Masterplan Estratégico para o Centro Antigo de Salvador / Carlos Leite e Adriana Levisky
- Arquitetos: Levisky Arquitetos Associados, Stuchi & Leite Projetos & Consultoria
- Localização: Salvador - Bahia, Brasil
- Autores: Carlos Leite e Adriana Levisky
- Coordenação: Fabiana Stuchi, Renata Gomes
- Equipe: André Biselli, Daniela Getlinger, Daniela Mello, Danilo Bocchini, Marlon Longo, Nathalie Signorini, Tatiana Antonelli, Thayse Portugal, Victor Daher, Vinícius Reis
- Área: 6450.0 m2
- Ano Do Projeto: 2014
- Fotografias: Cortesia de CONDER, Adenilson Nunes e Nilton de Souza
- Realização: Governo do Estado da Bahia, Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDUR, Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia – CONDER
- Equipe Técnica: Beatriz Lima, Diretora DIRCAS (Diretoria do Centro Antigo de Salvador); Telma Catarina Pires, Superintendente de Planejamento DIRCAS
- Cliente: Governo do Estado da Bahia
MORAR & CONECTAR
Plano de Desenvolvimento Sócio-Econômico com base no Plano de Reabilitação Participativo do Centro Antigo de Salvador
INTRODUÇÃO
O Masterplan Estratégico para o Centro Antigo de Salvador (CAS) foi elaborado a partir de dois principais eixos estruturadores: a mobilidade e o repovoamento habitacional, buscando promover a sustentabilidade econômica, urbana e social deste território, bastante degradado ao longo dos últimos 30 anos. A ideia de “morar e conectar para regenerar”, pensa o CAS para este voltar a ser um território atrativo para se morar e viver, com os diversos usos mistos desejáveis e devidamente conectado com o restante da cidade. O maior patrimônio histórico urbano do Brasil não pode depender apenas do turismo e comércio dele decorrente.
O CENTRO ANTIGO DE SALVADOR (CAS)
A cidade de Salvador foi um dos primeiros centros urbanos do Brasil e é atualmente a terceira maior capital em população no país com 3 milhões de habitantes e guarda hoje características do traçado do sítio histórico original que foi planejado para ser umas das primeiras áreas urbanas do continente americano a ocupar o lugar de capital colonial. O CAS, engloba o Centro Histórico e o Entorno do Centro Histórico e abrange onze bairros. Possui uma área total de 7 km2 e conta com, aproximadamente, 80 mil habitantes, uma população cerca de 40% menor do que a que havia em 1970, de acordo com dados do IBGE. Por esta área circulam diariamente milhares de pessoas por motivo de trabalho ou pela busca de comércio e serviços. Os bairros abrigam grande parte dos equipamentos culturais da capital, como conventos, igrejas, museus, cinemas, teatros, bibliotecas, bem como uma área residencial, em boa parte composta por moradia precárias.
No período dos últimos 30 anos, o CAS sofreu diversas intervenções por parte do poder público, em geral pontuais, desarticuladas e sobrepostas. A área apresenta uma significativa concentração de problemas sociais, contribuindo para a degradação do patrimônio edificado e para o agravamento das más condições de vida da população residente.1 Diante deste quadro, foi elaborado o Plano de Reabilitação do Centro Antigo deSalvador, sob a coordenação da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e gerenciamento operacional do ERCAS – Escritório de Referência do CAS, o embrião do atual DIRCAS (Diretoria do CAS).
A partir de análise profunda do centro antigo realizada no Plano de Reabilitação do CAS, definiu-se uma visão de futuro que aponta para uma perspectiva positiva e sustentável deste território. As 14 propostas resultantes consolidaram as pesquisas e estudos desenvolvidos pelas consultorias contratadas pela UNESCO2, que sugeriram: fomento à atividade e à competitividade econômica, preservação da área da encosta do frontispício, incentivo ao uso habitacional e institucional, dinamização do bairro do Comércio e revitalização da orla marítima, qualificação dos espaços culturais e monumentos, estruturação do turismo cultural, aprimoramento das ações e serviços de atenção à população vulnerável, otimização das Condições Ambientais, requalificação da infraestrutura, redução da insegurança, valorização a partir da educação patrimonial, criação de um Centro de Referência da Cultura da Bahia, gerenciamento e implantação do Plano de Reabilitação.3
Para direcionar a implantação do Plano de forma compatível com os recursos disponíveis nos programas de reabilitação e desenvolvimento sustentável de áreas urbanas centrais, foi elaborado pelos escritórios Stuchi & Leite Projetos e Consultoria e Levisky Arquitetos Associados, o Masterplan Estratégico, que busca viabilizar a implantação destes trabalhos em menor prazo.
ESTRATÉGIA-FOCO
A Estratégia-Foco para estabelecer a conexão do Centro Antigo com a cidade de Salvadorestá focada principalmente no aumento do seu uso a partir da CONEXÃO e do incentivo àMORADIA.
A CONEXÃO se dará à partir do incremento do transporte vertical, ao aproximar a cota da Cidade Baixa (orla marítima) à da Cidade Alta – Centro Histórico, ao resgatar o uso dos Planos Inclinados, através da modernização do Elevador Lacerda e à reativação do Elevador do Taboão, Plano Inclinado do Pilar e implementação de dois novos Planos Inclinados nas extremidades do frontispício - Plano Inclinado de Castro Alves e Plano Inclinado Santo Antônio Além do Carmo. O Sistema de Mobilidade da cidade incorpora os novos sistemas de Metrô, VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e BRT (Bus Rapid Transit) que conectam o Centro Antigo ao restante da cidade e propiciam maior mobilidade no Centro. A instalação de um sistema de ciclovias, integrando os equipamentos culturais e de serviço, coloca a bicicleta como um meio de transporte alternativo, caracterizando-o como mais um elemento de integração e consolidação de um eficiente sistema de mobilidade urbana. O resgate do circuito do Bonde dentro do Centro Histórico, agora transformado em VLT, implanta uma nova e moderna forma de mobilidade que possibilita o compartilhamento do leito entre pedestres e veículo, com as vantagens da pequena dimensões dos carros, com baixo nível de ruído e não poluente.Além destes, haverá o estímulo ao transporte náutico (catamarãs, water-taxi, ferryboat). Conectar o CAS viabiliza-se a partir do financiamento via programa Protransporte do Governo Federal e PAC II.
Colaboram para a requalificação da área, a recuperação dos passeios e a adequação do mobiliário urbano - iluminação pública, sinalização, etc. e a revisão das áreas de circulação e de estacionamento de veículos, com a regulamentação do número de vagas e a criação de estacionamentos próximos aos terminais de ônibus.
O incentivo à MORADIA dá-se através de uma ação no Centro Histórico que busca alterar o cenário de esvaziamento gradativo decorrente do surgimento de novas centralidades. A atração de novos moradores de diferentes faixas de renda terão papel primordial na estruturação do local. A partir da adequação de 1.100 imóveis fechados, em ruínas ou terrenos baldios, serão instalados 8.000 novas unidades, das quais 5.000 para famílias de renda média. Além de atrair uma nova parcela da população para o CAS, a estratégia é garantir a permanência daqueles que já moram no local, viabilizando as condições de habitabilidade para os que residem em situação de vulnerabilidade social ou nas encostas.4 Os projetos habitacionais envolvem ainda a construção de equipamentos de uso coletivo geradores de emprego e renda e a participação dos grupos comunitários e movimentos sociais vinculados a esta população. Morar no CAS viabiliza-se através da instalação de Habitação de Mercado, com a implementação do Fundo de Investimento (FII), empreendimentos não residenciais – dentro e fora do perímetro do CAS – combinados com a necessária instalação de Habitação de Interesse Social (MCMV), apoio a população marginal, ações integradas e estratégia de intervenção.
FASEAMENTO: AÇÕES E MOMENTOS
Para a realização do processo de reabilitação do Centro Antigo de Salvador, o Masterplan propõe a implantação das 20 AÇÕES, faseadas em 3 MOMENTOS distintos, com duração de 3 anos em cada um deles. As ações são descritas abaixo:
- Recuperação de imóveis selecionados para participar do Fundo de Investimentos Imobiliários.
- Recuperação do Frontispício
- Recuperação dos Transportes Verticais
- Implantação dos Planos inclinados Novos
- Implantação dos Planos Elevados (belvederes)
- Revitalização da Rua Direita de Santo Antônio
- Revitalização do Largo de Santo Antônio
- Revitalização das ruas Chile, Baixa dos Sapateiros e Ruy Barbosa
- Recuperação das Ladeiras
- Intervenção na Orla Marítima – Trecho 1. Com a chegada do novo terminal de passageiros e a abertura da orla no trecho do terminal até a Praça do Mercado com a retirada dos galpões e novo desenho paisagístico.
- Intervenção na Orla Marítima – Trecho 2. Com a transferência das atividades portuárias para outro local e a consequente liberação de todo o trecho de logística de carga e descarga para a implantação definitiva de toda a orla marítima para uso da população, com a remoção de alguns galpões e a reciclagem de outros com usos afins (restaurantes, lojas e áreas de lazer).
- Implantação do VLT de alta capacidade.
- Implantação do Bonde.
- Recuperação das praças
- Elementos âncoras.
- Construção de novos estacionamentos.
- Implantação de ciclovias e bicicletários.
- Passarela Via Histórica e reconstrução do Mercado de São Miguel
- Pavimentação e Qualificação de vias e passeios, sinalização, iluminação e vala única
- Território dos Fuzileiros Navais e entorno
NOTAS
¹ Bahia, Governo do Estado. Secretaria de Cultura. ERCAS. Unesco. CAS: Plano de Reabilitação Participativo. Salvador: Secretaria de Cultura/Fundação Pedro Calmon, 2010, p. 272.
² Formadas por um corpo de especialistas: arquitetos, sociólogos, ambientalistas, turismólogos, economistas, engenheiros e historiadores.
³ Op. cit., p. 280.
4 Op. cit., p. 295.
Localização aproximada, pode indicar cidade/país e não necessariamente o endereço exato.Cita:"Masterplan Estratégico para o Centro Antigo de Salvador / Carlos Leite e Adriana Levisky" 30 Jul 2014.ArchDaily Brasil. Acessado 3 Jun 2015. <http://www.archdaily.com.br/br/624697/masterplan-estrategico-para-o-centro-antigo-de-salvador-carlos-leite-e-adriana-levisky>
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO
Como opinar sobre mais um projeto de recuperação? No papel todos são ótimos e com boa cobertura de boa vontade. Na prática - quando realizados - revelam-se medíocres e mal executados.
Não conheço nenhum dos arquitetos que assinam este "masterplan" (porque o nome inglês?). Não significa que não sejam idôneos. Mas o simples fato que o nome de certa senhora ainda esteja presente, já começa a me dar alergia a proposta.
É quando falam em "revitalizar" o Largo e a Rua Direita de Santo Antônio que começo a ficar preocupado.
Mais calçadas vermelhas como na Baixa dos Sapateiros?
Mais um destes famigerados projetos paisagísticos que brilham pela insignificância?
E quanto vai custar a nossos bolsos este "masterplan"?
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