sábado, 7 de março de 2015

O CIRURGIÃO CLANDESTINO

Dr. Hamilton Naki, O Cirurgião Clandestino

Nunca apareceu nos noticiários, mas sua história é uma das mais extraordinárias do século XX.

Hamilton Naki, Um negro sul-africano de 78 anos, morreu em maio de 2005. A notícia não apareceu nos periódicos, porém, sua história é uma das mais extraordinárias do século XX.

Naki era um grande cirugião. Foi ele quem retirou do corpo da doadora o coração que foi transplantado em Louis Washkansky em 1967 na Cidade do Cabo, na primeira operação de transplante cardíaco realizada com êxito. Era um trabalho muito delicado. O coração doado teria que ser retirado e preservado com o máximo cuidado.
Naki era o segundo homem mais importante na equipe que fez o primeiro transplante cardíaco da história. Porém, não podia aparecer porque era um negro no país do apartheid. O cirurgião chefe do grupo, o branco Christian Barnard, se transformou em uma celebridade instantânea. Porém Hamilton Naki não podia sair nas fotografias da equipe.

Quando apareceu em uma por descuido, o hospital informou que era um empregado do serviço de limpeza.

Naki usava bata e máscara, porém jamais estudou medicina ou cirurgia. Havia abandonado a escola aos 14 anos. Era jardineiro na Escola de Medicina da Cidade do Cabo. Começou limpando as jaulas, porém era curioso e aprendia depressa. Aprendeu a técnica cirúrgica, vendo os médicos brancos que praticavam transplantes em cachorros e porcos.

Se transformou em um cirurgião tão excepcional, que o Dr. Barnard o requisitou para sua equipe. Era um problema para as leis sul-africanas. Naki, negro, no podia operar pacientes ou tocar sangue de brancos. Porém, o hospital o considerava tão valioso que fez uma exceção e o transformou em um cirurgião... clandestino.

Porém, isso não o importava e ele seguiu estudando e dando o melhor de si, apesar da discriminação. Era o melhor. Dava aulas aos estudantes brancos, porém ganhava salário de técnico de laboratório, o máximo que o hospital podia pagar a um negro. Vivia em uma barraca sem luz elétrica nem água corrente, em um güeto da periferia, como correspondia a um negro.

Hamilton Naki ensinou cirurgia durante 40 anos e se retirou com uma pensão de jardineiro, de 275 dólares por mês. Quando o apartheid terminou, concederam-lhe uma condecoração e o título de médico honoris causa. Nunca reclamou das injustiças que sofreu ao longo de toda sua vida. Apesar da clandestinidade e discriminação, jamais deixou de dar o melhor de si em sua paixão por ajudar a viver.

Dr. Naki, por tudo quanto destes para a humanidade em detrimento de seus próprios interêsses, agradecemos. Hamilton Naki, médico magnífico e um ser humano excepcional.

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