Fernando Conceição.
"Fui convidado para falar sobre o escritor mais famoso do país e parece que a foca contratada para escrever nas redes sociais não gostou do que ouviu."
Jorge Amado nasceu ruralista, cresceu comunista e morreu carlista.
Soube que ao ouvir a frase acima, uma garota contratada para digitar, just in time e on line, no Facebook ou Twiter do evento, o que dizia os convidados para as mesas de debates do “Jorge+100”, estancou. E pediu socorro a um supervisor do evento.
Queria saber se podia escrever o que acabara de ouvir da boca deste escrevinhador que ali estava dividindo a mesa com Liv Sovik (UFRJ), o poeta Landê Onawale e a mediadora Goli Guerreiro.
“O que faço?” – ela indagou, aos buxixos, com cara de pastel, interrompendo sua obrigação de digitar para a rede social, na cobertura sobre a mesa. “Quem é esse cara para dizer isso de Jorge?”. Soube que o supervisor respondeu para ela colocar entre aspas e reproduzir a fala. Não sei se o fez.
Prossegui considerando uma evolução ele ter passado de ruralista a comunista e depois morrer nos braços do cacique Antonio Carlos Magalhães (por 30 anos o coronel dono da Bahia). Sem jamais ter denunciado as arbitrariedades e violências praticadas, de forma sistêmica, contra aqueles mesmos que ele edulcorou em centenas de páginas de seus romances da primeira fase, a exemplo de Jubiabá, Capitães da Areia, Tenda dos Milagres etc. Antes de se entregar à estereotipia lascívica das Gabrielas, Donas Flores, Terezas Batistas…
E disse mais: se houve no Brasil, no século XX, um romancista com maior lobby para ganhar o Nobel de Literatura, este foi Jorge Amado. Por que o comitê do Nobel não o fez?
Cogitei. Jorge Amado escrevia mal os seus originais, não tinha apuro estético. Até aí morreu néris. Nada que uma boa equipe revisora de copydescagem não resolva. Foi um ideólogo transverso de Gilberto Freyre, escrevendo da Casa-Grande sobre a senzala.
Seu êxito editorial foi turbinado pelo Partidão de Luís Carlos Prestes (“O Cavaleiro da Esperança”). Canalhas daquela facção que jamais publicizou uma autocrítica diante das atrocidades de Stalin reveladas no famoso discurso em 1956 de Nikita Khrushchev.
Concordei com o Fernando Conceição e deixei comentário no blog dele.
ResponderExcluirTambém acho, e sempre achei, o Jorge Amado um blefe literário.
Mas os brasileiros são doidos para criar mitos. E sobre mitos não se abre a boca.
Pra mim ele é o Sidney Sheldon da literatura brasileira,em gênero, estilo e marketing.