quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O DILEMA DA BAHIA

por Samuel Celestino


O governador eleito Rui Costa ainda não teve tempo de comemorar a eleição em primeiro turno. Está empenhado na eleição de Dilma Rousseff. A oposição de certo modo também não teve tempo para lágrimas e velas, porque trabalha na campanha de Aécio Neves na Bahia, na expectativa de não permitir que a presidente dispare, vencendo o pleito com uma enxurrada de votos que chegarão da zona rural baiana. Como a Bahia é um estado atrasado e carente, dependerá, como sempre, do governo federal. É nessa questão que Rui se apega porque irá necessitar de ajuda. O estado, por ser grande, com 15 milhões de habitantes, não gera receita para satisfazer a maioria das necessidades de que é carente.

Embora o prefeito de Salvador, ACM Neto, alegue que esteja a realizar obras com recursos oriundos para própria prefeitura, não dá para sustentar a capital porque não se tira leite de pedra. A capital baiana é essencialmente uma cidade que se vale do setor de serviços. O setor industrial daqui passou distante, como, de resto do estado de forma geral. Afora o pólo de Camaçari, nada mais resta a não ser indústrias esparsas, perdidas pelo interior, na medida em que o pólo calçadista que garantia um bom número de empregos desapareceu do estado.

Assim, Rui depende da eleição de Dilma Rousseff e ACM Neto e o agrupamento oposicionista da eleição de Aécio Neves. Esta República sempre foi torta. O governo da união distingue com mais recursos os seus parceiros políticos. Assim é que o governador eleito em primeiro turno ainda não passou a cuidar da formação da sua equipe, nem tem pressa.

Espera-se que prime pela meritocracia e não usar secretarias para acomodar integrantes do PT. Porque isso Jaques Wagner já fez e acabou governando com meia dúzia delas. Ao resto obsequiou o secretário com um gabinete, funcionários e um carro chapa preta, apenas para manter as aparências do poder. Inflacionou o estado com secretarias desnecessárias. A Copa do Mundo foi embora sem deixar saudade, mas, por aqui, ainda cambaleia uma Secopa (secretaria da Copa). Para quê? Perguntem ao bispo.

Assim se ajeitam os estados que não têm as responsabilidades do desenvolvimento como ocorre no Sul/Sudeste. Por essas bandas é preciso reduzir a miséria (o bolsa família apenas impede não morrer de fome) posto que plantar indústrias é assunto morto. Tão cedo não chegarão por aqui enquanto a economia estiver em crise e o setor industrial  - do Brasil - descendo a ladeira, desempregando e perdendo as oportunidades que transformaram este País em emergente. Mas isto foi na década passada, porque a “marolinha” de Lula acabou por chegar em forma de crise, derrubando empregos e o sonho desenvolvimentista que acalentou a perspectiva de levar o Brasil a outro patamar que não este que ora se observa.



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