Nossa Presidente quer um “pibão” para 2013. Ótimo. Nós, pequenos e médios empresários,
também queremos. Estou falando em nome dos pequenos e médios empresários porque, como se vê no dinamismo da economia alemã, creio que somos o coração do
crescimento de um pais. As grandes empresas, na maioria dos casos, não têm
muito mais para onde crescer e buscam principalmente eficiência através de
redução de custos ou absorvem competidores menores para manter ou aumentar suas
fatias de mercado. Pelo contrario, num país aonde se favorece este segmento da
economia privada, as pequenas e medias empresas mostram taxa de crescimento
acima de 10%, principalmente através do investimento produtivo.
Nesse ponto de vista, o governo Dilma merece elogios
por ter conseguido o rebaixamento das taxas de juros. O retorno do capital
produtivo não pode ser inferior ao retorno do capital financeiro como se
observava na maior parte da década anterior. Mas mesmo com taxa de juro menor, Pibão não se decrete, especialmente numa
economia liberal como o Brasil. Infelizmente, hoje, o Brasil não oferece as
condições adequadas para as pequenas e medias empresas contratar mais
funcionários e investir na sua cadeia produtiva. Primeiro, a complexidade do
sistema tributário chega a um nível de absurdo que obriga qualquer empresa a
pagar contador e advogado valores que não criam nada para o país. Quem já
analisou um balancete sabe dos inumeráveis impostos e taxas que se pagam no
ano: iss, icms, pis, cofins, irpj, iof, iptu, laudêmio, iptu, taxa de esgosto,
csll, taxa de icendio, itiv, tff, tvl etc... além dos impostos embutidos nas
compras de qualquer produto e serviço. Não sou contra um nível de imposto
substancial para pagar o custo dum modelo de sociedade justo e equilibrado, mas
na medida em que seja compatível com esse modelo. Pelo contrário, a pobreza das infraestruturas do país, sejam de transporte publico, de segurança publica,
de saúde e de educação, leva os empresários a enfrentar, além das taxas
exorbitantes, custos altos para oferecer as seus funcionários um plano de saúde
decente, para pagar cursos para formá-los, para proteger seus equipamentos com
segurança privada e para transportar seus produtos e serviços até os seus
clientes.
Sabemos dos esforços recentes do governo federal para
baixar alguns impostos e reduzir o custo da energia. Infelizmente, vários estados,
inclusive o Estado da Bahia, já compensaram a perda de receita tributaria
elevando outros impostos ou criando novas taxas. O que se deve entender é que para
investir, as empresas precisam não só de uma taxa de retorno adequada, mas
também de visibilidade a meio e longo prazo. Esta visibilidade exige um
ambiente de trabalho seguro e estável, aonde não se criam a toda hora medidas
provisórias, leis e impostos novos. O prazo saudável de um investimento vai de
quatro a dez anos. Num ambiente caótico, pelo contrario, a maioria dos
empresários busca um retorno em dois anos, o que só se pode conseguir com uma
margem de lucro abusiva, e caso não seja alcançável, os levará a desistir de
investir.
Quando criei minha empresa anos atrás, um amigo meu me
avisou que no Brasil, um empresário deve trabalhar muito para ganhar pouco. Não tenho a ambição de ganhar muito e creio que seja o caso da maioria dos meus correlegionários. Temos, sim, o desejo de ganhar bem, assim como nossos
funcionários, e de ver nossas empresas crescer a cada ano, sem sofrer da
precariedade e da imprevisibilidade de um ambiente econômico, jurídico, social
e ecológico que representam o verdadeiro freio ao investimento. O Brasil do
futuro não vai se construir exclusivamente a partir dos campeões nacionais que
são a Petrobras, a Vale do Rio e a Embraer, mas também com o dinamismo das pequenas e medias empresas que hoje lutam todos os dias para sua sobrevivência.
Uma última palavra: eu não pertenço a nenhum partido
politico, e creio que qualquer governo precisa de tempo para mudar a sociedade
na sua profundeza. Só não quero passar esse final de ano me perguntando se em
2013 eu devo preservar parte do meu capital de giro para enfrentar custos e
taxas imprevisíveis ou se eu posso investir no futuro do meu projeto, dos meus
funcionários e no destino do país.
BERNARD
ATTAL
battal1@mac.com
Criador
do Trapiche Pequeno, o Centro de Economia Criativa da Bahia.
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