Pisando as
mesmas areias que Tomé de Souza, chegam às nossas praias. Tais manuelinos
marujos trocam espelhinhos e bijuterias por ouro. E nós a sorrir, hospitaleiros
e inocentes. Nosso governador, consciente da descomunal honra, lhes estende um
tapete vermelho até o forte do Barbalho. Lá serão guardados armas e
instrumentos contidos em imensos caixões para montar suas máquinas fabulosas
manipuladas por um exército de profissionais.
Usarão o menos possível de
serviçais indígenas. Talvez duas ou três mocinhas perfumadas que falam seu
idioma. Uma delas, evangelicamente especializada em contratos trambicados. Ao
pechinchar o aluguel do alojamento ultrapassam o limite da decência. Pela
janela do coche, detalham cada esquina, cada vão, para tirar o máximo proveito
pelo menor gasto. Com mil sorrisos e beijinhos, esmagam quem ousa atravessar
sua rota.
Todos têm,
sempre, uma preferência pela Rua Direita de Santo Antônio. Por sinal é onde
moro. Com breve pré-aviso, talvez informem o povão da ocupação de bom trecho da
dita. Ninguém, nem homem nem cavalo, poderá passar enquanto estivermos no
território. Temos alvará real. Não pagamos nada a cidade e o bairro nada
receberá em troca. Na padaria do bairro, além de nada comprarmos, exigimos que
não façam o menor barulho! Mas tereis a honra de nossa presença e levaremos o
nome de São Salvador até os confins da terra. Ou, pelo menos, até as fronteiras
dos Brasis.
“E, debaixo
de minha janela, nobre Viking, que gênios malignos estão presos neste arcão de
metal, de onde sai um inquietante ruído continuo e uma fumaça que me faz tossir?”
- Lá vive o
espírito que nos dá a força necessária à realização de nossas obras-primas.”.
Tudo
é válido, Maquiavel falou. Respeito? Ética? Contrapartida?... Gente, estamos
com pressa! Vamos rápido! Ou vocês pensam criar raízes nesta terra de pigmeus?
PS.-
Qualquer semelhança com uma atual produção de cinema carioca é mera
coincidência.
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