Disse bidê, em verdade,
com sentimento profundo:
- Essa pós-modernidade
é uma merda do outro mundo!
A burrice cega, só você não vê!
Paulo Nazareth | 3ª Bienal da Bahia June 03, 2014 "É Tudo Nordeste?"
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A forma humana nos é sagrada porque carrega a marca de nossa corporificação. Seja por meio da pornografia do sexo, seja pela pornografia da morte e da violência, sua dessacralização deliberada tornou-se uma espécie de compulsão para muitos. Ademais, essa dessacralização, a qual macula a experiência da liberdade, é também uma negação do amor. Trata-se da tentativa de refazer o mundo como se o amor não mais fizesse parte dele. E é certamente essa, como exemplifica a montagem de Die Entfuhrung produzida por Bietro, a principal característica da cultura pós-moderna – uma cultura sem amor que teme a beleza porque o amor a perturba. (Beleza, Pag 118, Roger Scruton, E Realizações).
“Em qualquer tempo entre 1750 e 1930, se pedisse a qualquer pessoa educada para descrever o objetivo da poesia, da arte e da música, eles teriam respondido: A beleza. E se você perguntasse o porque disso, você aprenderia que a beleza é um valor tão importante como verdade e a bondade. Então, no século 20, a beleza deixou de ser importante. A arte gradativamente se focou em perturbar e quebrar tabus morais. Não era mais a beleza e sim a originalidade, seja lá como fosse alcançada e a qualquer custo moral, que recebia os prêmios. Não somente a arte fez um culto à feiura; Arquitetura também se tornou sem alma e estéril e não foi apenas o nosso ambiente que se tornou feio: Nossa linguagem, nossa música e maneiras estão cada vez mais rudes, auto centradas e ofensivas como se a beleza e o bom gosto não tivessem mais lugar em nossas vidas. Eu acho que estamos perdendo a beleza e há o perigo que com isso percamos o sentido da vida” Roger Scruton
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A EXUMAÇÃO DE DUCHAMP
O Duchamp fez de tudo
para ser lembrado agora
mas parece, a toda hora,
que rasgou o seu canudo
de poeta. Ele é o produto
da magreza desnutrida
que, cedendo à despedida,
foi sugando o nosso sangue;
mas foi ele, sempre exangue
que matou a própria vida.
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Depois da quadrinha, uma estátua exposta na III Bienal da Bahia.
Segundo a curadoria a obra faz parte do Museu do Imaginário do Nordeste.
Uma rede sem viola,
uma praça sem jardim,
um canário na gaiola,
o nordeste agora é assim.
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SONHANDO COM A III BIENAL DA BAHIA
O sonho se inicia eu tentando comprar uma caixa de quibe congelado da Sadia para uma familiar. Entro na Perini, próxima ao Shopping Barra, não o encontro. Irreconhecível, a delicatesse surge em total decadência. Vou ao Bom Preço da Rua Marquês de Caravelas (o Bom Preço aparece do outro lado da rua, onde fica o Bradesco) lá, a caixa do quibe também está em falta O gerente me sugere baby-beef e diz que me daria um desconto de 5%; comento com o repositor sobre o preço absurdo: rs 100,00 o Kg. Saio e me encontro com o poeta e jornalista James Martins, indago se no próximo Pós Lida, na hora do microfone aberto, ele poderia projetar na tela algumas fotos de objetos, tidos como obras de arte, expostos na III Bienal da Bahia, que, em seguida, eu diria alguns poemas; ainda o alerto sobre o risco do seu projeto literário perder algum incentivo estatal, caso o receba, deixando-me recitar sobre o assunto. Ele me diz que dessa vez não seria possível, pois o tema será Deus.
III BIENAL DA BAHIA
Com você na legenda,
fio por fio,
a Bienal é a renda
fio por fio,
a Bienal é a renda
do discurso do vazio.
Cheio de graça:
PINTANDO COM AS LETRINHAS
Lágrima por lágrima
a tinta e se espalha.
Qual uma pluma
o pincel flutua sobre a tela,
branca toalha que acolhe
o corpo da mulher amada...
Pintar agora está ao seu alcance:
gota por gota,
pegue na minha e balance!
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