terça-feira, 5 de maio de 2015

A BARONESA

Marta Suplicy. O PT perde a sua baronesa (literalmente)

Marta Suplicy (à direita), na abertura de uma exposição de Carlinhos Brown, com Dilma (à esquerda)
Marta Suplicy (à direita), na abertura de uma exposição de Carlinhos Brown, com Dilma (à esquerda)Fotografia © REUTERS/Ueslei Marcelino
Depois de 33 anos, a descendente de Afonso Henriques abandona o partido de Lula e Dilma para concorrer pela oposição a São Paulo nas municipais de 2016.
Marta Suplicy abandonou há dias o Partido dos Trabalhadores (PT), após 33 anos de fértil carreira política na formação. Os motivos, segundo a própria, são os mais nobres possíveis: "Porque o PT se afastou dos princípios éticos." O PT vê na sua atitude um gesto indigno: "Sofre de personalismo desmedido." A realidade estará algures no meio: Marta, 70 anos, quer trocar de partido porque tem a obsessão de concorrer à câmara da sua cidade, São Paulo, nas municipais de 2016 e o PT vai apoiar o atual prefeito Fernando Haddad.
E quem é Marta Teresa Smith de Vasconcellos, mais tarde Suplicy por casamento? Filha de um industrial e trineta do primeiro barão de Vasconcellos, descendente, por sua vez, de nada menos do que Dom Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, torna-se conhecida do público nos anos 1980 quando, na qualidade de sexóloga, coapresenta com Marília Gabriela o programa TV Mulher, na Globo. Num Brasil ainda sob ditadura militar, conservador e machista, Marta choca ao abordar no ar questões como o orgasmo feminino.
Choca mas também encanta as mulheres das oprimidas periferias brasileiras, que a veem como uma libertária. Crítica do regime militar na juventude, liberal nos costumes, elo de ligação entre o "povão" e as classes altas da estratificada sociedade brasileira e casada desde 1964 com o respeitado senador petista Eduardo Suplicy, Marta é escolhida por Lula de Silva como candidata a São Paulo em 2000. E ganha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails