Presidente licenciado da Eletronuclear recebeu R$ 4,5 mi em propina, diz MPF
O presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso nesta terça-feira (28), recebeu R$ 4,5 milhões em propinas pagas por empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato, segundo o procurador da República Athayde Ribeiro Costa. A declaração foi feita durante entrevista coletiva realizada em Curitiba após a deflagração da 16ª fase da operação Lava Jato.
A 16ª fase da operação nesta terça-feira teve como foco os contratos entre a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, para as obras da usina de Angra 3, no Rio de Janeiro. A PF investiga as suspeitas de formação de cartel, pagamento de propina para agentes públicos e superfaturamento das obras.
Nesta terça-feira estão sendo cumpridos 30 mandados judiciais, sendo dois de prisão temporária (com duração de cinco dias), 23 de busca e apreensão e cinco de condução coercitiva, em que pessoas são levadas a prestar depoimento e podem ser posteriormente liberadas.
Segundo Athayde Ribeiro da Costa, os pagamentos de propinas a Othon Luiz foram feitos pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix. Ainda segundo o procurador, os pagamentos eram feitos por meio de uma empresa chamada de "intermediária" conhecida como Aratec, que segundo a Polícia Federal, pertencia a Othon Luiz. Além de Othon Luiz, o executivo da Andrade Gutierrez Flávio David Barra também foi preso.
De acordo com o procurador, há evidências de que as propinas foram pagas até dezembro de 2014, quando executivos de empreiteiras ligadas à operação Lava Jato já haviam sido presos. "Isso mostra que a corrupção no Brasil é endêmica e que está em metástase", disse o procurador.
Segundo o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula, que também participou da entrevista coletiva, as empresas cujos contratos com a Eletronuclear estão sob investigação na 16ª fase da operação são Andrade Gutierrez, Camargo CorrÊa, UTC, Techint, Odebrecht, EBE (Empresa Brasileira de Engenharia) e Engevix.
O procurador Athayde Ribeiro afirmou que as investigações da operação Lava Jato indicam que a corrupção não estaria apenas na Petrobras. "A corrupção não está restrita à Petrobras. Há indicativos de que a corrupção se espalhou por outros órgãos da administração pública", afirmou.
Segundo a PF, Othon Luiz e Flávio Barra deverão ser levados a Curitiba ainda nesta terça, onde estão os outros presos da operação Lava Jato.
Em março deste ano, o ex-presidente da empreiteira Camargo Correa Dalton Avancini disse que ter informações sobre o pagamento de propinas a dirigentes da Eletronuclear. As informações foram repassadas por Avancini em sua delação premiada à Justiça Federal. Ainda de acordo com o executivo, os pagamentos seriam referentes às obras de Angra 3.
Até o final de 2014, as empreiteiras da operação Lava Jato tinham contratos avaliados em R$ 6,2 bilhões com empresas estatais do setor elétrico.
Outro lado
A Andrade Gutierrez, que teve um de seus executivos preso nesta terça-feira, disse por meio de nota à imprensa que está "acompanhando a 16ª fase da Operação Lava Jato" e que "seus advogados estão analisando os termos desta ação da Polícia Federal para se pronunciar".
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