Por que o Uruguai é o país do ano
para a ‘Economist’ — e por que você deve ir
para lá na primeira chance
O Uruguai foi eleito país do ano pela Economist. É a primeira vez que
a revista faz uma escolha desse tipo. Por quê?
Bem, primeiro porque listas e prêmios, quando bem feitos,
são sempre atraentes. Depois, e principalmente, porque o Uruguai
merece um troféu.
são sempre atraentes. Depois, e principalmente, porque o Uruguai
merece um troféu.
Os editores explicam que consideraram o Sudão do Sul, a Irlanda, a Estônia e a Turquia, entre outros, pelo desempenho econômico. Mas se preocuparam com o fato de um método econométrico
reduzir um triunfo. Há mais coisas que devem ser consideradas.
reduzir um triunfo. Há mais coisas que devem ser consideradas.
E o Uruguai é mais do que isso. Diz a Economist:
As realizações que mais merecem louvor, pensamos, são reformas
pioneiras que não se limitam a melhorar uma única nação, mas que,
se emuladas, podem beneficiar o mundo. O casamento gay é uma
política que ultrapassa fronteiras, aumentando a soma global
de felicidade humana sem nenhum custo financeiro.
pioneiras que não se limitam a melhorar uma única nação, mas que,
se emuladas, podem beneficiar o mundo. O casamento gay é uma
política que ultrapassa fronteiras, aumentando a soma global
de felicidade humana sem nenhum custo financeiro.
Vários países implementaram essa medida em 2013, incluindo o Uruguai,
que também, de maneira pioneira, aprovou uma lei para legalizar
e regulamentar a produção, venda e consumo de cannabis.
que também, de maneira pioneira, aprovou uma lei para legalizar
e regulamentar a produção, venda e consumo de cannabis.
Esta é uma mudança tão obviamente sensata, dificultando a vida
dos bandidos e permitindo que as autoridades se concentrem
em crimes mais graves, que nenhum outro país fez isso.
Se os outros seguirem o exemplo, e outros narcóticos forem
incluídos, o dano que tais drogas causam no mundo seria
drasticamente reduzido.
dos bandidos e permitindo que as autoridades se concentrem
em crimes mais graves, que nenhum outro país fez isso.
Se os outros seguirem o exemplo, e outros narcóticos forem
incluídos, o dano que tais drogas causam no mundo seria
drasticamente reduzido.
Melhor ainda, o homem no topo, o presidente José Mujica,
é admiravelmente modesto. Com franqueza incomum para um político,
ele se referiu à nova lei como uma experiência. Mora em uma casa humilde,
vai para o trabalho dirigindo um Volkswagen e voa de classe econômica.
Modesto e ousado, liberal e divertido, o Uruguai é o nosso país do ano.
¡Felicitaciones!
é admiravelmente modesto. Com franqueza incomum para um político,
ele se referiu à nova lei como uma experiência. Mora em uma casa humilde,
vai para o trabalho dirigindo um Volkswagen e voa de classe econômica.
Modesto e ousado, liberal e divertido, o Uruguai é o nosso país do ano.
¡Felicitaciones!
Pepe Mujica simboliza esse momento. Recusou-se a viver no
palácio presidencial e doa 90% de seu salário para a caridade.
Foi criticado pela aprovação da lei da marijuana.
Um dos críticos mais duros, Raymond Yans, presidente da
Junta Internacional de Entorpecentes da ONU, disse que ela
estava violando normas internacionais e que a reforma
passou sem consulta às Nações Unidas.
palácio presidencial e doa 90% de seu salário para a caridade.
Foi criticado pela aprovação da lei da marijuana.
Um dos críticos mais duros, Raymond Yans, presidente da
Junta Internacional de Entorpecentes da ONU, disse que ela
estava violando normas internacionais e que a reforma
passou sem consulta às Nações Unidas.
Mujica, com seu tipo de dono de mercado de secos e molhados
do interior de Minas Gerais, bateu na medalhinha de Yans:
“Diga a esse velho careta para parar de mentir.
Qualquer um na rua pode me encontrar. Que venha ao Uruguai
e me encontre quando quiser… Ele pensa que, por estar numa
posição internacional, pode falar o que quiser”.
do interior de Minas Gerais, bateu na medalhinha de Yans:
“Diga a esse velho careta para parar de mentir.
Qualquer um na rua pode me encontrar. Que venha ao Uruguai
e me encontre quando quiser… Ele pensa que, por estar numa
posição internacional, pode falar o que quiser”.
Bravo. O Uruguai é cool, mas não à maneira de Nova York,
Londres, Miami, Berlim etc. Não pela ostentação do dinheiro,
pela vida noturna, pelos restaurantes, pelas compras, pelos prédios.
É pelo espírito e pela civilidade. Por parecer um laboratório do
que seria um país bom para se viver.
Londres, Miami, Berlim etc. Não pela ostentação do dinheiro,
pela vida noturna, pelos restaurantes, pelas compras, pelos prédios.
É pelo espírito e pela civilidade. Por parecer um laboratório do
que seria um país bom para se viver.
O número de brasileiros que vai para lá cresceu 13% de 2011 para 2012.
Segundo o ministério do turismo uruguaio, vai aumentar.
Desbancou a França como o terceiro país mais procurado
pelo viajante do Brasil. O turismo relacionado ao consumo de
maconha preocupa. O governo estabeleceu que apenas cidadãos
com registro de residência terão direito aos 40 gramas por mês da lei.
Isso, evidentemente, não deterá ninguém.
Segundo o ministério do turismo uruguaio, vai aumentar.
Desbancou a França como o terceiro país mais procurado
pelo viajante do Brasil. O turismo relacionado ao consumo de
maconha preocupa. O governo estabeleceu que apenas cidadãos
com registro de residência terão direito aos 40 gramas por mês da lei.
Isso, evidentemente, não deterá ninguém.
Há dois anos, estive em Punta del Este. Para além das praias bonitas
de areia branca e fofa, do bairro bonito onde se concentram bares
e restaurantes, do certinho com cara de Guarujá civilizado e da jogatina
nos cassinos, onde meu sobrinho Kid Creole fez a festa, o que realmente
impressionava era a tranquilidade absoluta com que grupos de jovens
pediam carona na beira da estrada. Era como se fosse uma grande
excursão em que todos se conheciam.
O último crime — um furto — ocorrido ali havia sido em 2008.
de areia branca e fofa, do bairro bonito onde se concentram bares
e restaurantes, do certinho com cara de Guarujá civilizado e da jogatina
nos cassinos, onde meu sobrinho Kid Creole fez a festa, o que realmente
impressionava era a tranquilidade absoluta com que grupos de jovens
pediam carona na beira da estrada. Era como se fosse uma grande
excursão em que todos se conheciam.
O último crime — um furto — ocorrido ali havia sido em 2008.
Que a aldeia gaulesa ao sul do continente continue o país do ano
por muito tempo.
Mas sem pressa. “Pelo caminho mais longo a viagem é mais curta”,
gosta de dizer Mujica.
por muito tempo.
Mas sem pressa. “Pelo caminho mais longo a viagem é mais curta”,
gosta de dizer Mujica.
Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação
da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo;
diretor de redação da Viagem e Turismo
e do Guia Quatro Rodas.
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