sábado, 17 de agosto de 2013

A BAHIA ÁS BARATAS

 Por Vitor Hugo Soares

Na foto: Painel de Siron Franco ainda com algumas peças
Dois fatos emblemáticos, dos tempos temerários que atravessamos, levaram a Bahia, tristemente, esta semana, ao noticiário nacional. Tudo com direito a repercussões externas de causar vergonha e indignação a gregos e baianos. Mesmo quando quase nada mais é capaz de envergonhar ou indignar pessoas o
u sociedades.

Governos e políticos então, nem se fala, a concluir pela omissão diante do sumiço de Amarildo, no Rio de Janeiro, ou o massacre monstruoso de civís no Egito.

O primeiro caso é o espantoso furto, impune e continuado, durante 11 anos, de todas as 454 peças, uma a uma, que compunham o esplendido painel concebido e montado por Siron Franco, na encosta de um morro na área do Dique do Tororó (belo e e do mais visitados pontos turísticos de Salvador).

Um presente precioso, ofertado pelo consagrado artista plástico goiano, quando das comemoração dos 454 anos de fundação da cidade, em 2002.

O segundo caso, que levou o Estado e a sua capital às manchetes, foi o assassinato, frio e cruel, da jornalista e servidora da Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom), Selma Barbosa, na noite de domingo passado. A coordenadora do Laboratório de Vídeos da Facom foi morta quando parou o automóvel que dirigia, para deixar em casa, no bairro Costa Azul, uma amiga e colega com quem passara o dia estudando, para um trabalho acadêmico de mestrado.

Enquanto a amiga fechava o portão do prédio, o carro de Selma foi “fechado” por um automóvel com dois bandidos em fuga da polícia. Os dois desceram e um deles, com revolver em punho, se aproximou da janela do carro da servidora pública e disparou à queima-roupa. Toda a cena foi registrada por uma câmera instalada no prédio em frente ao local do crime.

Depois, os bandidos roubaram objetos pessoais, arrancaram Selma do interior do automóvel e deixaram o corpo sem vida estirado na pista de tráfego, para em seguida continuar na fuga usando um novo automóvel. E praticando novos assaltos.

“Quando eu entrei no portão, que eu me virei para fechar o portão, ele já estava atirando nela. Eu acho que ela nem viu direito. Não escutei ela gritar, não escutei nada. Eu só ouvi os tiros. Até agora eu não acredito”

A declaração é da amiga de Selma - ela preferiu não se identificar, tomada ainda pelo pânico e a insegurança - feita à TV Bahia (afiliada da Rede Globo), no dia seguinte à barbaridade. A também servidora pública fala enquanto a sua imagem é mantida sob sombras. Medo, abandono, revolta e impotência registrados em uma cena só.

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