Fantasma cercado: decadente, o Aeroclube da Boca do Rio, em Salvador, está cercado de tapumes e vive seus últimos dias Correio da Bahia
Inaugurado em 21 de outubro de 1999 com a promessa de ser o maior centro de lazer da América Latina da época, o Shopping Aeroclube, na Boca do Rio, agoniza.
Aeroclube está cercado de tapumes e pedido de demolição já foi realizado. Previsão é de que outro shopping seja erguido no local em dois anos (Foto: Mauro Akin Nassor)
Decadente, o edifício está cercado de tapumes desde a semana passada e vive seus últimos dias. Segundo o Consórcio Parques Urbanos, proprietário do empreendimento, o pedido de demolição já foi feito e depende só de aprovação da prefeitura. O consórcio ainda informa que o projeto para o novo empreendimento será apresentado ainda esta semana à prefeitura e ao Ministério Público (MP).
Segundo o secretário da Casa Civil, Albérico Mascarenhas, a questão está sendo discutida com o MP. “O processo foi judicializado, não conseguimos resolver ainda”, diz Mascarenhas. O MP considera ilegal a extensão da concessão do espaço até 2056, aprovada em dezembro do ano passado pela Câmara, e pede a comprovação da viabilidade dos investimentos prometidos como contrapartida, na ordem dos R$ 84 milhões.
Segundo Albérico, a procuradoria do município está fazendo uma minuta para que haja um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre Aeroclube, município e MP. A expectativa de Albérico é que até o final do mês, o acordo seja assinado. Ainda segundo Albérico, um novo shopping será construído no prazo de 2 anos a partir do acordo. Será um empreendimento todo fechado, com foco em lojas de serviços e de moda (roupas, sapatos, acessórios).
Construído em 1999 como o maior centro de lazer da América Latina, hoje o Aeroclube parece uma cidade fantasma, com prédios totalmente abandonados, mato e insegurança (Foto: Mauro Akin Nassor)
A assessoria do MP informou que a promotora Rita Tourinho, responsável pelo caso, está de férias, e não localizou nenhum representante do órgão para falar sobre o assunto.
Atualmente, poucos clientes transitam pelo shopping, entre quiosques destelhados, lojas sem fachadas, restos de construção e matos. O shopping chegou a ser um dos centros comerciais mais badalados de Salvador, com 140 lojas e cerca de dois mil funcionários. Passavam por lá cerca de 25 mil pessoas por dia. Os lojistas dizem que hoje esse número não passa de 200 pessoas.
Segundo a presidente da Associação de Lojistas do Aeroclube, Genilda Macedo, os lojistas que ainda trabalham no local estão desfazendo seu contrato com o consórcio . “Hoje tem uns 12 a 15 sobreviventes, já fazendo os destratos e ainda tem umas oito ou dez lojas funcionando”, disse ela, que em novembro do ano passado fechou sua loja, a Look Store. Segundo o consórcio, o desejo é que estes permaneçam para o novo empreendimento. Há ainda a falta de segurança.
Segundo o morador da Boca do Rio Márcio Luiz França de Queiroz, 40 anos, os assaltos são frequentes nos fundos do Aeroclube. “São pessoas que fazem cooper, alunos das escolas públicas, gente que volta ou que está indo para o trabalho, são vítimas de grupos de adolescentes que aproveitam que o local é deserto”, conta.
De acordo com ele, os assaltos acontecem entre as 8h e 9h e 18h e 19h.O subcomandante da 39ª CIPM, capitão Josian Barbosa, disse que das 5h às 10h duas motocicletas do Esquadrão Águia ficam nos fundos do centro comercial.
Das 18h às 23h funciona no local um posto da operação CTS (Corredor Turístico de Salvador), além do policiamento diário de uma dupla de policiais de bicicleta e uma viatura entre o Aeroclube e a antiga sede de praia do Bahia.
Comentário do blogueiro
O nome RIQUE é, na Bahia, frequentemente associado a projetos ambiciosos, mal elaborados, que acabam - quando foram começados - no desastre aqui descrito. No caso deste triste Aeroclube, a bicicleta Lídice-Leonelli tem uma responsabilidade histórica
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