quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

BOLHA IMOBILIÁRIA EM SALVADOR


Professor Ángelo Serpa chama à atenção para riscos de bolha imobiliária em Salvador


Foto: Darío Guimarães

O professor de geografia humana da Universidade Federal da Bahia, Angelo Serpa, chamou à atenção em artigo nesta quarta-feira (26) sobre o risco de bolha imobiliária em Salvador. Segundo o também doutor em planejamento urbanístico e ambiental, a política de redução de juros e os financiamentos cada vez mais longos refletem a alta de preços em todo o país, e particularmente na capital baiana, que também produz um mercado de imóveis de investimentos. “No Brasil, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aventa a possibilidade de existência de bolha imobiliária que pode estourar caso as taxas de juros se elevem”, afirmou.

O professor pontuou as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo como as que sofreram maior alta, entre janeiro de 2008 e fevereiro de 2012, com 165% e 132%, respectivamente, mas considerou que Salvador também é afetada com a alta do setor. “O boom imobiliário em Salvador baseia-se também na produção de imóveis como investimentos”, disse e acrescentou: “poderíamos estar construindo ‘cidades fantasmas’, com imóveis administrados por fundos imobiliários e muitas vezes sem ocupante algum”, analisou em artigo no A Tarde. O professor informa que em alguns pontos da cidade, a valorização chegou a 100% nos últimos quatros anos, como no bairro de Patamares, conseqüência, segundo ele, de uma articulação entre o sistema financeiro e o mercado imobiliário, como ocorre em outras cidades do Brasil.

Serpa acrescenta que outro indício é o crescimento dos fundos de investimento imobiliários. “Com cotas negociadas na Bovespa [Bolsa de Valores de São Paulo], esses fundos têm perfil de renda fixa, mas com características de renda variável, e são isentos de imposto de renda”, certificou. Porém a iniciativa em fundos coloca precauções. “Pode-se investir em fundos imobiliários, mas esse tipo de aplicação também oferece riscos, como vacância e desvalorização dos imóveis e inadimplência de aluguel”, declarou.

Por fim, o docente advertiu para o perigo da “bolha” sobre o espaço urbano e na qualidade de vida das pessoas. “A questão é se não estaríamos também sujeitos ao risco de uma bolha imobiliária, esvaziando de sentido (e vida!) a produção do espaço urbano em Salvador e outras cidades brasileiras”, concluiu.  
 

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