por Malu Fontes
Depois de cerca de duas décadas tolerando ou fingindo não ver a multiplicação de usuários de crack e de outras drogas em seu centro, a cidade de São Paulo resolveu enfrentar o exército de morimbundos da cracolândia de uma hora para a outra e de uma maneira pouco eficente. E pelo andar da carrugem e do tamanho do barulho que se viu nos telejornais nas últimas semanas sobre o assunto, o enfrentamento continua não dando muito certo. Ao invés de prender os traficantes que abastecem a região e de oferecer tratamento para os zumbis humanos que circulam por lá, o que se fez foi tão somente deflagrar uma operação de dispersão dos chapados.
Ninguém em sã consciência e sem hipocrisia pode discordar de que o Centro de São Paulo há muito tempo vem requerendo alguma ação política, sanitária, de segurança pública e preferencialmente várias ações dessa natureza coordenadas para impedir que um pedaço urbano do país continuasse a viver sob um sistema de exceção quanto ao tráfico e ao uso de drogas. Ou seja, embora o trafico de drogas seja crime e seja, inclusive, responsável por um percentual gigantesco da população carcerária brasileira, na Cracolândia o tráfico é, há anos, praticado 24 horas por dia, sob a vista omissa de todas as autoridades, de todas as esferas.
FESTA DO CACHIMBO – No entanto, um dado importante e que parece não caber na cobertura dos telejornais acerca da ação da polícia na Cracolândia é a grande coincidência que há entre o fato de se ter adotado agora a tal dispersão dos usuários de drogas do local e a proximidade das eleições. Sim, as eleições para prefeito se aproximam e três personagens protagonistas da sucessão paulistana dariam um rim para poderem anunciar primeiro para os eleitores algo do tipo: quem acabou com a festa do cachimbo fui eu. Para Geraldo Alckmin, o atual governador do Estado de S. Paulo, do PSDB e Gilberto Kassab, o atual prefeito da cidade, do PSD, chegar às vésperas das eleições sem uma solução, maquidada e superficial que seja, para a Cracolândia, equivale a colocar azeitona na candidatura de Fernado Haddad, a carta do PT, de Lula, Dilma e de quem mais reza pela cartilha do grupo para o cargo de prefeito de São Paulo.
Diante da iminência de que o Governo Federal planejava, através do Ministério da Saúde, uma ação para implantar na Cracolândia, com o objetivo de turbinar o nome de Haddad como candidato à Prefeitura, o governador e o prefeito atuais precisavam correr, não necessariamente juntos, já que têm interesses diferentes no processo eleitoral, para não correrem o risco de deixar no eleitorado a impressão de omissão, caso o ministro Alexandre Padilha anunciasse antes algum plano para os usuários.
A pressa de Alkmin e Kassab foi tanta que a coisa se transformou numa tradução do dito popular segundo o qual o apressado come cru. Movidos pela astúcia de sair na frente do Governo Federal, fosse como fosse, as autoridades paulistanas colocaram de uma maneira desordenada a polícia na rua, sem nenhuma estratégia sobre o que fazer com os dispersos no momento seguinte, já que não tinha para onde encaminhá-los nem como tratá-los, dado o volume do grupo e o nível de complexidade do vício em crack. Sequer esperaram a inauguração do abrigo que estava sendo preparado pela Prefeitura para acolher os usuários, oferecendo-lhes tratamento, assistência social, psicológica e psiquiátrica durante o processo de abstinência e de ressocialização. A previsão de inauguração era a primeira semana de fevereiro. Agora, o carro já foi para a frente dos bois.
FRACASSO - Embora a TV não consiga mostrar e contar ao telespectador todos os detalhes envolvendo a operação na Cracolândia, os jornais impressos vêm contando todos os dias detalhes do arco da velha sobre os bastidores da ação, o que explica o considerado fracasso da medida. A venda de drogas na região continua a ocorrer, quem quis se internar não achou vaga no serviço público e boa parte não deixou de consumir, traficar ou viver na rua. Simplesmente o contingente se dispersou pelos bairros da imediações, o que mais arranhou a imagem dos governantes junto à população. Uma solução mesmo que mediana para o problema continua longe. De concreta mesmo, uma evidência: a medida foi tomada agora e desse modo apenas por conta das eleições para a Prefeitura de São Paulo, porque três partidos estavam um com medo de o outro fazer algo antes para ficar bem na fita com o eleitorado.
Depois de cerca de duas décadas tolerando ou fingindo não ver a multiplicação de usuários de crack e de outras drogas em seu centro, a cidade de São Paulo resolveu enfrentar o exército de morimbundos da cracolândia de uma hora para a outra e de uma maneira pouco eficente. E pelo andar da carrugem e do tamanho do barulho que se viu nos telejornais nas últimas semanas sobre o assunto, o enfrentamento continua não dando muito certo. Ao invés de prender os traficantes que abastecem a região e de oferecer tratamento para os zumbis humanos que circulam por lá, o que se fez foi tão somente deflagrar uma operação de dispersão dos chapados.
Ninguém em sã consciência e sem hipocrisia pode discordar de que o Centro de São Paulo há muito tempo vem requerendo alguma ação política, sanitária, de segurança pública e preferencialmente várias ações dessa natureza coordenadas para impedir que um pedaço urbano do país continuasse a viver sob um sistema de exceção quanto ao tráfico e ao uso de drogas. Ou seja, embora o trafico de drogas seja crime e seja, inclusive, responsável por um percentual gigantesco da população carcerária brasileira, na Cracolândia o tráfico é, há anos, praticado 24 horas por dia, sob a vista omissa de todas as autoridades, de todas as esferas.
FESTA DO CACHIMBO – No entanto, um dado importante e que parece não caber na cobertura dos telejornais acerca da ação da polícia na Cracolândia é a grande coincidência que há entre o fato de se ter adotado agora a tal dispersão dos usuários de drogas do local e a proximidade das eleições. Sim, as eleições para prefeito se aproximam e três personagens protagonistas da sucessão paulistana dariam um rim para poderem anunciar primeiro para os eleitores algo do tipo: quem acabou com a festa do cachimbo fui eu. Para Geraldo Alckmin, o atual governador do Estado de S. Paulo, do PSDB e Gilberto Kassab, o atual prefeito da cidade, do PSD, chegar às vésperas das eleições sem uma solução, maquidada e superficial que seja, para a Cracolândia, equivale a colocar azeitona na candidatura de Fernado Haddad, a carta do PT, de Lula, Dilma e de quem mais reza pela cartilha do grupo para o cargo de prefeito de São Paulo.
Diante da iminência de que o Governo Federal planejava, através do Ministério da Saúde, uma ação para implantar na Cracolândia, com o objetivo de turbinar o nome de Haddad como candidato à Prefeitura, o governador e o prefeito atuais precisavam correr, não necessariamente juntos, já que têm interesses diferentes no processo eleitoral, para não correrem o risco de deixar no eleitorado a impressão de omissão, caso o ministro Alexandre Padilha anunciasse antes algum plano para os usuários.
A pressa de Alkmin e Kassab foi tanta que a coisa se transformou numa tradução do dito popular segundo o qual o apressado come cru. Movidos pela astúcia de sair na frente do Governo Federal, fosse como fosse, as autoridades paulistanas colocaram de uma maneira desordenada a polícia na rua, sem nenhuma estratégia sobre o que fazer com os dispersos no momento seguinte, já que não tinha para onde encaminhá-los nem como tratá-los, dado o volume do grupo e o nível de complexidade do vício em crack. Sequer esperaram a inauguração do abrigo que estava sendo preparado pela Prefeitura para acolher os usuários, oferecendo-lhes tratamento, assistência social, psicológica e psiquiátrica durante o processo de abstinência e de ressocialização. A previsão de inauguração era a primeira semana de fevereiro. Agora, o carro já foi para a frente dos bois.
FRACASSO - Embora a TV não consiga mostrar e contar ao telespectador todos os detalhes envolvendo a operação na Cracolândia, os jornais impressos vêm contando todos os dias detalhes do arco da velha sobre os bastidores da ação, o que explica o considerado fracasso da medida. A venda de drogas na região continua a ocorrer, quem quis se internar não achou vaga no serviço público e boa parte não deixou de consumir, traficar ou viver na rua. Simplesmente o contingente se dispersou pelos bairros da imediações, o que mais arranhou a imagem dos governantes junto à população. Uma solução mesmo que mediana para o problema continua longe. De concreta mesmo, uma evidência: a medida foi tomada agora e desse modo apenas por conta das eleições para a Prefeitura de São Paulo, porque três partidos estavam um com medo de o outro fazer algo antes para ficar bem na fita com o eleitorado.
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