domingo, 15 de dezembro de 2013

CONCORDANDO COM ANA

Urbanista critica grandes obras viárias
 em Salvador

A urbanista Ana Fernandes, professora da Universidade Federal da Bahia, não poupou críticas às últimas e futuras grandes obras viárias de Salvador em entrevista ao programa “Se Liga Bocão”, da Itapoan FM, na noite desta sexta (13). Especificamente, a arquiteta disparou canhões contra a Via Expressa, a futura Linha Viva e a Ponte Salvador-Itaparica.
Para a professora, o pensamento de que investir em grandes intervenções viárias remete aos anos 70 e que toda a modernidade urbana reside em privilegiar estilos mais simples de deslocamento, a exemplo de andar a pé, bicicleta e outras ações. “[Esta ideia] não pensa nos moradores, em tornar a cidade mais agradável para os moradores e visitantes. Não pensa em uma economia mais vinculada a atividades que podem ser culturais, que hoje são atividades que levam à frente muitas cidades no mundo”, analisou.
Um exemplo da falta de pensamento progressista é a forma como a Via Expressa foi construída, na opinião da urbanista. Ana Fernandes cita “corte brutal” na Estrada da Rainha e também o cemitério na Baixa de Quintas, que foi dividido para que o conjunto de intervenções acontecesse. “Quem olha aquele paredão se depara com uma massa de concreto e se pergunta ‘meu Deus, que mundo é esse que estão construindo em 2013?’”, lamentou Ana Fernandes.
Uma causa do problema foi apontada pela entrevistada: o esvaziamento do serviço público. No passado, quando os grandes cérebros da nação estavam a serviço do desenvolvimento do país dentro das repartições, experiências exitosas foram montadas. Entretanto, com o tempo, a ideia do estado mínimo dominou os governos e o serviço público foi sucateado. Desta maneira, a confecção de projetos foi dada a empresas privadas, que guardam a si mesmas muita liberdade para intervir nas cidades.
“Hoje estes projetos são contratados junto a grandes consultorias. Hoje, muitas delas têm muita liberdade para fazer o que elas bem entendem. Quando não, são projetos dados de presente. E é evidente que eles trazem uma série de interesses vinculados à sua realização”, revelou. Para Ana Fernandes, o poder público tem o desafio de voltar a ser protagonista da direção das cidades e, especialmente, promover um grande debate social para isto.

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