segunda-feira, 27 de abril de 2015

UM POUCO SOBRE BRASÍLIA

 MARCELO TORRES

Você sabia que a palavra Brasília é Brasil em latim? Pois é. Reza a história que a sugestão do nome foi feita por José Bonifácio.


Antes de nome de cidade, Brasília era nome de mulher. Era o nome da mãe de Castro Alves e da primeira namorada de Ruy Barbosa. 


Desde o século XIX, ainda na época da colonização, Portugal já pensava em construir uma cidade (no centro do país) para ser a capital.


Muitos nomes foram ventilados para a futura capital. Nova Lisboa, Imperatória, Vera Cruz, Planaltina,  Tiradentes, Cabrália, Petrópolis.


Antes da fundação de Brasília, duas cidades no Brasil eram assim chamadas, mas tiveram que "ceder" o nome à capital. 

Uma dessas cidades fica em Minas Gerais e passou a ser chamada Brasília de Minas, conhecida carinhosamente como "Brasilinha".

A outra cidade é Brasileia, no Acre, já quase na Bolívia. O novo nome foi resultado da fusão de Brasil com Hileia, que significa floresta.


Conta-se que D. Bosco, um santo italiano, teria tido um sonho profético em 1883, prevendo Brasília entre os paralelos 15 e 20.

D. Bosco teria profetizado que aqui jorraria leite e mel - só que, até hoje, não jorrou nem leite nem mel (ou seriam o mel e o leite da Viúva?).

Diz-se, por isso, que Brasília nasceu de um sonho, uma profecia.


Lenda ou não, D. Bosco virou padroeiro da cidade e nome de ermida, estrada-parque, igreja, colégio e academia de ginástica.

Para Carlos Lacerda, adversário de JK, Brasília era um pesadelo, um ônus pesado e desnecessário para o Brasil, para as finanças do Brasil.

Na época da construção, toda vez que uma ventania derrubava barracos, os candangos diziam brincando: "Lá vem o Lacerdinha". 


Sonho ou pesadelo, uma coisa é certa: Brasília nasceu de um concurso, que foi vencido pelo franco-brasileiro Lucio Costa.

Filha de um concurso, Brasília é a cidade dos concursos. "Estudar para concurso" é um dos principais ramos de atividade da capital.

Os brasileiros acham que Brasília é obra de Niemeyer, mas quem projetou, quem fez a planta urbana de Brasília foi Lucio Costa. 

A planta da cidade, portanto, é obra do urbanista Lucio Costa. O arquiteto Oscar Niemeyer projetou prédios, palácios, monumentos. 


Lucio trabalhava com Drummond, a quem mostrou o Plano Piloto. E o poeta: "Tive Brasília entre meus dedos. Era um rabisco e pulsava".

Curioso é que a expressão "Plano Piloto" (o projeto piloto) acabou virando outro nome de Brasília (a parte desenhada pelo urbanista). 


Muitos acham que Brasília, com suas asas (Sul e Norte) é um avião. Lucio Costa virava uma arara com essa história. Ele dizia que o desenho era de uma borboleta.

No Relatório do Plano Piloto (que é a certidão de nascimento de Brasília), ele escreveu: "Brasília nasceu de um gesto simples, dois eixos que se cruzam e formam o sinal da cruz".


Então, nem avião, nem pássaro, nem borboleta. Brasília é uma cruz. Uma cruz carregada pelos brasileiros, acrescentam os críticos.


Apesar de desenhar uma cruz, o urbanista projetou uma cidade sem cruzamento. Daí surgiram os trevos, que o povo chama de "tesourinhas".

Brasília, fundada por um presidente-sigla (JK) é uma cidade-sigla, cheia de siglas - até seus codinomes são siglas: BSB e DF. 


Brasília é diferente de município e de estado. Ela é a cidade-sede de um distrito que tem status federal e é um misto de município e estado.


Outra curiosidade: em Brasília há dois tipos de pardal: um tem asa, tem pena e não multa ninguém; o outro não tem asa e não tem pena - multa que é uma beleza.

- Visite Brasília e leve uma multa - dizem os engraçadinhos, pois é a campeã nacional em número de radares de trânsito (o pardal).


E quem chega à cidade pela estrada logo na entrada lê o cartão de visita, um aviso nas placas de trânsito: "Senhores visitantes, em Brasília nós não costumamos buzinar". 

Outra instituição que é motivo de honra e orgulho para os brasilienses é a faixa de pedestre. "Nós respeitamos a faixa de pedestres", diz outra placa - e é verdade.

Nesta terça, 21 de abril, Brasília completa 55 anos. Esta brevíssima "biografia" é a homenagem de um baiano apaixonado pela cidade.


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