Quem necessita do SUS
não pode ter emprego.
Para marcar uma consulta, caso já tenha a Guia, vai ao Posto.
Pega a fila, normalmente enorme, debaixo de chuva ou sol. Não há nenhum cuidado
com essa camada da população: as pessoas
ficam ao relento.
Chegando ao guichê, o atendente recebe a guia e vai buscar,
via computador, profissionais para atender a solicitação.
Normalmente a resposta é negativa: Não há vaga.
Volte mais
tarde ou amanhã.
Passei um ano buscando um cardiologista. Quando consegui
vaga, ele me pediu três exames, quais sejam: ECG, RX do tórax e hemograma. Fazer
os exames é uma nova luta. Depois dos exames prontos, uma surpresa: para
retornar ao profissional temos que amargar a fila novamente.
Primeiro, temos
que conseguir a Guia para o retorno. Ela deve ser fornecida por um clínico
geral (informação recebida por mim). Se conseguirmos marcar o clínico e obtiver
a guia, outra fila para marcar o cardiologista.
Mais um ano? Os exames não
servirão mais, caducaram. Não consegui retornar ao cardiologista.
Outro
problema: a marcação do retorno dá-se somente em alguns Postos.
Tenho experiência com um otorrino. Depois de conseguir o
otorrino e fazer os exames solicitados por ele, nunca pude levar os exames de
volta. Os Postos nos quais eu poderia marcar seriam Cosme de farias, Carlos Gomes,
Itapoan, Cajazeiras. Moro em Brotas. Por que não posso marcar no Posto mais
próximo de minha casa?
Situação complicada para idosos que têm dificuldade de
se movimentar. Fui ao Posto da Carlos Gomes e depois de uma hora e meia de fila
me informaram que não estavam marcando retorno. Nunca pude levar os exames de
volta ao médico.
Antigamente havia profissionais de plantão nos Postos de
Saúde. Eles atendiam a população nas simples emergências. Se acordássemos com
algum mal-estar, pressão alta, crise de sinusite, etc., corríamos até o Posto
de Saúde e éramos atendidos. Acabaram com isso.
Postos de saúde tornaram-se
Clínicas. Hoje temos que nos servir das emergências dos hospitais superlotados.
Temos que disputar atendimento com aqueles que passaram a noite levando tiros
ou facadas. Claro que não seremos atendidos.
Resolveram construir as chamadas UPA, que existem em poucos
bairros, sempre superlotadas. Portanto, o melhor é não precisar de médicos
porque, quem depender do SUS, vai continuar passando mal.
CECÍLIA VIEIRA DE MELO
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