Mostra de Arte Baiana, na Ass. Riograndense de Imprensa, Porto Alegre (RS)
1967 - Conclui o painel da Rodoviária de Feira de Santana.
Participa da 8a Bienal de São Paulo.
Ilustra e edita o livro de Mestre Didi, 'Porque Oxalá Usa Ekodidé'.
1968 - Muda-se para o Rio de Janeiro. Individual na Galeria Cosme Velho.
Escreve o roteiro do filme 'A Sereia e o Duque', com Paulo Gil Soares, premiado em Brasília.
1969 - Individual na Petit Galerie (pinturas e esculturas)
Participa da 9ª. Bienal de São Paulo, tendo obras recolhidas pela censura.
1970 - Inicia série de pinturas 'Cântico dos Cânticos'.
1971 - Monta ateliê de esculturas em vidro e metal, na Barra da Tijuca. Tem como assistente o jovem artista Rubens Grillo.
1972 - Individual na Petit Galerie (desenhos, pinturas e esculturas).
1973 - Morre em decorrência de um apêndice supurado e possível infecção hospitalar.
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