Lava Jato. Presidente da Odebrecht acusado de corrupção
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Ministério Público brasileiro avançou com acção contra Marcelo Odebrecht e outros doze suspeitos de corrupção e branqueamento de capitais
O presidente da construtora brasileira Odebrecht está preso preventivamente desde dia 19 de Junho, mas só esta terça-ao final da noite - em Lisboa - é que a justiça brasileira o acusou formalmente. Marcelo Odebrecht foi constituído arguido e está a ser investigado por suspeitas de corrupção, organização criminosa e branqueamento de capitais, depois de o Ministério Público Federal ter recebido várias denúncias que implicavam o empresário e outros executivos com ligações àquela que é a maior construtora do país.
"Marcelo Bahia Odebrecht seria o presidente da holding do Grupo Odebrecht e estaria envolvido directamente na prática dos crimes, orientado a actuação económica dos demais, o que estaria evidenciado principalmente por mensagens a eles dirigidas e anotações pessoaos, apreendidas no curso das investigações", afirmou o juíz responsável pelo caso, Sérgio Moro, citado pela imprensa brasileira.
A empresa nega, oficialmente, qualquer envolvimento com o cartel que actuava com a Petrobras. A operação Lava Jato teve início em Março do ano passado e investiga um esquema milionário de lavagem de dinheiro que envolve a Petrobras. O esquema funcionava da seguinte forma: vários dirigentes da Petrobras direccionavam os contratos da petrolífera para diferentes construtoras, mediante uma quantia acordada entre ambos. O núcleo económico do esquema sobrefacturava as obras, desviando parte do valor inflacionado para subornos. Esse dinheiro chegava então a um núcleo financeiro que, por seu lado, o fazia chegar aos empresários e a políticos. Esses políticos garantiam que os directores da Petrobras eram indicados pelos partidos envolvidos no esquema, de forma a terem a certeza de que ele não era descoberto. Em troca recebiam uma percentagem da operação.
Só que a teia parece ser mais longa que a petrolífera estatal. Documentos apreendidos durante as investigações puseram à vista a relação próxima que Lula da Silva tinha com directores e administradores de algumas das maiores empresas de construção do país. Lula – cujo nome de código utilizado pelos executivos da OASEngenharia, por exemplo, era Brahma (curiosamente, o nome de uma das mais consumidas cervejas brasileiras) – fez várias viagens a convite de empresas e por diversas vezes defendeu publicamente a existência de “interesses financeiros”. Enquanto presidente do Brasil, Lula chegou mesmo a levar empresários nas comitivas governamentais, em viagens pelo estrangeiro. Aliás, ainda durante o seu governo, o petista (membro do Partido dos Trabalhadores) pediu à Odebrecht ajuda para que o Corinthians – um dos maiores clubes de futebol de São Paulo – construísse o seu estádio.
Odebrecht investigada em Portugal
Remonta a Janeiro a informação de que o procurador Rosário Teixeira e a equipa da Autoridade Tributária estão a investigar as relações de José Sócrates com a Odebrecht no âmbito da Operação Marquês. A notícia, avançada pelo i, explicava o porquê: por exemplo, os brasileiros da Odebrecht são os donos da Bento Pedroso Construções, empreiteira que integrou uma série de consórcios vencedores de obras públicas durante os anos em que José Sócrates foi primeiro-ministro. A Bento Pedroso Construções – que só em 2013 passou a chamar-se Odebrecht Portugal, mas já era propriedade dos brasileiros há mais de 20 anos – integrava, por exemplo, o Consórcio Elos, vencedor da construção do troço de TGV entre Poceirão e Caia. Deste consórcio também fazia parte o grupo Lena, no qual foi administrador Carlos Santos Silva – amigo suspeito de ser testa-de-ferro de Sócrates.
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