Um peixe prateado, uma listra verde-escuro ao longo do dorso, uns vinte centímetros de comprimento, morreu ao meu lado, no Porto da Barra.
Nadava numa manhã nublada, de mar parado, liso, flat – como dizem os surfistas -, quando me deparei com o peixinho agonizante, estrebuchando, arfando boquiaberto, desesperadamente tentando encontrar um oxigênio que parecia não existir nem na água nem no ar.
Contorcia-se convulsamente, compulsivamente, com se esporadicamente acometido por choques elétricos; boiava de cabeça para baixo à flor d’água.
Observei calmamente sua agonia.
Não poderia ajudá-lo.
Seu tempo simplesmente havia acabado.
O meu prosseguirá ainda, aparentemente; e provavelmente contarei com ajuda mortal.
Mas, em todo caso, morrer é banal.
Marcos A. P. Ribeiro
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