terça-feira, 13 de janeiro de 2015

UMA NOVA PÁGINA POLÍTICA?

Deputado novato faz processo seletivo para assessor

Sérgio Majeski analisa currículos para preencher vagas no gabinete

O deputado diplomado Sérgio Majeski (PSDB) inovou na maneira de escolher funcionários para seu gabinete. Abriu um processo seletivo, por meio do qual os interessados enviariam currículos e passariam por entrevistas. Apareceram mais de 140 candidatos aos empregos.

Em vez de cabos eleitorais, Majeski optou por contratar uma empresa para selecionar seus futuros assessores com base no perfil técnico

O método é surpreendente porque, tradicionalmente, políticos preenchem seus gabinetes com apadrinhados ou gente que negociou apoios eleitorais em troca da vaga. A prática virou regra não escrita e o ponto fora da curva é quem não a segue. 

Em vez de preencher o gabinete com os 18 funcionários a que tem direito, Majeski escolherá 11. Apenas um será designado diretamente, sem passar pelo processo seletivo. As entrevistas começaram na última terça-feira e terminam amanhã.

O anúncio de emprego foi postado na página do professor e deputado no Facebook. Foram exigidos conhecimentos específicos em educação, meio ambiente e direito, para algumas funções. “Para informação, perguntaremos se o candidato tem ideologia partidária. Desde que não seja ‘petista doente’, não tem problema. Se for profissional gabaritado, poderá ser contratado”, diz.

A seleção está sendo feita pela empresa de um amigo do deputado. Majeski não olhou os currículos e não participa das entrevistas para que “não pese a questão emotiva ou qualquer tipo de personalismo e que tudo ocorra dentro dos parâmetros da igualdade, justiça, profissionalismo e transparência”.

“Busco profissionais altamente capacitados. Não me interessam cabos eleitorais para a próxima eleição. Quero fazer gabinete com profissionais eficientes e que abracem as causas. Qualquer pessoa que se encaixasse nas exigências poderia enviar currículos”, conta.

Uma das razões que livra o novato da pressão de nomear apadrinhados é o tipo de campanha que fez. Em vez de ir às ruas fazer corpo a corpo e espalhar faixas e placas, focou nas redes sociais, junto a alunos e ex-alunos. Gastou R$ 18 mil. Gastos de outros deputados superaram os R$ 650 mil.

Evangélicos e “rival” na equipe do padre

A escolha dos funcionários do gabinete do deputado estreante padre Honório de Siqueira (PT) também foi pouco usual. Para auxiliar no mandato, ele criou conselhos municipais em 25 cidades, com 12 pessoas cada. De cada um deles, quatro são escolhidas para representar as regiões num conselho estadual. Além de aconselhamentos temáticos, o conselho escolheu 16 dos 18 funcionários do gabinete. Os outros dois foram apresentados pessoalmente pelo petista.

Foto: Divulgação
Um dos assessores do padre Honório não votou nele
“Tenho que ter muito cuidado no mandato. Por eu ser padre, as pessoas vão me cobrar muito. É como fiz nas paróquias: tudo é definido por assembleias e por conselhos. Não posso tomar as decisões sozinho”, explicou.

O padre não interferiu na escolha dos funcionários. Só após as definições do conselho conheceu quem o assessorará no gabinete. “Existem pessoas do partido e de outro partido. Há católicos e evangélicos. É para termos visão mais descentralizada. Isso enriquece”, diz.

Entre os funcionários há, inclusive, quem não votou nele. É o caso de Wagner Cabral. Fez campanha para outro petista que não foi eleito. “Conheci o padre há alguns anos porque participamos de movimentos sociais, mas nossa primeira conversa foi só depois da minha escolha para ser funcionário dele. Nem me via como assessor de ninguém, já que o candidato para o qual fiz campanha perdeu a eleição”, conta.

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