sábado, 11 de abril de 2015

FORA CUNHA! FORA CUNHA!

    Manifestantes protestam contra     Eduardo Cunha em João Pessoa e Natal

Presidente da Câmara estava na Assembleia Legislativa e culpou deputados e governador do estado pelos protestos


PARAÍBA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi alvo de protestos na manhã desta sexta-feira, na Assembleia Legislativa da Paraíba, em João Pessoa. Manifestantes de movimentos sindicais e LGBT invadiram o local durante a visita de Cunha e ocuparam as galerias do plenário. Uma porta de vidro foi quebrada.

Os militantes protestaram com bandeiras, faixas e cartazes com frases contra o parlamentar e gritavam ''Fora Cunha''. Os gritos foram ouvidos antes da fala do presidente da Câmara, durante o discurso do deputado federal Hugo Motta (PMDB) e houve um 'apitaço' logo na chegada dos manifestantes.

A sessão chegou a ser suspensa para negociação com os movimentos. Três representantes do protesto foram chamados para usar a tribuna, no entanto, panfletos continuaram a ser jogados dentro do plenário. Um ovo também foi arremessado contra Cunha, mas não chegou a acertá-lo.

A Polícia Militar e o Batalhão de Choque foram acionados para esvaziar as galerias da Casa, mas a Assembleia decidiu não deixá-los entrar, após manifestantes escreverem com batom no vidraça: “Se a polícia entrar, o vidro cai’’.

Cunha não discursou durante a sessão. Ele retirou-se do plenário e atribuiu aos deputados Anísio Maia (PT-PB) e Estela Bezerra (PSB-PB) a "orquestração" do evento:
— Essa foi uma ação coordenada pelo deputado do PT, Anísio Maia, que trouxe manifestantes da CUT, e da deputada Estela, que parece que é ligada ao movimento LGBT. Esses dois parlamentares introduziram os manifestantes na Casa e, inclusive, a deputada Estela impediu que a polícia viesse dar segurança como foi solicitado pelo presidente — acusou Cunha
.


O presidente da Câmara afirmou ainda que o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB) foi omisso em relação à segurança durante a sessão:
— Acho muito estranho que o governador não tenha garantido a segurança de um evento político e, também, uma segunda casa para o evento, demonstrando que aqui não se respeita, como em Brasília se respeita, a independência dos Poderes. Ė uma omissão do governador do estado. É uma prova que o PT em todos os lugares faz manifestações orquestradas — declarou ao se retirar do local.
A audiência pública de que Cunha participava faz parte do programa "Câmara Itinerante", que busca levar a Câmara dos Deputados até as assembleias legislativas do país.

DEPUTADOS REBATERAM ACUSAÇÕES

Anísio Maia (PT-PB) defendeu-se das declarações de Eduardo Cunha:

— O povo veio espontaneamente expressar sua indignação contra um presidente da Câmara que está ignorando uma petição com milhões de assinaturas defendendo uma mudança na política brasileira. Ele ignora o povo porque tem medo do povo — criticou Maia.
O deputado paraibano negou que tenha influenciado os manifestantes e sugeriu que se no Rio de Janeiro existem manifestações orquestradas, na Paraíba é diferente:
— As pessoas que não respeitam a vontade popular acham que todo mundo que se manifesta é porque tem alguém manipulando. Bem, se assim no Rio de Janeiro é assim, aqui na Paraíba não é — enfatizou o petista.
A deputada Estela Bezerra (PSB) chamou de "injúrias" as declarações de Eduardo Cunha e prometeu acioná-lo na Justiça. Estela garantiu que, ao chegar à sessão, tentou minimizar as manifestações juntos aos representantes dos movimentos sociais:
— Isso é uma injúria que será respondida adequadamente através de um processo judiciário. Eu cheguei nesta Casa, busquei fazer o diálogo com o segmento social aqui representado, eu e o deputado Anísio construímos uma possibilidade de intervenção, e basicamente isso não avançou. Depois eu fiquei no plenário acompanhando a sessão.
Durante os protestos, um dos deputados estaduais do PT-PB, Frei Anastácio, se retirou da sessão por considerar "um desrespeito" ter sido apontando como organizador dos protestos pelo presidente da Assembleia, Adriano Galdino (PSB):
— Chamem Anastácio para controlar o seu povo — disse o presidente da Assembleia.
O deputado do PT rebateu, dizendo que sempre organizou movimentos nas ruas e não na Câmara, e que nunca escondeu quando era o organizador.
— Estou me sentindo desrespeitado — afirmou antes de deixar a sessão.

PROTESTOS TAMBÉM EM NATAL

Em visita a Natal durante a tarde desta sexta-feira, Cunha entrou na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte por uma entrada privativa no estacionamento dos parlamentares para despistar os manifestantes. Na entrada principal do prédio, na zona Leste de Natal, um grupo formado basicamente por estudantes universitários, o aguardava segurando faixas, cartazes e gritando palavras de ordem contra o político.
Com todos os assentos da galeria da Assembleia Legislativa ocupados por correligionários, lideranças políticas e curiosos, os manifestantes foram impedidos de entrar no prédio, mas continuaram a manifestação na área externa. Casais homoafetivos aproveitaram a passagem do presidente da Câmara dos Deputados e se beijaram em frente à entrada principal da Assembleia Legislativa. A segurança foi reforçada por guardas patrimoniais e soldados da Polícia Militar. Nenhum ato de violência ou vandalismo foi registrado pela Segurança Pública do Rio Grande do Norte.

No discurso em Natal, Eduardo Cunha descartou a prorrogação dos mandatos para prefeito de vereadores, argumentando que é uma decisão inconstitucional. Cunha voltou a defender o Projeto de Lei que revisa os critérios para terceirização de atividades fins por entes públicos, cujo texto-base fora aprovado quarta-feira passada em votação na Câmara Federal.
Essa não é a primeira vez que Eduardo Cunha é recebido com protestos nas assembleias legislativas. Em uma sessão da “Câmara Itinerante’’em São Paulo, os manifestantes deram beijo gay, além de levantar faixas e cartazes pedindo uma assembleia constituinte já.
O mesmo aconteceu em Porto Alegre, em que 50 pessoas se inscreveram no Fórum dos Grandes Debates, promovido pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, e vaiaram a presença de Cunha no evento. Na ocasião, manifestantes ligados ao PSOL e ao PSTU ocuparam a parte frontal do auditório e promoveram um “apitaço” logo que a mesa começou a ser formada.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails