sábado, 25 de abril de 2015

CONTO DE AREIA

CLARA NUNES


Sinto saudade de Clara Nunes. Assim como Elis Regina, que também me faz uma enorme falta, ela morreu no auge da carreira e, por isso, deixou aquela sensação do que poderia vir de bom , de melhor, se tivesse permanecido viva.
Considero Clara um caso à parte. Primeiro porque, para mim, ela continua sendo a mais nobre das nossas cantoras de samba, a de canto mais elegante e, também, a mais alegre. Sempre que a escuto, me dá uma espécie de convicção de que ela cantava assim, cheia de alegria, em si mesma e querendo, deliberadamente, contagiar com este sentimento a quem a escutasse. Se havia mesmo essa intenção, em mim funciona direitinho. Santo remédio nas horas duras da vida.
Por outro lado, as grandes canções que ela gravou, e foram muitas, escuto-as todas como hinos, como se fossem músicas encantadas e encantatórias. Talvez ela tivesse mesmo esse poder, esse axé, quiçá adquirido em seus contatos com as religiões de matriz africana: o candomblé e a umbanda.
Além disso, ela tinha um carisma, uma cara boa de se olhar, uma fisionomia leve, quase de criança, que se pode atestar nos dois videos que compartilho aqui com vocês. Em ambos, Clara recebe o auxílio luxuoso de mulheres negras e seus lindos adereços e movimentos corporais.
Pra nós, baianos, o primeiro deles tem um gostinho todo especial.
Deleitem-se e ótimo fim de semana.
TADEU ARAUJO 


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