Secretário visita obras do MAM, discute Bienal 2016 e encontros de gestores
A reforma do Museu de Arte Moderna (MAM), a Bienal da Bahia 2016 e dois encontros (um baiano e um nacional) de Curadores e Gestores de Espaços Culturais foram as pautas discutidas ontem (23) à tarde no Solar do Unhão, em Salvador, pelo secretário de Cultura do Estado (SecultBA), Jorge Portugal e o diretor geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), arquiteto João Carlos. Também presente, o diretor do MAM, Marcelo Rezende, diretores e coordenadores estaduais, arquitetos e engenheiros.
"Este é um ano de contingenciamentos, mas nos esforçaremos para conversar com o governador Rui Costa e pensar a Bienal da Bahia em 2016", afirmou Jorge Portugal. Além da Bienal, o diretor do IPAC, arquiteto João Carlos, discutiu o andamento das obras do MAM e a realização de dois encontros voltados para gestores de espaços culturais.
O IPAC administra atualmente diversos museus e outros equipamentos na capital e interior. Passeio Público, Palácio da Aclamação, Solar Ferrão, Palacete das Artes, museus dos Humildes, Recôncavo, de Arte da Bahia, Tempostal, Abelardo Rodrigues, Udo Knoff e Parque Histórico Castro Alves são alguns dos espaços.
NOVO PERFIL DE GESTÃO - Os encontros para discutir a gestão de espaços culturais integram o plano de mudanças que o IPAC vem propondo aos museus e equipamentos sob sua administração. "Existe necessidade de mais diálogo dos museus e espaços multiusos com a sociedade, segmentos da população e turistas, demandas da contemporaneidade e as linguagens artísticas. Por isso, os gestores desses equipamentos devem ser parceiros nessa política em construção", explicou o diretor do IPAC. Segundo João Carlos, gestores, artistas e museólogos locais também serão ouvidos para formatação dos eventos. A previsão é que aconteçam no segundo semestre deste ano (2015).
Depois da reunião, o secretário Jorge Portugal percorreu as obras de reforma. A primeira etapa física-estrutural já foi finalizada. A segunda - a ser realizada até início de 2016 - contempla climatização e ações técnico-funcionais. Na primeira, foram investidos R$ 7,5 milhões na restauração da capela, da galeria 1 (galpão do cinema e reserva técnica) e da passarela do Parque das Esculturas. Na segunda, a previsão é de investimento é de R$ 8 milhões e serão contemplados espaços como o casarão, as oficinas do MAM, a galeria 3, os arcos e o Parque das Esculturas.
Subestação de energia, reformas de sanitários, vestiários, sala da diretoria e climatização completam as ações. Os recursos são do Tesouro estadual. Mais dados sobre os museus do IPAC estão disponíveis no linkwww.ipac.ba.gov.br/museus. Já informações sobre projetos, programas e obras do instituto podem ser obtidas no site www.ipac.ba.gov.br, no facebook Ipacba Patrimônio e no twitter @ipac_ba.
Box: HISTÓRIA - O conjunto do Unhão foi construído ao longo de três séculos (XVII, XVIII e XIX). Embora situado praticamente dentro da cidade, esse conjunto era um complexo agroindustrial do mesmo gênero dos engenhos de açúcar, com casa grande, capela e senzala. Seu extenso cais e armazéns fazem supor que sua função fosse a de recolher e exportar a produção de engenhos do Recôncavo. O inventário do Visconde da Torre de Garcia D'Ávila refere-se a um grande alambique ainda funcionando em 1853, provavelmente com o mel enviado do Recôncavo. Até aquela época o solar só possuía dois pavimentos e "água furtada em ambas as frentes com três janelas e duas nos lados laterais". Sua distribuição funcional segue o esquema vigente em todo o período colonial: térreo, utilizado como serviço; 1º andar, ocupado pela família; água furtada, utilizada como dormitório de criados. A planta da capela (1794) é típica das igrejas matrizes e de irmandade do começo do século XVIII, apresentando, porém, uma particularidade: nave e capela-mor da mesma largura e altura. Sua fachada rococó tardio deve ser do século XIX. Terminações das torres inspiradas nas coberturas à Mansard, semelhante às das igrejas de N. S. do Pilar e Convento do Carmo. (FONTE: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia - IPAC).
CRONOLOGIA
1584 - Gabriel Soares de Souza doa, por testamento, aos Beneditinos, o terreno em que se encontra a fonte que perpetuou o seu nome;
1690 - Residia aí o desembargador Pedro de Unhão Castelo Branco.
Em princípios de 1700 foi comprado por José Pires de Carvalho e Albuquerque, o velho, que estabeleceu morgado;
1740 - 1ª referência à capela - batizado de uma neta do proprietário;
1757 - O Pe. Manuel de Lima (da Vitória) descreve a capela com fachada para o poente;
1759 - Salvador Pires de Carvalho e Albuquerque sucede o pai (José) na posse do morgado. Passa a seguir, a seu filho José Pires de Carvalho Albuquerque (o II), e deste para o sobrinho e genro, de igual nome, Secretário de Estado, a quem Vilhena se refere;
1787 - Vistoria da Câmara a uma vala que deveria lançar suas águas no aqueduto que atravessava a fazenda Unhão;
1794 - A igreja é reedificada. No começo do séc. XIX, a propriedade pertencia a Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, Visconde da T. de Garcia D'Ávila;
1816 - O suíço Meuron instala fábrica de rapé, que funciona até 1926;
1853 - Morto o Visconde, passa à sua filha casada com Antônio Muniz Barreto de Aragão;
1880 - Ainda se rezava missa na capela;
1917 - É vendida a Clemente Pinto de Oliveira Mendes;
1928 - Passa a Valeriano Porfiro de Souza, que a transformou no trapiche Sta. Luzia. Seus descendentes venderiam depois para o Estado.
Restaurações e intervenções realizadas:
1946 - Obras de estabilização, conservação e limpeza;
1959 - O Governo do Estado decide construir a Avenida de Contorno, ligando os bairros do Comércio e Barra. O IPHAN promove vistoria no local e adverte sobre os perigos para o conjunto;
1960 - São iniciadas as obras da Avenida do Contorno, cujo projeto previa uma das pistas passando entre o solar e a capela e a outra destruindo o aqueduto e fonte, o que provoca reação da imprensa. Arq. Diógenes Rebouças propõe um traçado alternativo da avenida, ligando o Comércio ao Vale do Canela, que não interferia no solar;
1962/63 - O conjunto é restaurado pelo Gov. do Estado, para sede do M. de Arte Popular da Bahia, sendo o projeto elaborado pela arq. Lina Bo Bardi e aprovado pelo IPHAN. Nesta oportunidade, foi criada escada helicoidal de ligação do 1º com o 2º andar, obra de notável desenho contemporâneo. Na igreja e em alguns pavilhões foi substituído o reboco por "chapiscado", então em voga, por influência do Brutalismo.
Fotos em ALTA RESOLUÇÃO: https://www.flickr.com/photos/ secultba/sets/ 72157649207893694/
Assessoria de Comunicação - IPAC - em 24.03.2015
Jornalista responsável - Geraldo Moniz (DRT-BA 1498)
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