sábado, 18 de outubro de 2014

POESIA SIMPLES

Rosa Maria Vieira de Melo

Como sair triste para fazer exame de sangue e voltar para casa feliz
Pós tudo
Onde tomar um bom café depois do jejum obrigatório. 
Após rápido caminhar, surge uma delicatessen. 
Pedi um café com leite e um misto quente. 
Enquanto esperava sentada em uma mesa passei a observar as pessoas em volta. 
Puro flâneur... o que pediam, quem as acompanhava, seus olhares, o que faziam...eu poderia estar em qualquer lugar do mundo naquela hora...uma boa música, belas canções americanas que você não entende a letra, mas que a melodia traduz na língua mais do que perfeita...tudo isso fez com que eu me colocasse na cena de um filme...e eis que entra o personagem Walter, saído de um filme que assisti ontem à tarde, e sobre o qual estava refletindo enquanto procurava um local para o café. 
Igualzinho na idade, mais ou menos 65 anos, na cor e nos cabelos grisalhos, na postura, e até nos óculos. Parecia conhecer o local. 
Fez o pedido, mas não sentou. 
Comeu e bebeu o suco no balcão. Walter, como o chamei, sem saber, me fez ficar feliz. 
Apenas compreendi como o filme era perfeito...
Vale dizer que o café estava maravilhoso e o misto, com pão francês, especialmente bom. 
Quando levantei, resolvi ir ver o mar de Ondina. 

Atravessei a rua, comprei uma revista, e sentei um pouco, observando o mar em verde e azul, e suas águas translúcidas.
Uma maravilha.
Deu vontade de morar em Ondina.
De volta para casa, dentro do ônibus, li poemas de Rainer Maria Rilke.

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