sexta-feira, 24 de outubro de 2014

PELO TELEFONE


Na quinta-feira passada, recebi uma curiosa chamada de telefone.
- É da Associação Viva Salvador?
-... É.
Na realidade, a dita associação está desativada há pelo menos dois anos.
- Sou Fulana, jornalista. Vi na revista da TAM que vocês promoveram concursos de carros de cafezinhos.
- Bem, desde 1987, já organizei doze concursos. O último foi na gestão do Paulo Costa Lima quando presidente da Fundação Gregório de Mattos, que nós deu o patrocínio indispensável. Porque um evento deste porte precisa de panfletagem, divulgação, premiação para todos os concorrentes ...Imagine: para uns cem participantes são dúzias de garrafas térmicas, quilos de café, açúcar, leite em pó, copos de plástico, mocôs, chocolate...
- Mas como poderíamos reunir os vendedores?
- Como assim? Reunir para quê? Eles trabalham, não têm tempo para se deslocar só para conversar com uma jornalista...
- É que achei interessante vossa proposta para o Domingão do Faustão, da Globo...
- Bem... Então a solução seria a Globo financiar um novo concurso.
Na verdade, com meus atuais problemas de saúde, não estou muito entusiasta desta nova empreitada que requer muito trabalho, além de abominar este falastrão e seu programa popularesco e medíocre. Mas, para evidenciar a cultura popular baiana, tão desprestigiada a não ser quando interesses econômicos ou políticos estão em jogo, até que faria um esforço...
- Mas o programa não patrocina eventos... Entenda que isso daria uma grande visibilidade a seu trabalho!
Ai minha paciência, engavetada há muito tempo, explode!
- De divulgação não preciso, moça. O concurso de carros de cafezinhos já passou no Fantástico, em todos os canais nacionais, mais nas televisões francesa, uruguaia e até japonesa. O Faustão não tem dinheiro para patrocínios?! Mas quando o tal programa coloca propaganda nos intervalos, suponho que esta é paga e muito bem paga! Não? Vocês costumam se aproveitar do trabalho dos outros sem qualquer ônus  Pois para eu organizar um novo concurso, preciso de dez mil reais. Sem contar, neste caso, com meu pró-labore. Passar bem.
Fim da conversa...



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