Marta Suplicy. O PT perde a sua baronesa (literalmente)
Marta Suplicy (à direita), na abertura de uma exposição de Carlinhos Brown, com Dilma (à esquerda)Fotografia © REUTERS/Ueslei Marcelino
Depois de 33 anos, a descendente de Afonso Henriques abandona o partido de Lula e Dilma para concorrer pela oposição a São Paulo nas municipais de 2016.
Marta Suplicy abandonou há dias o Partido dos Trabalhadores (PT), após 33 anos de fértil carreira política na formação. Os motivos, segundo a própria, são os mais nobres possíveis: "Porque o PT se afastou dos princípios éticos." O PT vê na sua atitude um gesto indigno: "Sofre de personalismo desmedido." A realidade estará algures no meio: Marta, 70 anos, quer trocar de partido porque tem a obsessão de concorrer à câmara da sua cidade, São Paulo, nas municipais de 2016 e o PT vai apoiar o atual prefeito Fernando Haddad.
E quem é Marta Teresa Smith de Vasconcellos, mais tarde Suplicy por casamento? Filha de um industrial e trineta do primeiro barão de Vasconcellos, descendente, por sua vez, de nada menos do que Dom Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, torna-se conhecida do público nos anos 1980 quando, na qualidade de sexóloga, coapresenta com Marília Gabriela o programa TV Mulher, na Globo. Num Brasil ainda sob ditadura militar, conservador e machista, Marta choca ao abordar no ar questões como o orgasmo feminino.
Choca mas também encanta as mulheres das oprimidas periferias brasileiras, que a veem como uma libertária. Crítica do regime militar na juventude, liberal nos costumes, elo de ligação entre o "povão" e as classes altas da estratificada sociedade brasileira e casada desde 1964 com o respeitado senador petista Eduardo Suplicy, Marta é escolhida por Lula de Silva como candidata a São Paulo em 2000. E ganha.
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