Ricardo Noblat
Lula e Fernando Henrique, São Paulo, 1980 (Foto: Juca Martins)
Deve ser tal o desespero de Lula com a situação de Dilma e do
seu governo que ele passou a admitir que seria uma boa reunir-se com Fernando Henrique Cardoso para uma troca de ideias. A admitir, não, a desejar o encontro.
Uma vez que seu desejo vazou para a imprensa, Lula recuou. Foi além: passou a negar que tivesse autorizado amigos a avaliarem a disposição de Fernando Henrique em recebê-lo. Mas autorizou, sim. Os dois já foram bons amigos.
Nos anos 80 do século passado, quando Fernando Henrique se candidatou ao Senado, Lula se exibiu ao lado dele como seu cabo eleitoral. Participou da campanha. Distribuiu panfletos com a foto de Fernando Henrique. Pediu votos para elegê-lo.
Uma vez eleito em 2002, Lula se deixou ajudar por Fernando Henrique junto a organismos econômicos internacionais e a investidores preocupados com o que pudesse vir a acontecer com o Brasil. Fernando Henrique foi o avalista de Lula lá fora.
Ninguém sabe ao certo o que levou Lula a se tornar um duro adversário de Fernando Henrique. Nos seus dois mandatos, ele não perdeu uma só chance de criticá-lo de maneira, muitas vezes, impiedosa, cruel e grosseira.
O que ele agora poderia querer se encontrando com Fernando Henrique? Obter dele a garantia de que o PSDB não pesará a mão para provocar o impeachment de Dilma? Convidar o PSDB para ser parceiro do PT no poder? Ou apenas relembrar os velhos tempos?
Jamais saberemos. Não seria absurdo imaginar que Lula talvez pretendesse garantir que nada lhe aconteceria de constrangedor caso a oposição desalojasse o PT do poder em 2018. Mais do que isso Fernando Henrique não poderia lhe garantir. Talvez nem isso.
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