segunda-feira, 22 de junho de 2015

VOCÊ CONHECE A OBRA DE

SERGE ROCHE?

MESTRE DO ESPELHO
Resultado de imagem para FOTOS SERGE ROCHE


Nos anos 30 ele facinava o mundo elegante com seu estilo barroco – o que causa efeito até hoje.

MARIA INES BARBOSA


Neste tempos pós minimalistas e de nítida tendência na decoração de reviver o barroco moderno do começo do século passado, um nome dessa época volta a baila e a fascinar os decoradores contemporaneous. É o de Serge Roche que já nos anos trinta viria a encantar a sociedade parisiense com seus espelhos e móveis espelhados.
Filho de um artista que para melhor sustentar a familia resolveu virar marchand de molduras antigas e modernas para os pintores de Montmatre no começo do século 20 e que acabou tornando-se antiquario, Serge Roche já cedo e tendo estudado história da arte, se divertia reciclando antiguidades e criando seus próprios objetos. Fascinado por espelhos antigos dos seculos XVII e XVIII, em 1931 teve a oportunidade de na Galeria George Petits expor os fabricados por ele mesmo misturando material moderno e antigo. O sucesso o fez imediatamente passar aos móveis revestidos com espelhos e laminas de espelho antigo e, em 1933, em Nova Yorque, já expunha na Galeria de Elsie de Wolfe seus obeliscos, vasos, comodas, mesas e aparadores.
Outra decoradora famosa à epoca, a inglesa Syrie Maugham, casada com o escritor Somerset Maugham, também se deixou fascinar por Serge Roche e passou a usar em praticamente todos os seus projetos a até hoje famosa pameira rococo em gesso branco.
Hoje, talvez seja esta palmeira, que se transformaria além de luminaria de pé, base para mesas e aparadores, a marca mais reconhecível desse antiquario-decorador como ele mesmo se auto denominava. Outros profissionais como Jean Michel Frank e os da famosa casa “Jansen” de Paris também lhe encomendavam trabalhos isolados e não raro era também convidado ele mesmo a fazer uma decoração completa. Nesses casos o chão seria em geral preto, as portas espelhadas com prata, os consoles revestidos com laminas de espelho e as lareiras com vidro espelhado azul. As paredes poderiam ser forradas com espelho gravado ou então com os afrescos de autoria de seu irmão Camilo. Usaria passamanarias, conchas , pés de ferro, pedra e até mesmo o rattan nas formas sinuosas do barroco, esse que ele levaria ao extremo do surrealismo, tendência tão marcante nessa época. Famosos também ficaram até hoje os apliques de luz criados com pequenos espelhos antigos. Seu trabalho misturava ares venezianos do século XVIII e o fausto sedutor dos marajás.
Outra que lhe encomendou trabalhos para seu ateliê de moda em Paris foi Elsa Schiaparelli, amiga dos surrealistas cujos desenhos incorporava às suas criações. É famosa uma foto da designer em frente a um espelho com moldura de Serge Roche.
“Enfant – gate” dos ricos e famosos, Serge Roche passou a expor seus trabalhos anualmente em galeria própria na Rue Saint Honoré, misturando móveis e objetos e como na maioria das vezes tratava-se de pecas únicas, não raro havia disputa acirrada por suas peças entre o Barão Robert de Rothschild, o Duque de Tayllerand, Charles de Beisteguy, a Condessa de Fels , Lady Mendl (Elsie de Wolfe) e outros colunáveis do momento. Com o irmao Camilo fez um boudoir em porcelana para a Manufatura de Sèvres e em 1948 fêz para Jean Cocteau o espelho mágico de seu famoso filme “La Belle et la Bête”que mostra justamente a apoteose e o fim do movimento barroco moderno.
Profissional reconhecido e ativo na comunidade, foi Membro da Sociedade de Decoradores Franceses, Presidente do Sindicato dos Antiquarios e Vice Presidente da Casa do Pensamento frances quando organizou belas exposições de Matisse, Picasso e Lurçat.
Em 1956 publicou um livro sobre seus espelhos e comodas de espelho onde explica sua própria estética num texto sábio e poético cheio de citações literárias como a do Orfeu de Jean Cocteau:“ Eu te passo o segredo dos segredos; os espelhos são as portas através das quais a morte vem e vai”.
Ao morrer aos cem anos de idade em 1988, Serge Roche talvez não soubesse que seria ainda hoje um nome tão moderno.
 
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